Desforra com arte de Falcao


Falcao voltou a ser o herói do F. C. Porto. Mais um golo no registo e uma assistência para Varela. Um caso sério que ajudou o dragão a desforrar-se da Naval (3-1), a última equipa a vencer os azuis e brancos no campeonato.


No futebol, como na vida, não há nada como uma boa desforra para confortar o ego. O F. C. Porto andou dez meses asfixiado, dez meses a remoer aquela derrota com a Naval, em Novembro do ano passado, a última dos portistas no campeonato. Esperou até ontem para, finalmente, desferir uma reguada castigadora na equipa da Figueira da Foz e aniquilar um fantasma que teimava em povoar a mente. Talvez tenha sido o melhor consolo para os azuis e brancos, numa exibição morna, em ritmos baixos, mas suficiente para produzir um resultado justo e confortável.


Mas o futebol também não deixa de ser perverso. A semana foi fértil em novos episódios sobre a novela à volta de Kléber, ponta-de-lança do Cruzeiro que preencheu as atenções dos dragões e, entretanto, caiu para segundo plano. O futebol é perverso, porque, a cada jogo que passa, percebe-se que os azuis e brancos têm um avançado que se revela um autêntico matador de área. Falcao marcou pela terceira vez na Liga, e pela terceira vez consecutiva. Um tiro bem colocado na área, a passe de Mariano, depois de um cruzamento de Varela (mais um belo jogo), prometia um desafio de nota máxima. Corria o madrugador minuto oito, pairava a ideia de que o tetracampeão nacional teria um encontro fácil. Pensar por antecipação é um erro. No último jogo da Naval, o treinador Ulisses Morais tinha tecido duras críticas à actuação dos jogadores e o discurso disciplinador teve resultados práticos. A equipa da Figueira da Foz não se mostrou inconformada, procurou o golo do empate, deslizou pelos flancos e soube colocar à prova o nervoso guarda-redes Helton. O brasileiro falhou num cruzamento de Camora, na esquerda, mas teve a sorte de Álvaro Pereira remendar um erro que podia ter originado consequências trágicas. Logo a seguir, redimiu-se e evitou o golo do empate, ao defender com os pés um remate à queima de Simplício.


Chegou o intervalo e as agulhas inverteram-se, só a ruidosa claque da Naval manteve o registo do primeiro tempo. O jogo acabou por ser mais emotivo, a pedra de toque para um F. C. Porto mais dinâmico e atrevido, com Falcao a mostrar que é muito mais do que um simples goleador. Tem pés de veludo, ao ponto de ter assinado a assistência perfeita para Varela, um dos melhores, a aproveitar um buraco na defesa e fazer o segundo golo. A equipa da Figueira da Foz, última classificada da Liga, revelou fragilidades medonhas do ponto de vista defensivo, conseguindo o golo de honra por infelicidade de Rolando, que colocou a bola na própria baliza. Era o 2-1.


A um quarto-de-hora do fim, o desafio ganhava a emotividade que faltou nos primeiros instantes. Mas a pontinha de emoção só durou um minuto, o tempo para o F. C. Porto colocar a bola no meio-campo, lançar um ataque e Farías, num lance confuso com o guarda-redes Peiser, fechar a conta.


Fonte: JN

POSTED BY Mari
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