A era do 3D está a chegar
O filme "Avatar" foi o empurrão que faltava à indústria. Os analistas dizem que vai levar tempo, mas a era do 3D está a caminho.
Quando o Campeonato do Mundo de futebol começar, em Junho, não será preciso ir até à África do Sul para sentir a emoção de estar "dentro" do jogo. Por essa altura, a estação de televisão norte-americana especializada em desporto, a ESPN, vai lançar um canal exclusivamente 3D para transmitir todos os jogos da World Cup 2010. Quem arriscar a compra de uma televisão 3D até lá poderá ter uma experiência única na visualização dos jogos de futebol que vão determinar o próximo campeão.
2010 parece ser o ano em que o mercado das televisões a três dimensões arranca definitivamente, depois de vários anos em banho-maria. O enorme espaço dado ao 3D na feira Consumer Electronics Show, que começou ontem em Las Vegas, é espelho disso mesmo. Os maiores fabricantes de electrónica de consumo, como a Sony, a Toshiba, a Panasonic, a LG, a Mitsubishi e a Samsung, já começaram a apresentar os seus trunfos.
Mas as novidades do CES não se ficam por aqui: há projectores, leitores de Blu-Ray e até óculos especiais para o 3D. O canal Discovery revelou que vai juntar--se à Sony e à Imax para arrancar com o primeiro canal de cabo 3D a tempo inteiro (o da ESPN só terá programação a tempo parcial) já no final do ano.
A razão da avalanche de anúncios não é só o sucesso de "Avatar", que estreou a 18 de Dezembro e é já o quarto filme mais lucrativo de sempre. No entanto, é verdade que o filme de James Cameron abriu caminho para que fabricantes e produtores de conteúdos decidissem que está na hora de investir em 3D. Não basta ter modelos de televisão - afinal a tecnologia é conhecida e só precisa de algum aperfeiçoamento. Tal como sucede com o HD (alta definição), é preciso que os conteúdos sejam produzidos e transmitidos em 3D, ou será inútil ter em casa uma televisão de 3 mil euros que continua a ser bidimensional. Por isso, toda a indústria tem de estar sintonizada.
"Há dois anos, as pessoas diziam que o 3D provavelmente não iria funcionar", disse Howard Stringer, CEO da gigante japonesa Sony, ao diário "USA Today". O responsável frisa que houve mais abertura ao 3D nos últimos seis meses que em todos os anos anteriores. E que "apesar de não haver centenas de filmes em 3D, há uma espécie de ritmo" que vai acelerar a sua produção. "Quanto mais sucesso, mais fácil é o upgrade dos filmes para 3D, e há eventos que podem ser emocionantes, como os concertos e os vídeojogos", disse ainda Stringer. Além disso, o conteúdo 3D é menos vulnerável à pirataria - um incentivo para a indústria.
O problema, para quem vive fora de mercados como os Estados Unidos e o Japão (só nos EUA prevê-se que em 2014 45% dos lares já tenham 3D), é que a adopção destas tecnologias noutros países é muito mais lenta. A sintonia entre os agentes do mercado é mais difícil de conseguir e os preços das televisões ainda são proibitivos - poucos fabricantes tiveram a coragem de os anunciar, mas pela amostra da Vizio, uma empresa conhecida por ser low-cost, não vão ser baratos: a televisão 3D mais modesta desta marca vai custar 2 mil dólares e a mais completa 3500.
Em Portugal, o HD ainda está pouco implantado, e tão cedo não se espera um arranque brilhante do 3D - aliás, exactamente por isso: muitos consumidores fizeram aquisições dispendiosas de televisões HD e não estão dispostos a fazer novo investimento nos próximos tempos.
Por outro lado, trazer o mistério do 3D dos cinemas para a sala de estar não evita a utilização de óculos especiais - o que, admitem os próprios especialistas, não é prático para a maioria das pessoas e tem sido associado a dores de cabeça e cansaço ocular. O 3D é uma experiência imersiva, em que a tecnologia cria a ilusão de profundidade, e nem todos os conteúdos se prestam a esse banho de realidade. Quererá o consumidor realmente sentir que está dentro do estúdio televisivo de onde se transmite o jornal da noite?
"A televisão é vista enquanto se cozinha, lê, limpa ou se fazem outras coisas. Até que nos livremos dos óculos, o 3D não será uma boa maneira de ver televisão", admite Steen Iversen, CEO da Sirius 3D, citado pelo Techradar.
Há ainda dificuldades técnicas: é muito caro e difícil converter imagens 2D em 3D, ainda que as novas televisões da Toshiba e da Samsung tragam chips capazes de simular 3D com imagens em 2D. No entanto, as imagens 3D são conseguidas usando duas câmaras na altura da captação, e não se pode voltar a filmar um filme antigo. A excepção está nos desenhos animados, e é por isso que a Disney está a fazê-lo com "Toy Story".
Ainda assim, é uma evolução inevitável para a televisão, a sua "última fronteira", como diz Bob Perry, vice-presidente da Panasonic, ao USA Today. Se tudo correr como previsto, em 2018 os consumidores vão gastar 12 mil milhões de euros em televisões 3D, segundo a DisplaySearch. Até à revolução seguinte.
