Advogados para animais mal tratados


Os suíços podem hoje, domingo, pronunciar-se, em referendo, sobre a possibilidade de os animais domésticos e de quinta serem representados por advogados em caso de maus tratos ou negligência.

A iniciativa é da liga suíça de protecção animal, que reuniu as 100 mil assinaturas necessárias para que o referendo se tornasse obrigatório e argumenta que os maus tratos dos animais não são levados a sério e que as autoridades não chegam a levar estes abusos a tribunal.

A face desta campanha é o activista dos direitos dos animais Antoine Goetschel, que se tornou o modelo do advogado dos animais defendido na iniciativa que vai agora a referendo.

Nomeado para o cargo no cantão de Zurique em 2007, o advogado funciona como um procurador, representando os interesses do estado em casos de bem-estar animal.

Desde então tem trabalhado em diversos casos, desde uma mulher que tinha 149 gatos até um pescador que deixou um peixe a lutar na linha durante demasiado tempo.

Num país que é já um dos mais avançados nos direitos dos animais, nem todos estão de acordo com a iniciativa agora a votos. Agricultores, caçadores e criadores de animais têm manifestado a sua oposição, afirmando que resultará em mais legislação e regras mais rígidas e alguns opositores já lançaram uma campanha intitulada "Não aos inúteis advogados dos animais".

O próprio governo suíço recomendou aos eleitores que rejeitem a proposta, defendendo que os advogados dos animais são desnecessários e que as leis existentes são suficientes.

Em Portugal, a presidente da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais afirmou que a "única forma" de defender os animais é nos tribunais, mostrando-se a favor do referendo suíço.

"Fiquei muito contente por saber que isso vai acontecer, porque os animais têm realmente necessidade de ser defendidos", disse à agência Lusa Maria do Céu Sampaio.

"Se temos a defesa do ambiente, também temos de ter a defesa dos animais, que são seres vivos, que sofrem e, por conseguinte, merecem respeito", advogou.

Para Maria do Céu Sampaio, a "única forma" de defender os animais é pela "base jurídica" e, nesse sentido, espera que "o referendo vá avante".




Fonte: JN

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