Estratégia geral para a animação


Delinear uma estratégia geral para a animação portuguesa, que permita racionalizar o investimento que se faz no sector e potenciar o trabalho individual de realizadores, argumentistas e animadores, é o grande objectivo do segundo Encontro Nacional de Profissionais e Amigos da Animação, que decorrerá amanhã no Cinema São Jorge, em Lisboa, integrado no Monstra, o festival de cinema de animação.

José Miguel Ribeiro, um dos grandes responsáveis pela visibilidade que a animação portuguesa conquistou nos últimos anos - o seu filme "A Suspeita" (2000) ganhou 21 prémios, entre os quais o prestigiado Cartoon d"Or (o equivalente ao Óscar para a animação europeia de autor) -, confessa que já está "um bocadinho cansado" de discutir os problemas do sector em "conversas de café" e acha que os profissionais de animação têm que pensar em conjunto que passos devem ser dados para melhorar a formação, assegurar financiamentos regulares, ou garantir uma eficaz divulgação dos projectos.

Este movimento de reflexão começou há dois meses, em Montemor-o-Novo, num primeiro encontro que reuniu mais de uma centena de profissionais, e no qual se criaram grupos de trabalho dedicados a temas como a definição de públicos, o associativismo, os direitos de autor ou os problemas da produção.

Os resultados destes trabalhos parcelares serão agora discutidos no encontro de Lisboa, e o objectivo dos organizadores é partir deles para a redacção de uma "carta estratégica" para o sector, que deverá ser apresentada em Novembro, na próxima edição do Cinanima, em Espinho.

Um dos aspectos que José Miguel Ribeiro crê que serão necessários melhorar é o da formação. Reconhecendo que há finalmente cursos de animação em várias universidades, o realizador e produtor acha, no entanto, que os currículos "são deficitários" e que tendem a repetir-se uns aos outros. "O ideal seria que cada escola se especializasse numa determinada área", argumenta.

Ribeiro critica também o modo como tem funcionado o Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual (FICA) - que está neste momento suspenso -, quer por investir em séries de televisão e noutros formatos comerciais, quer pelo facto de só a RTP2 apoiar projectos de animação, quando todos os canais generalistas são parceiros deste organismo.

Ao contrário de outras artes, cujos criadores se cruzam com frequência, os profissionais da animação "vão para casa trabalhar", nota Ribeiro, o que, diz, torna estes encontros tanto mais necessários.





Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
POSTED IN ,
DISCUSSION