Mais acessos gratuitos às artes
Gostamos sobretudo de cinema e pagamos para ver. Nos outros equipamentos culturais preferimos aproveitar as "borlas".
Grande parte da cultura disponibilizada pelos organismos públicos é gratuita. Nos museus, nos palácios, nos teatros, no bailado, são mais os que entram sem pagar bilhete do que os que pagam.
Nos museus da rede nacional, por exemplo, 62 por cento das entradas não são pagas - esta é uma tendência que começou em 2005 e se foi acentuando. E apesar de em 2007 o número de entradas pagas ter voltado a ser ligeiramente superior ao das gratuitas, em 2008 atingiu-se a maior diferença: dos 1,218 milhões de visitantes registados, 465 mil pagaram e 752 mil não pagaram.
Nos monumentos, a divisão é mais equilibrada, com 51 por cento a pagar, mas nos palácios (que, tal como os museus, são geridos pelo Instituto dos Museus e da Conservação) verifica-se novamente que são mais os que não pagam bilhete de entrada do que os que pagam.
E se nos teatros nacionais - o São João, no Porto, e o D. Maria II, em Lisboa - a percentagem de entradas pagas é um pouco superior à das gratuitas, já nos espectáculos da Companhia Nacional de Bailado (CNB) é exactamente o contrário. Em 2008, dos cerca de 27 mil espectadores da CNB, 18 mil não pagaram. E no ano anterior a situação foi ainda mais evidente: dos 19 mil que foram assistir a um bailado apenas 4 mil pagaram o bilhete.
Esta é uma das conclusões que é possível tirar das Estatísticas Culturais do Ministério da Cultura Janeiro 2010, uma compilação de dados que o Observatório das Actividades Culturais acaba de disponibilizar no seu site (www.oac.pt). Os números não são inéditos, mas o trabalho tem o mérito de os recolher e de os apresentar com uma lógica de arrumação que não é a dos organismos mas a dos domínios culturais. O período abrangido é, na maioria dos casos, o que vai de 2000 a 2008. Os autores do estudo não quiseram tirar conclusões, mas apenas disponibilizar os dados, que a partir de agora serão actualizados todos os anos.
Verifica-se - o que está longe de ser uma surpresa - que, depois de ter atingido um pico em 2002, o peso do orçamento da Cultura no Orçamento do Estado tem vindo sempre a cair (excepto em 2005, ano em que voltou a subir), atingido o seu valor mais baixo em 2009.
Cada vez menos para o Sul
Salta à vista igualmente a diferença de investimento nas diferentes regiões: se Lisboa é a que mais absorve dinheiro para actividades culturais, o Norte é também claramente beneficiado quando comparamos com o pouco investimento que há no Sul. O Alentejo e o Algarve têm desde 2005 vindo a perder fundos para a cultura de forma acentuada, ao mesmo tempo que Lisboa e o Norte têm vindo a ganhar.
Por outro lado, é inegável o investimento na criação de novos equipamentos - as bibliotecas públicas passaram de uma em 1998 para 173 em 2008 (e na Biblioteca Nacional a documentação consultada aumentou de forma muito considerável entre 2007 e 2008). Também os teatros, coliseus e auditórios cresceram significativamente: de 85 em 2004 para 340 em 2008 (só nesse ano criaram-se 125 novos recintos desse tipo), o que não significa que todos eles conseguiam garantir uma programação constante e de qualidade.
Mas o que os portugueses continuam realmente a preferir, colocando-o a uma distância imensa de todas as outras actividades culturais, é o cinema. Curiosamente, parece haver uma tendência para se ver cada vez mais cinema europeu e português, enquanto o cinema americano, embora continue claramente dominante, tem vindo a perder espectadores.
Fonte: Público
Grande parte da cultura disponibilizada pelos organismos públicos é gratuita. Nos museus, nos palácios, nos teatros, no bailado, são mais os que entram sem pagar bilhete do que os que pagam.
Nos museus da rede nacional, por exemplo, 62 por cento das entradas não são pagas - esta é uma tendência que começou em 2005 e se foi acentuando. E apesar de em 2007 o número de entradas pagas ter voltado a ser ligeiramente superior ao das gratuitas, em 2008 atingiu-se a maior diferença: dos 1,218 milhões de visitantes registados, 465 mil pagaram e 752 mil não pagaram.
Nos monumentos, a divisão é mais equilibrada, com 51 por cento a pagar, mas nos palácios (que, tal como os museus, são geridos pelo Instituto dos Museus e da Conservação) verifica-se novamente que são mais os que não pagam bilhete de entrada do que os que pagam.
E se nos teatros nacionais - o São João, no Porto, e o D. Maria II, em Lisboa - a percentagem de entradas pagas é um pouco superior à das gratuitas, já nos espectáculos da Companhia Nacional de Bailado (CNB) é exactamente o contrário. Em 2008, dos cerca de 27 mil espectadores da CNB, 18 mil não pagaram. E no ano anterior a situação foi ainda mais evidente: dos 19 mil que foram assistir a um bailado apenas 4 mil pagaram o bilhete.
Esta é uma das conclusões que é possível tirar das Estatísticas Culturais do Ministério da Cultura Janeiro 2010, uma compilação de dados que o Observatório das Actividades Culturais acaba de disponibilizar no seu site (www.oac.pt). Os números não são inéditos, mas o trabalho tem o mérito de os recolher e de os apresentar com uma lógica de arrumação que não é a dos organismos mas a dos domínios culturais. O período abrangido é, na maioria dos casos, o que vai de 2000 a 2008. Os autores do estudo não quiseram tirar conclusões, mas apenas disponibilizar os dados, que a partir de agora serão actualizados todos os anos.
Verifica-se - o que está longe de ser uma surpresa - que, depois de ter atingido um pico em 2002, o peso do orçamento da Cultura no Orçamento do Estado tem vindo sempre a cair (excepto em 2005, ano em que voltou a subir), atingido o seu valor mais baixo em 2009.
Cada vez menos para o Sul
Salta à vista igualmente a diferença de investimento nas diferentes regiões: se Lisboa é a que mais absorve dinheiro para actividades culturais, o Norte é também claramente beneficiado quando comparamos com o pouco investimento que há no Sul. O Alentejo e o Algarve têm desde 2005 vindo a perder fundos para a cultura de forma acentuada, ao mesmo tempo que Lisboa e o Norte têm vindo a ganhar.
Por outro lado, é inegável o investimento na criação de novos equipamentos - as bibliotecas públicas passaram de uma em 1998 para 173 em 2008 (e na Biblioteca Nacional a documentação consultada aumentou de forma muito considerável entre 2007 e 2008). Também os teatros, coliseus e auditórios cresceram significativamente: de 85 em 2004 para 340 em 2008 (só nesse ano criaram-se 125 novos recintos desse tipo), o que não significa que todos eles conseguiam garantir uma programação constante e de qualidade.
Mas o que os portugueses continuam realmente a preferir, colocando-o a uma distância imensa de todas as outras actividades culturais, é o cinema. Curiosamente, parece haver uma tendência para se ver cada vez mais cinema europeu e português, enquanto o cinema americano, embora continue claramente dominante, tem vindo a perder espectadores.
Fonte: Público