Três tecnologias que vão marcar 2010


A CES, uma das maiores feiras de electrónica de consumo do mundo, arranca quinta-feira, em Las Vegas. E as empresas já começaram a anunciar os produtos que vão marcar 2010.

3D

O Avatar de James Cameron ajudou a popularizar uma tecnologia que já tinha chegado às salas de cinema em filmes de animação. Desejosa de oferecer uma experiência que os downloads via Internet não permitem, a indústria cinematográfica voltou a embarcar (já o tinha tentado antes) na exploração das imagens a três dimensões.

O 3D, contudo, não se ficará pelas salas de cinema. Já para a CES, empresas como a LG e a Samsung prepararam-se para mostrar televisões com imagens a três dimensões, destinadas ao mercado doméstico.

Entre as televisões 3D, há aquelas para as quais são precisos óculos especiais (tal como no cinema) e outras em que o efeito é conseguido sem recurso a qualquer acessório. Mas a tridimensionalidade ainda está longe de ser perfeita. E as legendas, por exemplo, quebram com frequência a ilusão.

A Sony é uma das empresas que acredita que 2010 será o ano do 3D no consumo doméstico. Para este ano, a multinacional já anunciou que vai incorporar “compatibilidade com 3D” na linha de televisores Bravia, em leitores de Blu-ray, em computadores Vaio e na consola Playstation 3.

Durante o Mundial de 2010, a Sony vai filmar jogos recorrendo a tecnologia 3D e as imagens tridimensionais serão exibidas em alguns dos eventos públicos organizados pela FIFA (Portugal não está contemplado). Está também planeado o lançamento de um filme tridimensional do Mundial.

Numa apresentação para a imprensa, em laboratórios de investigação e desenvolvimento em Basingstoke, Inglaterra (em que o PÚBLICO esteve presente), a Sony demonstrou – num grande ecrã cinematográfico e com recurso a óculos – a visualização de uma partida de futebol em 3D. Embora fosse possível notar as diferenças face a uma imagem convencional, a experiência estava longe de ser radicalmente diferente.

Tablets

São basicamente computadores com um grande ecrã sensível ao toque. O conceito não é novo e até já foram lançados dispositivos deste género, inclusivamente por marcas de renome – mas nenhum teve grande sucesso e alguns modelos acabaram por ficar circunscritos a utilizações profissionais específicas.

Com a explosão de smartphones sensíveis ao toque e a criação de mercados online para venda de música, jogos e aplicações de todo o género (é o caso da loja de aplicações da Apple ou de lojas semelhantes de empresas como a Nokia), cimentou-se em 2009 a tecnologia necessária para o lançamento de tablets com sucesso. E há muito que os mais entusiastas esperam por um aparelho deste género.

Embora possa permitir realizar tarefas de trabalho (como editar documentos ou folhas de cálculo) o mais provável é que os tablets que surjam em 2010 estejam voltados para o consumo de conteúdos de entretenimento. O formato, sem teclado físico, faz com que sejam apropriados para servir como “computadores de sofá”.

A Apple tem marcado um evento para 26 de Janeiro e muitos esperam (embora não haja confirmação oficial) que seja o momento em que a empresa vai anunciar um tablet (especula-se que se poderá chamar iSlate).

A empresa que fabricou o iPhone tem vários trunfos para apresentar um tablet de sucesso: o iPhone e o iPod Touch (este iPod é, essencialmente, um iPhone sem a câmara e o telemóvel integrados) já são pequenos computadores de bolso, com ecrãs sensíveis a toques e gestos.

Um tablet poderia, simplesmente, ser uma versão ampliada do iPod Touch, com um ecrã mais perto das dez polegadas (o Touch tem um ecrã de 3,5 polegadas).

Por outro lado, a Apple construiu a mais conhecida loja onlne de música e de aplicações. Nos EUA, é mesmo possível descarregar filmes e séries televisivas – um modelo perfeito para disponibilizar conteúdos para um “computador de sofá”.

Por fim, a empresa tem um enorme impacto mediático, uma preocupação estética que (já muitas outras empresas o aprenderam) é importante no actual mercado da tecnologia de consumo e uma legião de fãs disposta a comprar quase tudo o que tenha uma maçã gravada.

A confirmarem-se os rumores, a Apple não será, porém, a única a apostar neste sector. Muitas empresas que produzem smartphones poderão seguir o processo de recorrer à tecnologia já desenvolvida para criarem um tablet.

Já na CES, uma start-up indiana chamada Notion Ink vai apresentar um protótipo de um tablet com ecrã de 10,1 polegadas.

e-books

Foram uma das tecnologias mais mediatizadas em 2009.

A Amazon fez um grande esforço para promover a tecnologia. Em Outubro, anunciou que o Kindle (o aparelho que é considerado o líder de mercado, embora a Amazon se recuse a revelar números de vendas) poderia ser encomendado a partir de praticamente qualquer país do mundo. E, num momento simbólico, a empresa vendeu mais e-books no dia de Natal do que livros impressos (e o Kindle foi o produto mais oferecido pelo clientes da Amazon durante a época natalícia).

Os leitores de e-books caracterizam-se por um ecrã que não emite luz – o que significa que gasta muito pouca bateria, pode ser lido sem problemas ao ar livre e em condições de grande luminosidade directa e que não é cansativo para os olhos, contrariamente ao que acontece com os ecrãs de computador. Mas estes ecrãs também têm desvantagens – a começar pelo facto de o “folhear” demorar uma fracção de segundo que alguns leitores consideram incómoda.

Para além da Amazon, muitas outras empresas já apresentaram aparelhos deste género (há imensos leitores de e-books, embora a maioria seja de marcas praticamente desconhecida e tenha muito pouca expressão num mercado que já não é grande).

A Sony tem também investido no sector e lançou em 2009 novos modelos do Sony Reader – um dos quais com um preço de 199 dólares (cerca de 134 euros, o Kindle custa 180 euros) e com o objectivo de atrair novos utilizadores.

Na CES, a Plastic Logic, uma empresa que há muito desenvolve tecnologia de tinta electrónica e que é reputada no meio, vai apresentar um leitor destinado ao mercado profissional. Muitos acreditam que a leitura de documentos, manuais, livros técnicos e escolares são precisamente o filão que estes aparelhos devem explorar.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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