EUA barram entrada a haitianos
As autoridades americanas vão impedir a entrada de haitianos nos Estados Unidos porque “o seu país precisa deles para a reconstrução”, justificou hoje a chefe da Segurança Interna, Janet Napolitano.
Na véspera fora lançado o aviso de que mais de mil tendas estão a ser preparadas em Guantánamo, para canalizar para ali todos os “boat people” que tentarem chegar à costa norte-americana.
“O sismo que destruiu o Haiti é uma catástrofe, mas não deve ser uma oportunidade para emigrar”, explicou Napolitano durante uma conferência de imprensa em Toledo, Espanha. “Os haitianos devem continuar no seu país para ajudar na reconstrução, porque este foi atingido em todas as suas infra-estruturas”, cita a AFP.
A política de firmeza adoptada por Washington contra a imigração tinha sido anunciada ontem pela secretária de Estado, Hillary Clinton. “As leis normais serão aplicadas, o que significa que os EUA não aceitarão os haitianos que tentarem chegar à nossa costa”, avisou. “Verão proibida a entrada e serão repatriados.”
Para os que não respeitarem o aviso, o destino mais provável será Guantánamo. O centro de detenções na ilha de Cuba está a ser preparado para receber mais de 10 mil pessoas, segundo o seu responsável, almirante Thomas Copeman. Os haitianos ficarão alojados no lado oposto ao da prisão, onde estão dezenas de suspeitos de terrorismo, e não terão qualquer contacto com os detidos, assegurou.
Por seu lado, Napolitano lembrou ainda que a Administração concordou em dar asilo temporário, a título humanitário, aos haitianos que se encontravam sem documentos nos EUA no dia do terramoto, a 12 de Janeiro, “para que possam trabalhar e ajudar as suas famílias”. Estima-se que mais de 100 mil estejam nesta situação.
220 mil empregos
Para tentar manter os haitianos no seu país, e com alguns rendimentos, as Nações Unidas anunciaram ontem a criação do programa “trabalho por comida”: quem participar nas tarefas de remoção dos escombros, limpeza e reconstrução ganhará cinco dólares por dia.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu o apoio do ex-Presidente norte-americano, Bill Clinton, para aplicar o projecto, de cinco milhões de dólares, proveniente do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e do Governo espanhol. “Fico feliz por Clinton se ter comprometido a trabalhar nisto com a ONU”, afirmou Ban. Segundo a AFP, o objectivo é empregar cerca de 220 mil pessoas, o que permitirá beneficiar várias famílias e atingir um milhão de haitianos.
Dez dias passados sobre o sismo, que poderá ter feito 200 mil mortos, a ONU referiu hoje que as suas equipas de salvamento vão agora “concentrar-se” em dar assistência aos três milhões de vítimas, e não tanto na procura de sobreviventes. Mas este não é ainda o anúncio oficial do fim das tentativas de encontrar pessoas com vida entre os escombros.
“As equipas de socorro concentram-se cada vez mais na ajuda humanitária às pessoas com necessidades”, explicou à agência francesa uma porta-voz do gabinete de coordenação das questões humanitárias das Nações Unidas (Ocha), Elisabeth Byrs. “As equipas ligeiras começam a regressar”, enquanto as “equipas munidas de equipamento pesado continuarão a desenterrar os corpos”. Até agora, os resgates conseguiram salvar 121 pessoas, mas as probabilidades de mais “milagres”, como já lhes chamou Byrs, são ínfimas.
A missão das agências humanitárias é ciclópica. Já começam a circular água, alimentos e medicamentos, refere a Reuters, mas há que dar abrigo a 1,5 milhões – e muitos continuam demasiado traumatizados para dormir sob um tecto.
Ontem, o Governo anunciou que está a retomar progressivamente “o controlo da situação”. Segundo o ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, isso passa por “uma vasta operação já a decorrer” para realojar 400 mil sobreviventes, que irão ser distribuídos por vários campos, a serem criados fora da devastada Port au Prince. O ministro referiu que 100 mil ficarão em dez aldeias de tendas em Croix Des Bouquets, a norte da capital.
