Daniel Barenboim em Portugal
O grande pianista e maestro Daniel Barenboim está em Lisboa para dois concertos. O primeiro é hoje, pelas 21 horas, no palco do Coliseu dos Recreios e com a Orquestra Gulbenkian dirigida pelo maestro Lawrence Foster. O concerto de hoje assinala o arranque da nova temporada da Gulbenkian. O programa apresenta a "Sinfonia n.º 1" de Sergei Prokofiev e os dois "Concertos para piano e orquestra" de Frédéric Chopin. Na quarta-feira, pelas 19 horas, o pianista actuará a solo no grande auditório da Gulbenkian com um repertório inteiramente dedicado a Chopin. Pelo meio, na terça-feira, às 18.30 horas, Daniel Barenboim estará no auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian para uma sessão pública de apresentação do seu livro "Está tudo ligado: o poder da música", que esta semana chega às livrarias portuguesas. O livro, editado pela Bizâncio, dá-nos uma série de reflexões de alguém com assinalável sapiência - Barenboim estuda e reflecte sobre música há quase 60 anos - e conta-nos a história desse grande projecto que é a West-Eastern Divan Orchestra, fundada há 10 anos com o intelectual palestiniano Edward Said e que junta jovens músicos árabes e judeus. Barenboim explica os pilares da formação da orquestra, a dinâmica interna entre músicos palestinianos e israelitas e, entre outros episódios, o relato de uma histórica actuação em Ramallah. Sucintamente, Barenboim - argentino de origem judaica - revela-nos a forma como os membros desta orquestra provam que a música pode contribuir para fomentar a paz entre todos os seres humanos. "Gostaria de pensar neles como pioneiros de uma nova maneira de pensar para o Médio Oriente", sublinhou, a certa altura. "O nosso projecto", disse ainda, "pode não mudar o Mundo mas é um passo nessa direcção". Recorde-se que, nos últimos anos, Barenboim tem sido distinguido em todo o mundo pelo seu trabalho em prol da paz no Médio Oriente. Ao longo de mais de 200 páginas, Daniel Barenboim aborda a complexa questão do Médio Oriente, recorda Edward Said e reflecte sobre Pierre Boulez, Bach ou Mozart. O pianista e maestro insurge-se ainda contra uma sociedade que caminha para a vulgarização da música em grandes campanhas de marketing. Lembra, a propósito, "o exemplo mais extraordinário do uso repulsivo da música" por ele testemunhado num anúncio televisivo para vender sanitas, com o "Requiem" de Mozart como música de fundo. Fonte: JN