Pagamento de notícias no Google


Medida vista como cedência a Murdoch que negoceia com a Microsoft.

O Google anunciou que vai permitir aos grupos de média a cobrança pelo acesso aos seus conteúdos jornalísticos online. João Palmeiro, da Confederação de Meios, e Paulo Querido levantam algumas reservas.

A empresa norte-americana vai disponibilizar aos meios de comunicação social o dispositivo - "First Click Free" - que lhes permite que passem a cobrar pela leitura das suas notícias online, quer acedam através do motor de busca quer pelo serviço Google News. Os acessos - dos meios que aderirem - serão limitados a cinco "cliks" diários, a partir deste número será pedido ao utilizador que se registe ou então que pague para ler as restantes notícias.

No entender de João Palmeiro, presidente da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, "a medida é positiva", mas a sua implantação suscita algumas dúvidas. Segundo este responsável, se não for o Google a cobrar pelo acesso "não é novidade", uma vez que os meios já o podem fazer "noutras circunstâncias". Questionada pelo JN, a empresa sublinha que não "cobra por qualquer acesso no Google News".

Por seu lado, o jornalista Paulo Querido, especialista em novos média, considera tratar-se de uma medida que pretende "pôr água na fervura" na contenda com Rupert Murdoch.

Recorde-se que o patrão dos média australiano tem vindo a anunciar a retirada dos seus conteúdos daquela plataforma; defendendo que as notícias online devem ser pagas como forma de dignificar o jornalismo e financiar a indústria. E já há outros meios de comunicação social que pretendem seguir-lhe os passos. Notícias recentes têm dado conta de uma negociação entre Murdoch e a Microsoft no sentido de disponibilizar os conteúdos no motor de busca Bing, a troco de pagamento pela empresa criada por Bill Gates.

"Não é tecnicamente nada de especial, nem vai alterar coisa nenhuma", sublinha Paulo Querido, considerando tratar-se de uma "operação de charme", que altera algumas regras mas que não interfere no negócio da empresa de indexação de informação. "Murdoch queixa-se que o Google rouba conteúdos, mas este não é responsável pela monetização dos sites de média", prossegue o jornalista. No seu entender, os editores têm interesse em estar presente nos indexadores do Google, pois isso representa 50% a 70% dos leitores online. ´




Fonte: JN

POSTED BY Joana Vieira
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