Menos drogas e mais álcool


O Instituto da Droga e da Toxicodependência, presidido pelo médico João Goulão, vai apresentar, em meados do próximo mês, à Comissão permanente da Saúde (quando ela estiver constituída) um documento sobre o que se está a passar, nessa área, em Portugal.


Um dos seus pontos essenciais, admitiu, ontem, ao JN, é um desvio do consumo da juventude: "Os jovens estão a consumir menos substâncias ilícitas mas a beber mais álcool".



Qual o seu comentário ao número de apreensões de canábis em Portugal?


Esse número significa um aumento da eficácia das forças policiais. Há uma maior articulação entre essas forças e as suas congéneres de outros países, que tem permitido a identificação de redes de tráfico a níveis superiores. Porém, apesar de estarem a ser apanhadas mais substâncias ilícitas, as apreensões são muito inferiores às quantidades que circulam.


Está a consumir-se mais canábis em Portugal?


Em termos de consumo, o canábis continua a ser a substância ilícita mais consumida em Portugal. De qualquer modo, os números que temos apontam para uma diminuição do consumo, em Portugal, de todas as substâncias ilícitas, sobretudo entre os jovens. Essa diminuição deve-se aos esforços conjugados das entidades que se dedicam à redução da oferta (forças policiais e aduaneiras) e às que se dedicam à redução da procura (as que trabalham na prevenção, no tratamento, na redução da danos e na reinserção social dos toxicodependentes).



O menor consumo de droga pelos jovens estará relacionado com o facto de eles se terem virado para o álcool?


Infelizmente, há algum desvio dos jovens para o consumo do álcool. Mas também penso que essa diminuição de consumo de substâncias ilícitas estará relacionada com o trabalho desenvolvido na prevenção dos consumos. Actualmente, os jovens recusam a heroína porque viram a destruição que essa droga fez nas pessoas da geração anterior.



O canábis deveria ser descriminalizado?


O consumo de droga, em Portugal, desde 2001, não é crime mas mantém-se penalizado num quadro de contra-ordenações. Considero que esse é o quadro adequado no momento actual de desenvolvimento da sociedade portuguesa.



Fonte: JN

POSTED BY Mari
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