Irão tem de aceitar segunda investigação
Os Estados Unidos, Reino Unido e França acusaram o regime iraniano de estar a construir, “há vários anos”, uma segunda unidade de enriquecimento de urânio, em violação das resoluções das Nações Unidas. Sublinhando que esta “não é a primeira vez que o Irão esconde” ao mundo as suas actividades, os três países exigiram uma investigação imediata à nova fábrica e avisaram que novas sanções serão adoptadas se o país não der provas de “total cooperação” com a comunidade internacional.
Numa declaração conjunta, lida pelo Presidente norte-americano pouco antes do início da cimeira do G20, os três países revelaram que entregaram ontem à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) “provas detalhadas” sobre a existência desta unidade que o Irão mantinha até agora em segredo. Ao tomar conhecimento da descoberta, feita pelos serviços secretos ocidentais, o regime iraniano enviou, três dias antes, uma comunicação à AIEA em que reconhecia a existência desta nova fábrica, aparentemente ainda em construção.
Na declaração lida hoje, Obama sublinha que esta segunda unidade “excede as necessidades” e “não é compatível” com um programa de energia civil – ao qual, sublinha, o Irão tem direito – e constitui um “desafio directo” aos acordos de não proliferação. “O Irão está a quebrar as regras que todas as nações devem seguir”, sublinhou.
Até agora, Teerão reconhecia apenas a existência da fábrica de Natanz, onde estão em funcionamento já milhares de centrifugadoras e que se encontra sob permanente vigilância dos inspectores da AIEA.
As três potências garantem que continuam empenhadas nas negociações com o Irão, mas avisam que o regime iraniano deve chegar às conversações de Genebra, no próximo dia 1, “preparado para cooperar totalmente com a AIEA” e “cumprir as resoluções do Conselho de Segurança”, que o obrigam a suspender o seu programa de enriquecimento. Caso contrário, avisam, “o Irão será responsabilizado ao abrigo dos padrões e leis internacionais”.
Por seu lado, o Presidente francês explicou que a República Islâmica deve “pôr todas as cartas na mesa” e aceitar “investigações rigorosas” às suas instalações nucleares. Mas Nicolas Sarkozy sublinha que existe um prazo para negociar: “se até Dezembro o Irão não mudar a sua política nuclear serão adoptadas sanções”.
Também o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, diz que “a comunidade internacional deve desenhar uma linha na areia” no que respeita às negociações e que, se o Irão não arrepiar caminho, “novas e mais estritas sanções” devem ser adoptadas contra o país.
Fonte: Público
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