Entre professores não houve festa
“Já se sabe quem são os secretários de Estado?” . A pergunta é recorrente entre as centenas de comentários de professores a propósito da nomeação de Isabel Alçada para a pasta da Educação.
O “esperar para ver” tem já uma próxima etapa: se Jorge Pedreira ou Valter Lemos forem reconduzidos nos cargos, os professores ficarão a saber que, no essencial, “nada mudará”. Até lá, há quem destaque, na nova titular, o seu conhecimento das escolas e a apetência pelo diálogo, mas também quem lembre o seu apoio à política de educação do anterior Governo, embora Isabel Alçada não se tenha pronunciado publicamente sobre os temas mais quentes : o modelo de avaliação e a divisão da carreira estipulada no Estatuto da Carreira Docente.
Também há quem lamente a sua estreia, lembrando que, na manhã de ontem, Isabel Alçada reafirmou, à Rádio Renascença, que não tinha recebido nenhum convite para integrar o Governo. Mas, ao fim da tarde, quando o novo Executivo foi anunciado, o seu nome estava lá.
Suspensão da avaliação
A APEDE, um dos movimentos independentes de professores já lhe deu as boas-vindas e acrescentou uma “sugestão de leitura”, a moção que, no passado dia 15, foi subscrita por cerca de 70 professores da escola secundária D. Afonso Sanches, de Vila do Conde, recusando “qualquer iniciativa que implique a aplicação do modelo de avaliação”.
Esta tomada de posição surgiu em resposta da fixação do calendário de avaliação, que por lei terá de ser divulgado até ao final do mês. Trata-se de “um quadro legislativo moribundo, porquanto não corresponde à vontade política da actual maioria dos deputados à Assembleia da República”, frisam os docentes daquela escola.
Ontem, tanto a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), como a Federação
Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) reafirmaram como prioridades a suspensão
do modelo de avaliação. “Seria o primeiro sinal de mudança. É a partir de um indicador como este que se poderá conceder o benefício da dúvida para entrar noutras matérias complexas”, disse à Lusa Abel Macedo, da Fenprof. “Só o conhecimento do nome da pessoa não nos permite fazer uma apreciação mais negativa ou mais positiva. É preciso conhecer as primeiras medidas”, frisou Dias da Silva, da FNE.
O importante é que a nova ministra “saiba ouvir” e que “não tenha pressa em tomar decisões” sem auscultar a classe, insistiu João Grancho, da Associação Nacional de Professores. A pasta foi “muito bem entregue” a Isabel Alçada por ser uma pessoa “aberta ao diálogo”, considerou Maria José Viseu, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação. “Guardamos dela uma grande capacidade de trabalho, uma grande disponibilidade no plano pessoal para falar e para escutar os parceiros”, realçou Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap).
Fonte: Público