Bodyspace para uma imensa minoria
Bodyspace tornou-se referência para amantes da música independente. É o espírito fanzine na net
Amor puro à música indie: cerca de 20 pessoas labutam sem remuneração para manter o Bodyspace. O site tornou-se referência na divulgação, em Português, de algumas das mais interessantes correntes da música actual. Espírito das fanzines na net.
É um caso de êxito e de militância indie: há sete anos que o site Bodyspace se actualiza regularmente com a divulgação e a reflexão sobre alguma da melhor música alternativa que se vai fazendo pelo planeta.
À partida, sete anos não parece grande coisa - mas a verdade é que não se conhece outra webzine musical portuguesa ainda activa há mais tempo. Ora, tudo resulta do esforço e da carolice de uma vintena de jovens, entre redactores, fotógrafos, malta do vídeo, ilustradores e responsáveis pelas manobras do site. Ninguém ganha dinheiro e ninguém o perde.
"Há alguma teimosia que advém do facto de estarmos verdadeiramente nisto por devoção à música e à divulgação dela", diz, ao JN, o editor, André Gomes. E acrescenta: "O Bodyspace é uma espécie de refúgio onde todos podemos fugir dos afazeres do dia-a-dia e exercermos algo verdadeiramente independente e por conta própria".
No início, nem tudo parecia fácil ou, pelo menos, o impacto da publicação era residual. Hoje, as coisas alteraram-se um pouco. "Antes, as pessoas olhavam com desconfiança para os conteúdos online gratuitos, mas, hoje em dia, isso começa a alterar-se significativamente", explica.
Arranjar uma credencial para um concerto ou solicitar às editoras uma entrevista com músicos, por exemplo, eram tarefas hercúleas. "Era complicado porque os sites de crítica musical eram vistos como algo pouco importante, de segunda linha", recorda André.
Sete anos volvidos, o Bodyspace ganhou um certo estatuto no circuito da música indie. Músicos, editoras, promotores de espectáculos e público reconhecem-lhe credibilidade assinalável e abrem-se portas.
"Agora, as coisas mudaram bastante e somos por vezes, até, "convidados" a marcar presença em alguns concertos", assume, referindo, também, que a própria estrutura das editoras se adaptou à nova ordem: "Actualmente, as editoras multinacionais têm, até, responsáveis próprios para as relações com a 'imprensa' online", diz.
"Ainda é preciso braços no ar"
Contudo, as relações entre editoras independentes e as multinacionais (ainda) são diferentes.
"Até por uma questão de linha editorial, temos mais relação com as editoras independentes, que são de trato mais fácil e directo", explica André Gomes. "Com as 'majors'", prossegue, "é um contacto mais recente e, às vezes, ainda é preciso pôr os braços no ar entre os maiores para obter alguma atenção". O editor do Bodyspace diz que a publicação não tem "uma posição oficial" sobre a livre partilha de música nos formatos digitais. "Seguimos mais de perto o meio da música independente, que tem, regra geral, uma posição bem mais tolerante e desinteressada relativamente a todo o fenómeno, até porque sabemos que há muitos artistas que cresceram, e muito, com essa partilha livre", afirma.
Sobre o fenómeno, André Gomes diz, ainda, que "pirataria" é uma expressão que desaconselha fortemente. "É isso e o discurso que compara o descarregar de um disco na Internet com o roubo de um automóvel", sublinha.
O site está acessível através do endereço bodyspace.net.
Fonte: JN
Amor puro à música indie: cerca de 20 pessoas labutam sem remuneração para manter o Bodyspace. O site tornou-se referência na divulgação, em Português, de algumas das mais interessantes correntes da música actual. Espírito das fanzines na net.
É um caso de êxito e de militância indie: há sete anos que o site Bodyspace se actualiza regularmente com a divulgação e a reflexão sobre alguma da melhor música alternativa que se vai fazendo pelo planeta.
À partida, sete anos não parece grande coisa - mas a verdade é que não se conhece outra webzine musical portuguesa ainda activa há mais tempo. Ora, tudo resulta do esforço e da carolice de uma vintena de jovens, entre redactores, fotógrafos, malta do vídeo, ilustradores e responsáveis pelas manobras do site. Ninguém ganha dinheiro e ninguém o perde.
"Há alguma teimosia que advém do facto de estarmos verdadeiramente nisto por devoção à música e à divulgação dela", diz, ao JN, o editor, André Gomes. E acrescenta: "O Bodyspace é uma espécie de refúgio onde todos podemos fugir dos afazeres do dia-a-dia e exercermos algo verdadeiramente independente e por conta própria".
No início, nem tudo parecia fácil ou, pelo menos, o impacto da publicação era residual. Hoje, as coisas alteraram-se um pouco. "Antes, as pessoas olhavam com desconfiança para os conteúdos online gratuitos, mas, hoje em dia, isso começa a alterar-se significativamente", explica.
Arranjar uma credencial para um concerto ou solicitar às editoras uma entrevista com músicos, por exemplo, eram tarefas hercúleas. "Era complicado porque os sites de crítica musical eram vistos como algo pouco importante, de segunda linha", recorda André.
Sete anos volvidos, o Bodyspace ganhou um certo estatuto no circuito da música indie. Músicos, editoras, promotores de espectáculos e público reconhecem-lhe credibilidade assinalável e abrem-se portas.
"Agora, as coisas mudaram bastante e somos por vezes, até, "convidados" a marcar presença em alguns concertos", assume, referindo, também, que a própria estrutura das editoras se adaptou à nova ordem: "Actualmente, as editoras multinacionais têm, até, responsáveis próprios para as relações com a 'imprensa' online", diz.
"Ainda é preciso braços no ar"
Contudo, as relações entre editoras independentes e as multinacionais (ainda) são diferentes.
"Até por uma questão de linha editorial, temos mais relação com as editoras independentes, que são de trato mais fácil e directo", explica André Gomes. "Com as 'majors'", prossegue, "é um contacto mais recente e, às vezes, ainda é preciso pôr os braços no ar entre os maiores para obter alguma atenção". O editor do Bodyspace diz que a publicação não tem "uma posição oficial" sobre a livre partilha de música nos formatos digitais. "Seguimos mais de perto o meio da música independente, que tem, regra geral, uma posição bem mais tolerante e desinteressada relativamente a todo o fenómeno, até porque sabemos que há muitos artistas que cresceram, e muito, com essa partilha livre", afirma.
Sobre o fenómeno, André Gomes diz, ainda, que "pirataria" é uma expressão que desaconselha fortemente. "É isso e o discurso que compara o descarregar de um disco na Internet com o roubo de um automóvel", sublinha.
O site está acessível através do endereço bodyspace.net.
Fonte: JN