Berlusconi fica mesmo condenado
As declarações constam do livro Donne di cuori, do apresentador de televisão Bruno Vespa, que será lançado nos próximos dias, e foram divulgadas pela imprensa italiana no fim-de-semana em que se soube que um processo por corrupção que corre no Tribunal de Milão contra Berlusconi será retomado no próximo dia 27 de Novembro.
“Ainda confio na existência de magistrados sérios, que pronunciam veredictos sérios, baseados em factos”, afirmou. O primeiro-ministro repetiu a ideia de que as acusações que lhe são feitas têm motivações políticas.
No processo que é retomado no dia 27, Berlusconi é acusado de ter corrompido o seu antigo advogado britânico, David Mills, a troco de testemunhos falsos favoráveis. A informação da reabertura deste caso junta-se à anterior indicação de que, já no próximo dia 16, também em Milão, começa a responder pela sobrefacturação da compra de direitos televisivos pelo seu grupo Mediaset, com o objectivo de fugir ao fisco.
Como Berlusconi estava protegido pela chamada lei Alfano, um diploma aprovado poucas semanas depois de ter voltado ao poder, em 2008, que lhe conferia imunidade penal enquanto estivesse em funções, os processos em que está indiciado ficaram suspensos, mas a revogação, a 7 de Outubro, dessa lei pelo Tribunal Constitucional levou a que fossem reabertos.
O caso dos testemunhos é particularmente delicado: no início deste ano, Mills foi condenado a quatro anos e meio de prisão – pena já confirmada pelo Tribunal de Apelo de Milão – por ter recebido 600 mil dólares como contrapartida por falsos testemunhos favoráveis a Berlusconi em dois processos dos anos 1990 que envolviam a sua empresa Fininvest.
Especialistas ouvidos pela AFP, consideram que o tribunal deverá declarar-se incompetente para apreciar o caso, uma vez que já julgou David Mills. Se assim for, o processo será encaminhado para outro tribunal.
Fonte: Público