Todos os poemas das nossas vidas


É um volume que impressiona a diversos títulos, a começar pela imponência da edição. São quase 2500 páginas, 267 autores e 800 anos representados numa das maiores antologias de poesia portuguesa jamais feita.

Da consulta pormenorizada do livro, fica uma certeza: este é um projecto que não se esgota no imediato, contrariando a actual rotação acelerada das novidades nos escaparates das livrarias.

Por isso, para lá de todo o rigor colocado na sua elaboração, o valor didáctico é a característica mais marcante de "Poemas portugueses - poemas portugueses do século XIII ao século XXI".

Quando se incluem duas centenas e meia de autores, o risco de exclusão é menor (embora nomes como Ernesto Sampaio e Carlos Bessa, só para citar dois casos, pudessem estar incluídos), mas não deixam de causar estranheza algumas opções, como a inclusão de apenas um poema de Manuel Gusmão, cuja obra se perfila de valor inquestionável entre os autores contemporâneos, ou ainda o destaque reduzido atribuído a Herberto Helder, quando comparado com outros poetas indiscutivelmente menos relevantes.

Da mesma forma, afigura-se no mínimo discutível o facto de o século XX ter mais representantes do que todos os outros períodos juntos. Por muito acentuado que tenha sido o desenvolvimento editorial no século passado, a verdade é que o efeito da proximidade temporal acabou por sobrepor-se aos restantes critérios de aferição.

Mesmo somando estas pequenas imperfeições, nada belisca a importância editorial do presente volume, que reúne as virtudes necessárias para ser uma referência para futuras gerações.





Fonte: JN

POSTED BY Mari
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