85% de adesão à greve dos enfermeiros


O Ministério da Saúde (MS) anunciou hoje que a adesão à greve dos enfermeiros se situa nos 72,32 por cento, enquanto o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) indicou cerca de 85 por cento.

Segundo os dados do MS, dos 13.115 enfermeiros escalados, 9485 aderiram à greve (72,32 por cento). Pormenorizando os dados, o MS refere que no turno das 10h00 às 16h00, dos 6636 enfermeiros escalados, 4946 aderiram à greve, enquanto no turno das 16h00 às 24h00 dos 72 enfermeiros escalados, 63 vão paralisar. Relativamente aos enfermeiros sem escala, dos 789 que deviam estar operacionais, 381 paralisaram.

À porta do Hospital de São José, em Lisboa, o coordenador do SEP indicou que, às 11h30, com 42 hospitais apurados, os dados indicavam uma adesão entre os 80 e os 85 por cento”. Apesar de estarem a ser assegurados os serviços mínimos, José Carlos Martins disse que “há situações em que os utentes não têm cuidados de enfermagem, nomeadamente nas cirurgias, consultas de enfermagem, sobretudo nas áreas da vacinação, cuidados domiciliários”.

Para o responsável, estes números demonstram “uma grande insatisfação por parte dos enfermeiros relativamente às soluções que o Ministério da Saúde não apresenta”. Além da tabela salarial do início de carreira, “é determinante que o Ministério apresente a compensação económica para os enfermeiros que obtêm o título de enfermeiro especialista”. “Hoje os enfermeiros já pouco acreditam nas promessas políticas do ministério, quando confrontada com a medida efectiva”, sublinhou.

José Carlos Martins deu um “exemplo”: “A Sra. ministra da Saúde exalta a relevância e o papel dos enfermeiros no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), contudo o conselho directivo do INEM acabou de dar ordem de expulsão a cerca de 90 enfermeiros dos CODU, pondo em causa a própria qualidade da assistência em situações de acidentados ou doença súbita”.

Questionado sobre a acusação da ministra da Educação de que os enfermeiros aceitam trabalhar no sector privado por 900 euros e no público exigem 1200 euros, o dirigente comentou que estes valores não podem servir de “baliza para o sector público, até porque este contrato para o privado é de renegociação anual”. “Essa é uma falsa questão. O que vale é que hoje a Administração Pública publicou uma lei em que proíbe a si mesmo ter um licenciado ao seu serviço a receber menos de 1200 euros”, frisou.

José Carlos Martins lembrou que o que o Ministério da Saúde está a propor é que “apenas em 2013 os enfermeiros aufiram essa remuneração”. “Quanto ao privado, de facto nós assinámos um acordo, mas com a noção de que os 900 euros de entrada é apenas um ano e que passado pouco tempo chegarão aos 1165 e depois aos 1300 euros”, justificou, lembrando que não havia regulação neste sector.

A greve decretada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses teve início às 14h00 de ontem e termina às 08h00 de quinta-feira.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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