Blair fora da corrida à presidência europeia


Angela Merkel desferiu o derradeiro golpe na candidatura de Tony Blair à presidência europeia ao defender que o cargo deverá ser ocupado por um dirigente de um “pequeno ou médio país”.

Esta posição, expressa aos jornalistas à margem da cimeira de líderes da União Europeia (UE) que hoje terminou em Bruxelas, constituiu a primeira vez que Merkel se expressou publicamente sobre a grande interrogação do momento: quem vai ocupar os cargos de presidente do Conselho Europeu (as cimeiras de líderes) e de alto representante para a Política Externa criados no Tratado de Lisboa.


Merkel recusou terminantemente alimentar a especulação que marcou os dois dias da cimeira, limitando-se a referir que quer um presidente na concepção de chairman – ou facilitador de consensos – embora com peso internacional. E frisou que qualquer que seja o escolhido, mesmo de um pequeno país, terá sempre o peso de falar em nome de 500 milhões de cidadãos.


Ao preferir um presidente de um “pequeno ou médio país”, Merkel afasta claramente Blair, já abandonado na véspera pelos líderes socialistas, a sua família política, que reclamam para um dos “seus” o posto de alto representante.



O afunilamento dos requisitos deixava como candidatos mais fortes Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo – o único que manifestou interesse no cargo – e o seu homólogo holandês, Jan Peter Balkenende, que declara que “não é candidato” embora considerando “prematuro” garantir que não mudará de opinião. Os dois têm vários problemas – nomeadamente o segredo bancário luxemburguês defendido por Juncker, ou o referendo perdido por Balkenende à Constituição Europeia –, o que poderá favorecer a emergência de um candidato alternativo. As atenções começam a virar-se para o primeiro-ministro belga, Herman van Rompuy, admirado pela sua capacidade de gerir um dos países politicamente mais difíceis da UE.


“Falámos das nomeações nos corredores [da cimeira]? Claro que falámos”, reconheceu o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, aos jornalistas, embora precisando que “não surgiu qualquer decisão, nem mesmo uma tendência”. Tanto mais, lembrou, que “os nomes da primeira vaga não são necessariamente os vencedores da última”.


Mas uma coisa é certa, garantiu: “A França e a Alemanha apoiarão o mesmo candidato na devida altura”.


A “devida altura” será uma cimeira extraordinária a realizar logo que a República Checa concluir a ratificação do Tratado de Lisboa, o que poderá acontecer brevemente. Esta ideia saiu reforçada depois do acordo da cimeira de alargar à República Checa, como exigido pelo seu eurocéptico Presidente, Vaclav Klaus, a derrogação concedida em 2007 à Polónia e Reino Unido relativamente à Carta dos Direitos Fundamentais.


A expectativa dos Vinte e Sete é que a lei de ratificação do tratado será assinada por Klaus logo que o Tribunal Constitucional declare a conformidade do texto. O que, se acontecer, como esperado, na terça-feira, permitirá, segundo Sarkozy, que o novo tratado entre em vigor a 1 de Dezembro.





Fonte: Público

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