Morte de Brenda assusta transexuais
Corpo da brasileira que surgiu em vídeo que levou à demissão do presidente da região de Lazio foi encontrado numa cave dos arredores. As suas amigas queixam-se da falta de segurança.
"Tenho a certeza de que a mataram. Brenda estava psicologicamente mal, falava em voltar para o Brasil", conta Bárbara. Baixinha, a transexual, tal como Brenda, nascida em Campinas, no estado de São Paulo, recorda o estado de espírito da amiga, encontrada morta, carbonizada, na madrugada de sexta-feira, na modestíssima cave de um apartamento da Via Due Ponti, nos arredores de Roma.
Brenda estava no centro das atenções depois de aparecer num vídeo com Piero Marrazzo, o presidente da região de Lazio, onde fica a capital italiana. Chantageado por quatro polícias que lhe tentaram extorquir dinheiro em troca de não revelarem as imagens comprometedoras, o antigo jornalista da televisão RAI 3 e importante figura da oposição de esquerda ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi acabou por se demitir em Outubro.
Nas ruas que circundam a cave onde Brenda sufocou até à morte, o ambiente era ontem pesado. "Encontrei Brenda na sexta-feira à noite antes de ela ir para o passeio nocturno, desde que rebentou o escândalo, os clientes ficam na rua, ninguém quer ir ao nosso 'ninho'. Têm medo e nós também", confessa Bárbara. A transexual garante estar a pensar voltar para o seu país. E acrescenta que a amiga "era muito bonita, um mulherão. Tinha só clientes das altas esferas".
O corpo de Brenda foi descoberto pelos bombeiros que arrombaram a porta da cave. A transexual estava no chão, ao lado da cama, com duas malas prontas, três garrafas vazias de whisky Ballantine's, o computador no lavatório cheio de água. Espalhado pelas paredes e pelo chão havia vestígios de líquido inflamável.
Dias antes, Brenda fora interrogada pelos magistrados, juntamente com Natali, outra transexual que recolhia a preferência de Marrazzo. Ambas responderam a perguntas sobre a chantagem de quatro agentes da polícia que surpreenderam o presidente da região de Lazio com as transexuais e exigiam avultadas somas de dinheiro para guardar silêncio e entregar o vídeo.
Apesar das tendências depressivas que Brenda apresentava, a polícia catalogou logo a sua morte como "homicídio voluntário". Este é o segundo crime ligado ao caso Marrazzo. O primeiro foi o do traficante de droga Gianguarino Cafasso, morto na noite de 11 para 12 de Setembro. Este, além de fornecer cocaína para as festas, fazia os contactos entre transexuais e políticos que frequentavam a Via Gradoli, a zona residencial de Roma onde vivem muitos agentes dos serviços secretos italianos. Foi ali que as Brigadas Vermelhas mantiveram refém durante 40 dias o ex-primeiro-ministro Aldo Moro, antes de o matarem, a 9 de Maio de 1978.
Num dos interrogatórios, Brenda confessara à polícia ter em sua posse um vídeo feito com o telemóvel com os momentos "mais transgressivos" de Marrazzo. Um documento comprometedor que guardaria no computador que acabou "afogado" no lavatório.
Na Via Due Ponti, todos se indignam com o facto de os políticos saírem sempre impunes. "São vícios de uma classe dirigente que se droga, que gosta de trans. O mais inquietante é a presença das forças da ordem, que vigiam transexuais e clientes", garante Giuseppe, enquanto lava a rua. Já a babysitter peruana Carmencita queixa-se que "ninguém, político ou militar, se preocupou em garantir a segurança das trans e evitar que sejam ameaçadas pelos traficantes ou bandos rivais".
Fonte: DN
"Tenho a certeza de que a mataram. Brenda estava psicologicamente mal, falava em voltar para o Brasil", conta Bárbara. Baixinha, a transexual, tal como Brenda, nascida em Campinas, no estado de São Paulo, recorda o estado de espírito da amiga, encontrada morta, carbonizada, na madrugada de sexta-feira, na modestíssima cave de um apartamento da Via Due Ponti, nos arredores de Roma.
Brenda estava no centro das atenções depois de aparecer num vídeo com Piero Marrazzo, o presidente da região de Lazio, onde fica a capital italiana. Chantageado por quatro polícias que lhe tentaram extorquir dinheiro em troca de não revelarem as imagens comprometedoras, o antigo jornalista da televisão RAI 3 e importante figura da oposição de esquerda ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi acabou por se demitir em Outubro.
Nas ruas que circundam a cave onde Brenda sufocou até à morte, o ambiente era ontem pesado. "Encontrei Brenda na sexta-feira à noite antes de ela ir para o passeio nocturno, desde que rebentou o escândalo, os clientes ficam na rua, ninguém quer ir ao nosso 'ninho'. Têm medo e nós também", confessa Bárbara. A transexual garante estar a pensar voltar para o seu país. E acrescenta que a amiga "era muito bonita, um mulherão. Tinha só clientes das altas esferas".
O corpo de Brenda foi descoberto pelos bombeiros que arrombaram a porta da cave. A transexual estava no chão, ao lado da cama, com duas malas prontas, três garrafas vazias de whisky Ballantine's, o computador no lavatório cheio de água. Espalhado pelas paredes e pelo chão havia vestígios de líquido inflamável.
Dias antes, Brenda fora interrogada pelos magistrados, juntamente com Natali, outra transexual que recolhia a preferência de Marrazzo. Ambas responderam a perguntas sobre a chantagem de quatro agentes da polícia que surpreenderam o presidente da região de Lazio com as transexuais e exigiam avultadas somas de dinheiro para guardar silêncio e entregar o vídeo.
Apesar das tendências depressivas que Brenda apresentava, a polícia catalogou logo a sua morte como "homicídio voluntário". Este é o segundo crime ligado ao caso Marrazzo. O primeiro foi o do traficante de droga Gianguarino Cafasso, morto na noite de 11 para 12 de Setembro. Este, além de fornecer cocaína para as festas, fazia os contactos entre transexuais e políticos que frequentavam a Via Gradoli, a zona residencial de Roma onde vivem muitos agentes dos serviços secretos italianos. Foi ali que as Brigadas Vermelhas mantiveram refém durante 40 dias o ex-primeiro-ministro Aldo Moro, antes de o matarem, a 9 de Maio de 1978.
Num dos interrogatórios, Brenda confessara à polícia ter em sua posse um vídeo feito com o telemóvel com os momentos "mais transgressivos" de Marrazzo. Um documento comprometedor que guardaria no computador que acabou "afogado" no lavatório.
Na Via Due Ponti, todos se indignam com o facto de os políticos saírem sempre impunes. "São vícios de uma classe dirigente que se droga, que gosta de trans. O mais inquietante é a presença das forças da ordem, que vigiam transexuais e clientes", garante Giuseppe, enquanto lava a rua. Já a babysitter peruana Carmencita queixa-se que "ninguém, político ou militar, se preocupou em garantir a segurança das trans e evitar que sejam ameaçadas pelos traficantes ou bandos rivais".
Fonte: DN