Mulher guarda na Torre de Londres
Entrou ao serviço dos Guardas do Corpo Real do Palácio e da Torre de Londres em 2007, mas a convivência com os 34 colegas homens não tem sido muito boa. Foi alvo de assédio sexual e de maus-tratos.
Moira Cameron, a mulher que conquistou a posição da primeira "Beefeater" do sexo feminino, foi alvo de assédio sexual e de maus tratos por parte de colegas do sexo masculino. Dois dos tradicionais guardas da Torre de Londres foram esta semana suspensos como parte da investigação às acusações feitas por Cameron. Um terceiro "Beefeater" está também sobre investigação acusado de maltratar psicologicamente a primeira colega do sexo feminino.
As acusações de Cameron estão a ser levadas com a maior seriedade por parte das autoridades que controlam a Torre, que iniciaram uma investigação a 24 de Outubro como resposta às alegações de assédio da parte de vários elementos. Em comunicado, a Torre de Londres afirmou que as alegações estão a ser tomadas "muito a sério e a nossa política de assédio deixa bem claro que tal comportamento é absolutamente inaceitável. Acreditamos que todas as pessoas têm o direito a trabalhar num ambiente livre de assédios. Este é um princípio que os nossos funcionários devem seguir".
O caso tem escandalizado os mais tradicionais britânicos que vêem os Guardas Reais como um último reduto do cavalheirismo britânico dos tempos coloniais. Mas, num Reino Unido multicultural e tolerante, a presença de uma mulher parece continuar a ser malvista em determinados círculos.
Os "Beefeaters" foram criados pelo rei Henrique VII em 1485 especificamente para guardarem a Torre de Londres. Os seus membros têm que ser oficiais reformados do Exército, com, pelo menos 22 anos de serviço e uma medalha de Serviço e Boa Conduta. Embora a posição dos guardas que vestem o distinto uniforme azul e vermelho seja apenas de cerimónia, guiando visitantes pela Torre, que contém inúmeros bens reais, incluindo as jóias da rainha.
A protecção da colecção de luxuoso ornamentos reais é, aliás, uma das poucas responsabilidades que ainda se mantém nas mãos dos Guardas. A expressão "Beefeater" refere-se à alimentação dos guardas que, tradicionalmente tinha como base a carne de vaca.
Cameron, que entrou ao serviço dos Guardas do Corpo Real do Palácio de Sua Majestade e da Torre de Londres em 2007, afirmou que durante a sua estadia no monumento histórico, juntamente com 34 colegas do sexo masculino, várias mensagem com ameaças foram colocadas no seu uniforme oficial.
A primeira mulher a servir nos 522 anos da unidade afirma sofrer de queda de cabelo como resultado da pressão emocional gerada pelo assédio. "Tive muito orgulho em servir na Torre e continuo dedicada ao trabalho, e estou muito agradecida pelo apoio que recebi de muitos colegas e visitantes. Mas durante o último ano perdi o meu cabelo como resultado da angústia", afirmou Cameron.
Também um artigo na Wikipedia sobre a primeira mulher "Beefeater" foi alvo de um ataque discriminativo, levando à intervenção da Scotland Yard. Um elemento dos Guardas do Corpo Real recebeu um aviso da Polícia sobre as suas acções na Internet. As tensões entre os guardas foram mantidas em segredo até segunda-feira, quando o jornal "The Sun" avançou com a polémica. Desde então, a única mulher "Beefeater" da história manteve-se afastada das suas funções habituais. A investigação aos alegados maus tratos e assédio deverá estar concluída no espaço de três semanas.
Fonte: JN