Veteranos rejeitam praxes que "ultrapassem os limites"


O Conselho de Veteranos (CV) de Coimbra, que zela pela aplicação da praxe como meio de integrar os caloiros na academia, rejeita todas as práticas ilegais que “ultrapassem os limites”.


O dux veteranorum João Luís de Jesus, que presidente ao CV, disse à agência Lusa que este órgão rejeita “tudo o que ultrapasse o limite do bom-senso e da integridade física e psicológica” dos estudantes recém-chegados à Universidade de Coimbra (UC).


No entanto, segundo o dux, a praxe “não serve apenas para dar as boas-vindas aos caloiros” e proporcionar-lhes “uma boa integração” na comunidade universitária e na cidade.


“A praxe é uma mostra da evolução das tradições dos estudantes e da universidade”, visando também “manter um espírito muito próprio numa comunidade muito única”, refere.


Em 1957, face ao aumento acentuado do número de estudantes nas diferentes faculdades da UC - de escassos milhares antes da II Guerra Mundial para os actuais 22 mil -, as normas da praxe foram reunidas no Código da Praxe, sujeito depois a várias revisões, a última das quais em 2007.
“O código deve ser interpretado como uma orientação de como deve ser vivida a praxe”, salienta João Luís, que está a concluir o mestrado integrado de Engenharia Electrotécnica de Computadores.


Chefe dos universitários veteranos, João Luís realça que a actual praxe, em Coimbra, reflecte um conjunto de “tradições muito próprias”, a que se foi juntando “aquilo que os estudantes foram inventando em termos de brincadeiras” ao longo dos tempos.


“Tudo o que se possa imaginar em termos de relações interpessoais” na mais antiga universidade de Portugal e uma das mais antigas da Europa, adianta.


O dux veteranorum sublinha que a praxe serve ainda “para fazer perceber aos caloiros que estudam na Universidade de Coimbra, que tem uma mística, e não noutro sítio qualquer”.


“Aqui, felizmente, não existem casos extremos como noutros sítios”, congratula-se, explicando que em Coimbra as regras da praxe tiveram uma evolução e “não foram inventadas do nada”, o que contrasta com instituições de ensino superior de criação mais recente.


Eventuais práticas violentas dos doutores (alunos que têm pelo menos duas matrículas) sobre os caloiros “devem ser tratadas nos tribunais”, frisa.


“Isso não é praxe, é falta de juízo e de civismo das pessoas”, classifica.


Em 2008 e 2009, o Conselho de Veteranos não registou qualquer queixa devido à praxe.


Segundo o dux, nos anos anteriores, a maioria das queixas eram “relacionadas com má interpretação das regras” e foram sancionadas à luz do Código da Praxe.


Já as actividades de cariz solidário, que têm marcado algumas recepções aos caloiros, não são reconhecidas em Coimbra como praxe.





Fonte: Público

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