O perigo húngaro chama-se Huszti
Numa selecção húngara quase só de gigantes, o craque é o pequeno (1,73m) Szabolcs Huszti, um canhoto que brilha nos russos do Zenit de São Petersburgo.
Huszti marcou, de penálti (uma das suas especialidades), o golo na amarga derrota (1-2) frente à Suécia. Os magiares confirmaram atravessar uma renovação interessante, mas estão ainda longe da elite europeia.
A Hungria não é a selecção dominadora que foi na primeira metade da década de 50, quando tinha Puskas e Kocsis. Nem a boa equipa dos anos 60, que lhe valeu duas participações meritórias nos mundiais e o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e México, quando tinha o goleador e "Bola de Ouro" Florian Albert. Desde aí, fez uma travessia no deserto, com as humilhações a suceder-se, principalmente na fase de apuramento para o Euro 2008.
Na viragem do século, as coisas começaram a melhorar, fruto do trabalho na formação. Após o enésimo falhanço, no apuramento ao Euro 2008 (sob o comando de Peter Várhidi, que substituíra Lothar Matthaus), foi contratado Erwin Koeman, um antigo internacional holandês que vai renovar por mais dois anos.
A Hungria continua a ser uma selecção repleta de limitações, isto apesar de a maioria dos seus jogadores actuar há vários anos nas melhores ligas europeias. Tem, por exemplo, dificuldades na organização do jogo e é muito permeável no centro da defesa, apesar da elevada estatura do quarteto. O central Juhasz (26 anos/1,93m), do Anderlecht, foi eleito o melhor jogador húngaro em 2008, mas parece lento. Frente à Suécia teve erros graves e foi substituído por Timar, que falhou na última jogada do jogo. Como Juhasz tem um problema nas costas, é provável que entre Mészáros (29 anos/1,91m), que vem brilhando no Debreceni.
O outro central é Gyepes (28 anos/1,91m), que joga nos galeses do Cardiff City. Uma operação aos ligamentos do joelho obrigou-o a rescindir com os ingleses do Wolverhampton Wanderers. Foi para a Hungria curar-se e conseguiu regressar a Inglaterra, para o Northampton Town, dos escalões inferiores, tendo o Cardiff pago 200 mil euros pelo seu concurso. É melhor que o parceiro, mas não muito.
Na direita jogou Szelesi (27 anos/1,84m), um médio adaptado que passou pelos alemães do Energie Cottbus e pelos franceses do Estrasburgo. Esta época regressou ao campeão Debreceni. Utiliza bem o corredor, mas a imprensa húngara diz que pode ceder o lugar a Bodnar (30 anos/1,74m), também do Debreceni. No outro lado, joga o defesa/médio Halmosi (29 anos/1,83m), por quem o Hull City pagou dois milhões de libras.
Na baliza estará Gabor Gabos (34 anos/1,96m), que vai na nona época na Holanda. Em 2004, foi eleito o melhor na posição e, este ano, transferiu-se do Feyenoord para o NEC. É muito estático.
Frente à Suécia, a Hungria apresentou-se num cauteloso 4x5x1. À frente da defesa jogaram dois médios de cobertura, ambos com grande sentido operário, mas apenas isso. Um deles é Vadocz (24 anos/1,88m), dos espanhóis do Osasuna. O outro é Dardai (33 anos/1,79m), dos alemães do Hertha. Foi substituído ao intervalo, quando Koeman assumiu o 4x3x3 e colocou o ponta-de-lança Sandor Torghelle (27 anos/1,85m), que joga na segunda divisão alemã, depois de ter falhado no Panathinaikos. Já marcou três golos na qualificação e hoje deve ser titular. As alternativas são Rudolf (24 anos/1,77m), do Debreceni, e Priskin (22 anos/1,85m), que marcou 14 golos no Watford e se mudou para o Ipswich Town.
O cérebro da equipa é o número dez Hajnal (28 anos/1,70m). Tem bons pés e joga no Borússia Dortmund. Leva 11 anos no futebol alemão, mas esteve mal com a Suécia e pode voltar a ser substituído por Akos Buzsaky (27 anos/1,80m), que foi contratado pelo FC Porto de José Mourinho e depois passou pela Académica.
Dzsudzsak (22 anos/1,79m) é um canhoto interessante do PSV. Jogou a médio, mas hoje deve ser ala no provável 4x2x3x1, passando Huszti para a outra extremidade, uma vez que o capitão Gera, do Fulham, está castigado. Huszti (26 anos) foi, durante 45', o único avançado frente à Suécia. É preciso a passar e a cruzar e dá profundidade. É produto do Ferencváros, como outros. O Guimarães quis tê-lo em 2005, mas achou muito pagar 600 mil euros. Este ano, o Zenit pagou por ele três milhões de euros ao Hannover 96. É dele que vem o maior perigo para Portugal.
Fonte: Público