Porto perde mas convence
Nicolas Anelka apontou logo no reatar da partida o golo que ditou mais uma derrota do FC Porto em solo inglês. Os "dragões" ainda reagiram e poderiam ter chegado à igualdade perto do final, mas Cech esteve sempre à altura.
O campeão português começou a perder o jogo de Stamford Bridge quando o seu treinador, com um “onze” de tracção atrás, deu a entender que o adversário só poderia, no máximo, conceder um ponto. No final, nem isso. Jesualdo tentou emendar a mão depois de estar a perder, mas já era tarde. É verdade que a equipa mostrou então outro futebol, conseguiu incomodar os ingleses, mas o mal já estava feito: o FC Porto continua sem ganhar em Inglaterra. Um golo de Anelka foi suficiente para os portugueses entrarem na Liga dos Campeões a perder.Jesualdo Ferreira retirou dois jogadores que têm sido decisivos na Liga e apostou numa formação mais cautelosa: Mariano e Rodríguez ocuparam os lugares normalmente destinados a Varela e Falcao. Mas também deixou de fora Belluschi e apostou em Guarín. Uma troca da criatividade pela segurança. E o colombiano acabou por se revelar uma boa surpresa no meio-campo. Ele, que apenas tinha jogado um minuto esta temporada, foi importantíssimo para ajudar a segurar e a recuperar bolas, aparecendo muitas vezes no apoio ao ataque.
Jesualdo não teve a mesma sorte na aposta que fez em Rodríguez e em Mariano. O uruguaio nunca conseguiu ser um entrave para Ivanovic, obrigando Álvaro Pereira a trabalho extra, e o argentino também nunca foi uma mais-valia.
O FC Porto foi, isso sim, uma equipa de contenção no primeiro tempo. Eficaz dentro do possível, sem tentar explorar em demasia as ausências de Deco, Bosingwa e Drogba - ou até de um Ballack em sub-rendimento. Mas esta atitude não evitou problemas ao campeão português. Essien teve sempre grande facilidade e espaço para organizar o jogo, os laterais conseguiram subir e cruzar com alguma facilidade e Lampard também surgia com alguma liberdade atrás da dupla atacante. Resultado? As oportunidades na primeira parte foram quase todas da formação inglesa. Anelka falhou o golo por muito pouco aos 17’, Lampard teve uma ou outra oportunidade e, aos 45’, só um corte soberbo de Fucile roubou o golo a Kalou.
O problema é que jogar apenas com Hulk na frente de ataque, procurando aguentar o nulo o máximo possível, é um risco enorme. E o golo da equipa inglesa surgiu como “castigo” aos 48’. O lance começou num corte falhado por Fernando, a bola sobrou para Kalou que, em esforço, isolou Anelka. Helton ainda defendeu o primeiro remate, mas foi incapaz de travar o segundo disparo do francês.
A perder, a estratégia do técnico portista ruiu. Ficou feita em pedaços. Valeu ainda Helton, aos 59’, a evitar o segundo com uma defesa notável depois de um cabeceamento de Kalou, após cruzamento sem qualquer oposição de Ivanovic. Antes, já o técnico portista tinha começado a recompor a equipa. Primeiro com a saída de Mariano e a entrada de Falcao, passando Hulk para o flanco esquerdo. Depois, aos 63’, quando apostou em Varela e tirou Rodríguez. que foi sempre um elemento a menos.
A partir deste momento, o jogo ficou mais aberto. O FC Porto passou a jogar muito mais perto da baliza de Cech, conseguindo finalmente causar algumas aflições aos adeptos do Chelsea. Guarín assinou dois remates, Varela dinamizou o flanco direito, Hulk teve finalmente oportunidade de mostrar o que sabe e pode pela esquerda e, aos 80’, teve um remate às malhas laterais. Com Falcao a prender os centrais, Varela (autor de um grande remate) só não empatou perto do fim porque na baliza do Chelsea está Petr Cech. Foi ele que segurou a vitória e fechou a porta de mais uma derrota portista em Inglaterra.
Fonte: Público