Fonte: Público
Na véspera fora lançado o aviso de que mais de mil tendas estão a ser preparadas em Guantánamo, para canalizar para ali todos os “boat people” que tentarem chegar à costa norte-americana.
“O sismo que destruiu o Haiti é uma catástrofe, mas não deve ser uma oportunidade para emigrar”, explicou Napolitano durante uma conferência de imprensa em Toledo, Espanha. “Os haitianos devem continuar no seu país para ajudar na reconstrução, porque este foi atingido em todas as suas infra-estruturas”, cita a AFP.
A política de firmeza adoptada por Washington contra a imigração tinha sido anunciada ontem pela secretária de Estado, Hillary Clinton. “As leis normais serão aplicadas, o que significa que os EUA não aceitarão os haitianos que tentarem chegar à nossa costa”, avisou. “Verão proibida a entrada e serão repatriados.”
Para os que não respeitarem o aviso, o destino mais provável será Guantánamo. O centro de detenções na ilha de Cuba está a ser preparado para receber mais de 10 mil pessoas, segundo o seu responsável, almirante Thomas Copeman. Os haitianos ficarão alojados no lado oposto ao da prisão, onde estão dezenas de suspeitos de terrorismo, e não terão qualquer contacto com os detidos, assegurou.
Por seu lado, Napolitano lembrou ainda que a Administração concordou em dar asilo temporário, a título humanitário, aos haitianos que se encontravam sem documentos nos EUA no dia do terramoto, a 12 de Janeiro, “para que possam trabalhar e ajudar as suas famílias”. Estima-se que mais de 100 mil estejam nesta situação.
220 mil empregos
Para tentar manter os haitianos no seu país, e com alguns rendimentos, as Nações Unidas anunciaram ontem a criação do programa “trabalho por comida”: quem participar nas tarefas de remoção dos escombros, limpeza e reconstrução ganhará cinco dólares por dia.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu o apoio do ex-Presidente norte-americano, Bill Clinton, para aplicar o projecto, de cinco milhões de dólares, proveniente do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e do Governo espanhol. “Fico feliz por Clinton se ter comprometido a trabalhar nisto com a ONU”, afirmou Ban. Segundo a AFP, o objectivo é empregar cerca de 220 mil pessoas, o que permitirá beneficiar várias famílias e atingir um milhão de haitianos.
Dez dias passados sobre o sismo, que poderá ter feito 200 mil mortos, a ONU referiu hoje que as suas equipas de salvamento vão agora “concentrar-se” em dar assistência aos três milhões de vítimas, e não tanto na procura de sobreviventes. Mas este não é ainda o anúncio oficial do fim das tentativas de encontrar pessoas com vida entre os escombros.
“As equipas de socorro concentram-se cada vez mais na ajuda humanitária às pessoas com necessidades”, explicou à agência francesa uma porta-voz do gabinete de coordenação das questões humanitárias das Nações Unidas (Ocha), Elisabeth Byrs. “As equipas ligeiras começam a regressar”, enquanto as “equipas munidas de equipamento pesado continuarão a desenterrar os corpos”. Até agora, os resgates conseguiram salvar 121 pessoas, mas as probabilidades de mais “milagres”, como já lhes chamou Byrs, são ínfimas.
A missão das agências humanitárias é ciclópica. Já começam a circular água, alimentos e medicamentos, refere a Reuters, mas há que dar abrigo a 1,5 milhões – e muitos continuam demasiado traumatizados para dormir sob um tecto.
Ontem, o Governo anunciou que está a retomar progressivamente “o controlo da situação”. Segundo o ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, isso passa por “uma vasta operação já a decorrer” para realojar 400 mil sobreviventes, que irão ser distribuídos por vários campos, a serem criados fora da devastada Port au Prince. O ministro referiu que 100 mil ficarão em dez aldeias de tendas em Croix Des Bouquets, a norte da capital.
Fonte: Público