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A Art Déco está em destaque, a partir de hoje, no âmbito de uma exposição que abre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A mostra reúne centena e meia de peças representativas da tendência artística que se afirmou a partir de 1920.

As peças de porcelana, cerâmicas, vidros, pinturas, desenhos, esculturas, jóias e mobiliário expostas, a partir das 10 horas de hoje, na sala de exposições temporárias da sede da Gulbenkian, pretendem evocar a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris em 1925.

Do conjunto agora apresentado, cerca de meia centena estiveram expostas em Paris, como a importante escultura "Le Printemps ou Hommage à Jean Goujon de Janniot", adquirida por Calouste Gulbenkian e que ornamentava a fachada do pavilhão "Hôtel du Collectioneur".

Para além da escultura de Janniot, figuram várias outras peças da colecção Gulbenkian nomeadamente jóias, vidros, objectos decorativos e livros de arte representativos desta nova forma de expressão visual.

Nesta exposição, comissariada por Chantal Bizot e Dany Sautot, podem ser vistas jóias de Van Cleef & Arpels, Cartier, Chaumet e Boucheron, cerâmicas de Jourdain e Braquemond, porcelanas de Rapin e pinturas de Le Corbusier, Léger e Laurencin. Há ainda a destacar a presença de esculturas de Janniot e Joseph Bernard, vidros Baccarat e de Lalique, peças de mobiliário de Ruhlmann, Leleu, Groult e Dunand, ourivesaria Christofle, têxteis de Dufrêne e Miklos, e ainda livros ilustrados e encadernados (Schmied, Dunand e Legrain).

Todas estas obras são provenientes de colecções públicas e privadas estrangeiras, maioritariamente francesas e também nacionais.

Apesar da ausência oficial de Portugal na exposição de 1925, o escultor Canto da Maya, na altura a viver em Paris, apresentou obras suas em diversos pavilhões franceses, estando agora representado com duas obras de que se salienta a terracota "Eva" ou "Femme au Serpent".

A organização e concepção da mostra foi pensada de modo a mostrar as ambiguidades presentes em cada um dos objectos, chamando ainda a atenção para o cruzamento de influências modernas e clássicas observáveis em alguns deles.

"Entre o mito da tradição e a procura do progresso, a cenografia da exposição permitirá uma leitura estilística das obras procurando realçar semelhanças e antagonismos", sublinham os responsáveis da iniciativa.

O catálogo que a acompanha reproduz todas as peças e conta com textos "que se pretendem de referência". Para as comissárias, "a exposição vai permitir conhecer melhor um período artístico referencial e de grande aceitação e curiosidade junto do público".

A Art Déco (abreviatura francesa de arts décoratifs) é um movimento artístico que se afirma nas artes plásticas, artes aplicadas (design, mobiliário, decoração) e arquitectura, a partir do final da Primeira Guerra Mundial. Apesar da origem francesa, o movimento espalhou-se por toda a Europa e pelos Estados Unidos.

Entretanto, integrando as actividades em torno da exposição na Gulbenkian, que pode ser visitada até 3 de janeiro, vão realizar-se, dias 18 de Outubro e 8 de Novembro, pelas 12 horas, dois recitais dedicados à música francesa nos primórdios do século XX. Haverá ainda visitas orientadas, às terças e quintas, às 15 horas.

Fonte: JN