“Leões” entram em falso na Liga 2009/10
Antes do início do jogo, um miúdo apanha-bolas do Nacional não largou Liedson até que este lhe desse a camisola do aquecimento, antes que o brasileiro recolhesse aos balneários. Depois, com o verde fluorescente em alarde, foi mostrá-la aos companheiros, como se de um troféu se tratasse. Não tinha nome nem número e mesmo assim não a largou até final – mas o seu ídolo continuou o jejum de golos (que leva desde 16 de Maio) e o Sporting voltou a ressentir-se.
Sem os golos do recém-naturalizado português, os “leões” não vencem: é assim há três jogos, dois com o Twente e hoje com o Nacional. Se contarmos com a pré-época, é ainda mais assustador: seis partidas sem ganhar, um triunfo em sete encontros, às custas do Atlético do Cacém...Encostado à parede fria do camarote, Paulo Bento (a cumprir um de dois jogos de castigo) assistiu (a mais uma) exibição deprimente da sua equipa. É um conjunto que não entusiasma ninguém à sua passagem - passou discreta a sua chegada à Madeira - e no campo pouco acrescenta ao futebol das épocas anteriores. Cristalizou. Mas agora, o “leão” virou pária e vive à custa dos outros.
Eliminou o Twente no último minuto com um autogolo do holandês Wisgerhof e hoje bem pode agradecer a mesma ajuda, agora de Aurélio. Novamente de canto do lado direito e perto do final. Desta vez Rui Patrício não foi à área adversária ajudar. A segunda parte e a recta final da partida voltaram a ser o melhor período deste Sporting.
Aurélio fez de bom e de vilão. Por isso, quando foi substituído aos 82 minutos ainda ouviu umas quantas palmas do público na Choupana. Foi ele o autor do primeiro golo do jogo (e do campeonato) e aí acertou na baliza. Depois, a asneira catapultou o Sporting e Bento podia mesmo ter saído da ilha com uma vitória.
Apostar na prata da casa não parece estar a ser benéfico para os “leões”. Chegaram a ter sete jogadores formados a jogar (seis foram titulares). Mas é de lá que vêm os maiores sarilhos – e se contarmos com o veterano Polga, então não se entende mesmo por que é que Tonel está no banco. O brasileiro, há sete épocas em Alvalade, foi o maior culpado no golo do Nacional, com um pobre alívio e foi do desentendimento entre Polga e André Marques que ia saindo o 2-0, mas aí valeu Carriço a tirar a bola já em cima da linha de golo.
A falta de alas fortes e com qualidade de passe na equipa e deixar Vukcevic e Matías de fora (tendo Izmailov e Caicedo lesionados) parece suicídio. Só quando emendou a mão – e Bento anda a fazê-lo há muitos jogos – e colocou o montenegrino e o chileno em campo, prescindindo de Abel e Marques, optando pelos mais incisivos e virtuosos Veloso (na esquerda) e Pereirinha, é que o Sporting começou a pegar no jogo.
Mas, até ao empate, a equipa leonina podia ter sofrido dois golos. A fechar a primeira parte, com Polga novamente a ser ultrapassado pelo veloz Amuneke e, a abrir a segunda, no tal desentendimento na defesa. Com a equipa mais definida e ajudada pelo golo, os espaços que “Matigol” criava e as clareiras que Vukcevic abria para as entradas de Liedson e Postiga, o golo da vitória não surgiu por pouco. Matías, Veloso e Djaló estiveram muito perto de o conseguir, mas o empate, para este Sporting que não marca nem vence, é justo. E isso é mau para um candidato ao título.
Fonte: Público