Hoje é dia de iPad


Quando em Lisboa forem duas da tarde, as portas de centenas de lojas nos Estados Unidos vão ser escancaradas por fãs da Apple mortinhos por pôr as mãos no iPad. Em Nova Iorque, a fila começou a ser composta na quinta-feira, à porta da Apple Store da 5.a Avenida. E embora não se espere a mesma histeria que rodeou o lançamento do iPhone, em Junho de 2007, vários analistas prevêem que o iPad já esteja esgotado hoje à tarde. Mesmo custando entre 499 dólares para a versão de 16 gigas e 699 dólares para 64 gigas.

"O iPad pode vir a ser tão revolucionário que um dia vamos olhar para trás para o seu lançamento, como um Alexander Graham Bell a falar com Watson", escrevia ontem Howard Kurtz no "Washington Post". "Ou não", acrescentava depois, com uma ponta de ironia. Ninguém sabe se o iPad será tão importante para os computadores como o iPhone está a ser para a indústria dos telemóveis. Mas o facto de as revistas "Time" e "Newsweek" terem escolhido o tablet da Apple para a capa na mesma semana revela muito sobre o impacto que se espera.

"É o primeiro computador que não requer qualquer tipo de formação, que é verdadeiramente acessível e útil para toda a gente", escreveu o especialista Jesus Diaz no popular Gizmodo, dizendo que o iPad mostra que os computadores têm de ser uma plataforma invisível. Isto é, evitar que as pessoas andem às voltas à procura de menus, funções, pastas e documentos e tornar evidente onde é que as coisas estão. "Essa revolução começa este sábado", concluiu Diaz. "O mundo está a mudar outra vez. E em grande."

Diaz faz parte da legião de especialistas que louva o iPad, apesar das lacunas técnicas que foram apontadas desde o início. Para estes crentes no seu poder messiânico, a importância está no conceito: o iPad parece um iPhone gigante, com um superprocessador, e é o primeiro tablet que junta portátil, acesso à internet, leitor de livros electrónicos, consola de videojogos e iPod.

O que o CEO Steve Jobs fez foi pegar num conceito praticamente engavetado, o do tablet, dar-lhe um banho de Apple e juntar-lhe a capacidade de ler livros electrónicos, uma das tendências mais quentes dos últimos dois anos. Resultado: um iPhone em ponto grande que vai fazer nascer necessidades de consumo onde elas não existiam.

Esta é, aliás, a grande razão pela qual os portáteis do tipo tablet, de ecrã táctil e sem teclado, falharam: os consumidores não perceberam para que queriam aquilo. Quem tem um smartphone e um portátil não vê utilidade no tablet. A diferença do iPad, garantem os seus defensores, é a oferta de serviços exclusivos e integrados com o iTunes. Dezenas de jornais e revistas já anunciaram edições exclusivas para o iPad, enquanto as cadeias de televisão ABC e CBS vão dar acesso gratuito a séries como "Anatomia de Grey". A Marvel vai vender livros de banda desenhada por dois dólares cada no tablet da Apple. A Electronic Arts tem 40 videojogos prontinhos para entrar. E há milhares de programadores a escreverem aplicações para a App Store no iPad. É isto que Steve Jobs acredita que vai fazer vender o tablet. Os analistas também: as previsões oscilam entre 3 e 7 milhões de unidades vendidas em 2010. Depois do teste de hoje nos EUA, o iPad chega à Europa no final de Abril (dia 24, dizem os rumores). Em Portugal, só depois do Verão.

Publicidade gratuita Os produtores da série "Modern Family" escreveram um episódio completo à volta do iPad. Parece product placement, mas não é: a Apple não pagou um tostão para aparecer no episódio.




Fonte: ionline

POSTED BY Joana Vieira
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