«Antichrist» de Lars Von Trier
Como é possível filmar a violência de forma sublime? «Antichrist» de Lars von Trier teve esta sexta-feira a antestreia nacional durante o Estoril Film Festival. E fica a saber-se como a partir do primeiro sopro de «Lascia ch`io pianga» do «Rinaldo» de Händel. Começa aí a iniciação.
Já neste festival tinha sido recordado por um dos cineastas presentes que, no fundo, a ficção nunca conseguirá ultrapassar o real. É como um axioma, de facto - pensa-se. Mas será mesmo, será sempre assim - de facto? O génio de Lars von Trier consegue colocar em causa essa evidência, aparentemente tão axiomática.
Mas a que estado de genialidade chegou o dinamarquês do Dogma 95? Ao de cineasta sem igual, entre os maiores dos maiores? Ao de elevação estética ímpar? Ao de demiurgo de emoções que reduzem a pó o mais duro bloco de pedra? E com consciência disto tudo, também? Todo o tipo de reacções que tem havido em relação a «Antichrist» é compreensível depois de ver o filme. E acaba por não ser assim tão significativo a substância dessas recações - exactamente porque nem um bloco de pedra consegue ficar impassível.
«Antichrist» tem apenas duas personagens - e os únicos nomes que conhecemos delas são os dos actores: Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg. E não é preciso mais. O seu drama é tão intenso, tão imensamente forte (na vida em comum e na individualidade dela), que nem sequer nos lembramos de mais ninguém. Von Trier não precisou de escrever para mais. São os necessários para a violência física e psicológica a que se é sujeito - não só o espectador, mas também os actores.
E não é pouco aquilo por que todos passam. Será de mais? Não deveria ter ido tão longe? Essa tabela não existe, claro. Porque a medida está na posse desse génio que está no plano inalcançável de transmitir a dor numa forma esteticamente sublime. «Antichrist» é um filme único: para o bem e para o mal.
P.S.: Poder-se-ia escrever bem mais, ou menos, sobre o «Antichrist» de Lars von Trier. Mas tentou-se manter na medida do que este filme permite a coerência tida no trabalho sobre este festival e evitar um desvio (mais) opinativo ou pessoal sobre este filme em particular.
Já neste festival tinha sido recordado por um dos cineastas presentes que, no fundo, a ficção nunca conseguirá ultrapassar o real. É como um axioma, de facto - pensa-se. Mas será mesmo, será sempre assim - de facto? O génio de Lars von Trier consegue colocar em causa essa evidência, aparentemente tão axiomática.
Mas a que estado de genialidade chegou o dinamarquês do Dogma 95? Ao de cineasta sem igual, entre os maiores dos maiores? Ao de elevação estética ímpar? Ao de demiurgo de emoções que reduzem a pó o mais duro bloco de pedra? E com consciência disto tudo, também? Todo o tipo de reacções que tem havido em relação a «Antichrist» é compreensível depois de ver o filme. E acaba por não ser assim tão significativo a substância dessas recações - exactamente porque nem um bloco de pedra consegue ficar impassível.
«Antichrist» tem apenas duas personagens - e os únicos nomes que conhecemos delas são os dos actores: Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg. E não é preciso mais. O seu drama é tão intenso, tão imensamente forte (na vida em comum e na individualidade dela), que nem sequer nos lembramos de mais ninguém. Von Trier não precisou de escrever para mais. São os necessários para a violência física e psicológica a que se é sujeito - não só o espectador, mas também os actores.
E não é pouco aquilo por que todos passam. Será de mais? Não deveria ter ido tão longe? Essa tabela não existe, claro. Porque a medida está na posse desse génio que está no plano inalcançável de transmitir a dor numa forma esteticamente sublime. «Antichrist» é um filme único: para o bem e para o mal.
P.S.: Poder-se-ia escrever bem mais, ou menos, sobre o «Antichrist» de Lars von Trier. Mas tentou-se manter na medida do que este filme permite a coerência tida no trabalho sobre este festival e evitar um desvio (mais) opinativo ou pessoal sobre este filme em particular.
Fonte: IOL