A coragem de Joannie Rochette


Quando a música começou a soar, Joannie Rochette mudou de expressão e lançou-se para mais um grande desempenho. A medalha de ouro estava longe, já a caminho das mãos da sul-coreana Kim Yu-Na, mas havia muito mais em jogo. Sem a fã número um nas bancadas - a mãe, Thérèse, falecida dois dias antes com um ataque cardíaco -, Joannie Rochette lutou pelo objectivo que lhe interessava: homenagear a mãe, que até então nunca perdera uma oportunidade de ver a filha patinar.

Rochette proporcionou ao público canadiano dois dos momentos mais emocionantes dos Jogos Olímpicos que eles próprios organizam. Primeiro quando decidiu competir apesar da dor provocada pela morte da mãe. A resposta ficou à vista: conseguiu 71,36 pontos no programa curto - o melhor registo da sua carreira. Ontem, quatro dias após o fatídico momento, Joannie Rochette voltou à pista para encantar os seus compatriotas com o desempenho no programa livre. Ao som de "Sansão e Dalila" de Camille Saint-Saëns, a canadiana esteve à altura das melhores, sempre com um ar sereno e concentrado, digno de um verdadeiro rochedo.

Quando a prova terminou, agradeceu, emocionada, e seguiu até junto da sua treinadora. A expressão já era outra, mas as lágrimas estavam guardadas para o momento de conhecer a pontuação final. Rochette arrecadou novo recorde pessoal - 131,28 no programa livre - e amealhou os pontos suficientes para assegurar a medalha de bronze. Foi aí, no "Kiss and Cry" (em português, beija e chora) - a zona onde as atletas esperam pela pontuação junto dos treinadores -, que as lágrimas começaram a cair. "Sinto- -me orgulhosa e o resultado não interessa. Mas estou feliz por estar no pódio. Era um projecto de vida para mim e para a minha mãe e agora conseguimos isso."

Logo a seguir Joannie confessou a previsão feita pela mãe dias antes: "Vais conseguir estar no pódio. Tu sabes." No momento decisivo faltou-lhe a fã número um, mas sobraram mensagens de apoio e manifestações de carinho. "Senti tanto amor em tão pouco tempo... Todos os vossos comentários e todas as vossas cartas me ajudaram mesmo, de uma forma ou de outra, a ir para a pista e patinar por mim, pelo meu país e pela minha mãe."

O bronze olímpico junta-se à prata de Rochette nos Mundiais de 2009 e permite ao Canadá quebrar um jejum de 22 anos sem medalhas na modalidade.





Fonte: Ionline

POSTED BY Mari
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