Apple criticada por censurar iPhone


Os Repórteres Sem Fronteiras condenaram a empresa norte-americana Apple por censurar, no iPhone que é comercializado na China, conteúdos relacionadas com o líder espiritual tibetano Dalai Lama e com a activista uigur Rebilya Kadeer.

"Os utilizadores do iPhone, na China, têm o direito de saber a razão pela qual não conseguem aceder a esses conteúdos. Em nome da transparência, a companhia deverá divulgar a lista das aplicações censuradas e os critérios de selecção que foram utilizados", pode ler-se no comunicado da RSF.

A organização critica ainda a Apple por esta ter cedido às pressões das autoridades chinesas, uma situação que considera como "uma grande decepção", sobretudo devido ao facto da empresa norte-americana ser conhecida pelo "seu espírito criativo" e pelo respectivo lema: "Pensa Diferente".

"Parece que, na China, a Apple não facilita os meios para se poder pensar de forma diferente das autoridades", acrescenta a RSF, considerando que o argumento da Apple de que está unicamente a obedecer às regras locais "não constitui uma justificação plausível".

No comunicado divulgado, a organização sublinha ainda que a censura de conteúdos sobre o Dalai Lama, galardoado com o prémio Nobel da Paz em 1989, e sobre Rebilya Kadeer, candidata ao mesmo galardão, representa "uma violação das normas internacionais sobre a liberdade de expressão".

Entretanto, o IDG News Service - que edita os conteúdos para a Macworld, PC World e Computador World - já reconheceu que cinco programas de software relacionados com o líder espiritual Dalai Lama não estão disponíveis nas lojas que comercializam o iPhone no mercado chinês, assim como os que se relacionam com Rebilya Kadeer.

Nesse sentido, a RSF solicitou já ao Congresso norte-americano a adopção de uma Lei Global da Liberdade na Internet, na qual deverá ser estabelecida a proibição das multinacionais colaborarem com os censores, nos países onde vigoram leis repressivas.

Outras conceituadas empresas norte-americanas, como o Google ou o Yahoo, aceitaram também que os seus produtos não possam aceder a determinados conteúdos na China.

Apesar da lei dura que é aplicada pelas autoridades chinesas na Internet e nos meios de comunicação, a China é o país asiático com a maior comunidade de internautas do mundo, cerca de 380 milhões. Razão para que a Internet se tenha convertido num espaço de opinião inédito, com os cidadãos a recorrer a truques tecnológicos para chegar aos conteúdos interditos.



Fonte: JN

POSTED BY Joana Vieira
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