Fonte: ionline
Quando o Campeonato do Mundo de futebol começar, em Junho, não será preciso ir até à África do Sul para sentir a emoção de estar "dentro" do jogo. Por essa altura, a estação de televisão norte-americana especializada em desporto, a ESPN, vai lançar um canal exclusivamente 3D para transmitir todos os jogos da World Cup 2010. Quem arriscar a compra de uma televisão 3D até lá poderá ter uma experiência única na visualização dos jogos de futebol que vão determinar o próximo campeão.
2010 parece ser o ano em que o mercado das televisões a três dimensões arranca definitivamente, depois de vários anos em banho-maria. O enorme espaço dado ao 3D na feira Consumer Electronics Show, que começou ontem em Las Vegas, é espelho disso mesmo. Os maiores fabricantes de electrónica de consumo, como a Sony, a Toshiba, a Panasonic, a LG, a Mitsubishi e a Samsung, já começaram a apresentar os seus trunfos.
Mas as novidades do CES não se ficam por aqui: há projectores, leitores de Blu-Ray e até óculos especiais para o 3D. O canal Discovery revelou que vai juntar--se à Sony e à Imax para arrancar com o primeiro canal de cabo 3D a tempo inteiro (o da ESPN só terá programação a tempo parcial) já no final do ano.
A razão da avalanche de anúncios não é só o sucesso de "Avatar", que estreou a 18 de Dezembro e é já o quarto filme mais lucrativo de sempre. No entanto, é verdade que o filme de James Cameron abriu caminho para que fabricantes e produtores de conteúdos decidissem que está na hora de investir em 3D. Não basta ter modelos de televisão - afinal a tecnologia é conhecida e só precisa de algum aperfeiçoamento. Tal como sucede com o HD (alta definição), é preciso que os conteúdos sejam produzidos e transmitidos em 3D, ou será inútil ter em casa uma televisão de 3 mil euros que continua a ser bidimensional. Por isso, toda a indústria tem de estar sintonizada.
"Há dois anos, as pessoas diziam que o 3D provavelmente não iria funcionar", disse Howard Stringer, CEO da gigante japonesa Sony, ao diário "USA Today". O responsável frisa que houve mais abertura ao 3D nos últimos seis meses que em todos os anos anteriores. E que "apesar de não haver centenas de filmes em 3D, há uma espécie de ritmo" que vai acelerar a sua produção. "Quanto mais sucesso, mais fácil é o upgrade dos filmes para 3D, e há eventos que podem ser emocionantes, como os concertos e os vídeojogos", disse ainda Stringer. Além disso, o conteúdo 3D é menos vulnerável à pirataria - um incentivo para a indústria.
O problema, para quem vive fora de mercados como os Estados Unidos e o Japão (só nos EUA prevê-se que em 2014 45% dos lares já tenham 3D), é que a adopção destas tecnologias noutros países é muito mais lenta. A sintonia entre os agentes do mercado é mais difícil de conseguir e os preços das televisões ainda são proibitivos - poucos fabricantes tiveram a coragem de os anunciar, mas pela amostra da Vizio, uma empresa conhecida por ser low-cost, não vão ser baratos: a televisão 3D mais modesta desta marca vai custar 2 mil dólares e a mais completa 3500.
Em Portugal, o HD ainda está pouco implantado, e tão cedo não se espera um arranque brilhante do 3D - aliás, exactamente por isso: muitos consumidores fizeram aquisições dispendiosas de televisões HD e não estão dispostos a fazer novo investimento nos próximos tempos.
Por outro lado, trazer o mistério do 3D dos cinemas para a sala de estar não evita a utilização de óculos especiais - o que, admitem os próprios especialistas, não é prático para a maioria das pessoas e tem sido associado a dores de cabeça e cansaço ocular. O 3D é uma experiência imersiva, em que a tecnologia cria a ilusão de profundidade, e nem todos os conteúdos se prestam a esse banho de realidade. Quererá o consumidor realmente sentir que está dentro do estúdio televisivo de onde se transmite o jornal da noite?
"A televisão é vista enquanto se cozinha, lê, limpa ou se fazem outras coisas. Até que nos livremos dos óculos, o 3D não será uma boa maneira de ver televisão", admite Steen Iversen, CEO da Sirius 3D, citado pelo Techradar.
Há ainda dificuldades técnicas: é muito caro e difícil converter imagens 2D em 3D, ainda que as novas televisões da Toshiba e da Samsung tragam chips capazes de simular 3D com imagens em 2D. No entanto, as imagens 3D são conseguidas usando duas câmaras na altura da captação, e não se pode voltar a filmar um filme antigo. A excepção está nos desenhos animados, e é por isso que a Disney está a fazê-lo com "Toy Story".
Ainda assim, é uma evolução inevitável para a televisão, a sua "última fronteira", como diz Bob Perry, vice-presidente da Panasonic, ao USA Today. Se tudo correr como previsto, em 2018 os consumidores vão gastar 12 mil milhões de euros em televisões 3D, segundo a DisplaySearch. Até à revolução seguinte.
Fonte: ionline