Casa da Música já tem estreias para 2011
A Casa da Música, no Porto, programou mais de 50 concertos para os últimos quatro meses do ano. Gilberto Gil, Maria João Pires, a estreia do coro e de uma série de obras são alguns dos destaques até Dezembro.
Apesar de o mote do encontro de ontem com os jornalistas ser a programação para a recta final de 2009, os responsáveis pela Casa da Música divulgaram já a estreia, em Setembro de 2011, de uma co--produção em torno das quatro óperas que compõem "O anel de Nibelungo", obra que Richard Wagner criou ao longo de 26 anos. "The ring saga" é uma versão de quatro horas que fará carreira internacional, sendo interpretada pelo Remix Ensemble.
Quanto à programação para os últimos quatro meses deste ano, contempla a estreia de algumas obras, entre as quais a peça teatral de Emmanuel Nunes "La douce", a mais recente composição de António Pinho Vargas ou o projecto "Música para Matthias Goerne", conceituado barítono que estará na Casa da Música em Outubro.
Esse é também o mês em que Maria João Pires dará um novo concerto - já esgotado - com o violoncelista Pavel Gomziakov, desta feita com obras de Beethoven. Ainda em Outubro, o coro da Casa da Música vai ter a sua estreia. Segundo António Jorge Pacheco, director artístico da instituição, a formação tem para já 24 elementos e a actuação inaugural é inteiramente dedicada a compositores nacionais. "Se há áreas da música em que o património português tem muito para dar, é esta", disse.
Um dos grandes acontecimentos salientados por aquele responsável é a presença de Gilberto Gil. No entanto, salientou também que há "grandes expectativas" quanto ao novo projecto de Maria João, que vai cantar "standard jazz". O ciclo de piano, que pela primeira vez convida Tania Achot, o ciclo de jazz, o programa "À volta do barroco" (em Nobembro) e os concertos de Natal, com "música bem disposta", foram outros dos destaques referidos por António Jorge Pacheco.
Questionado sobre a recente afirmação do ministro da Cultura a propósito das produções de ópera na cidade (Pinto Ribeiro apelou à criação de uma "rede fraterna" entre as instituições), o director artístico da Casa da Música foi peremptório: "Não vou dar um cêntimo para esse peditório". O facto de a Orquestra Nacional do Porto (ONP) estar fora da co-produção liderada pela Associação Amigos do Coliseu do Porto foi justificada por aquele responsável com o facto de a programação da ONP para 2010 estar completa. "Temos de trabalhar sobre o nosso timing", disse ainda.
A anterior co-produção foi interrompida em 2008, por falta de financiamento. Mas a ópera regressará ao Coliseu a partir do próximo ano, sendo a parte musical assegurada pela Orquestra do Norte.
"As duas (óperas) de 2008 foram canceladas pelo Coliseu, alegadamente porque não teria criado as condições necessárias e a parceria institucional com o Ministério da Cultura que permitiria ao Coliseu estar em parceria connosco", referiu, a propósito, Nuno Azevedo. Contudo, o administrador-delegado da Casa da Música não exclui a hipótese de futuras colaborações com aquela associação.
Fonte: JN