A agricultura na Internet dá milhões


O FarmVille é uma das grandes modas no Facebook. O conceito é simples, como convém a um jogo que se destina sobretudo a quem não é fã de videojogos: o jogador tem de arar terrenos, plantar sementes, colher frutos e legumes, cuidar de animais e ganhar dinheiro a vender os produtos da sua quinta.

Como o jogo se passa dentro dos muros do Facebook, há uma forte componente social: os jogadores podem enviar presentes aos amigos (por exemplo, uma vaca) e ter vizinhos, que se entreajudam nas tarefas de manutenção da quinta.

O jogo está concebido para explorar um mercado que já há algum tempo as produtoras perceberam ter potencial: os chamados jogos casuais, voltados para quem não quer investir demasiado tempo e atenção num videojogo - e também direccionados para o público feminino, tradicionalmente mais avesso a este tipo de diversão.

Muitos jogos casuais são apropriados para uma curta pausa no trabalho ou para alguns minutos de relaxamento ao final do dia. Mas o FarmVille (como alguns outros títulos on-line) é daqueles jogos feitos para agarrar o jogador: quanto mais tempo lá se passa, mais colheitas se fazem, maior se torna a quinta e mais dinheiro virtual se pode ganhar. Há quem passe muitas horas no FarmVille, frequentemente para desespero dos "amigos" do Facebook, que, até há pouco tempo (antes de o Facebook começar a esconder da página principal as mensagens que considera menos relevantes), eram inundados com torrentes de notificações sobre as actividades agrícolas. Em português, até já foi criado no Facebook o "Grupo de Pessoas que NÃO jogam FarmVille". Tem quase 60 mil membros e uma mensagem elucidativa: "O FarmViille [SIC] é como um vírus que se apodera da mente das pessoas, tornando as mesmas dependentes de criar ovelhas, couves e afins..."

O FarmVille pode irritar milhares de pessoas. Mas, com 80 milhões de jogadores (dados não oficiais) conseguidos entre os cerca de 400 milhões de pessoas que estão no Facebook, o jogo é uma aposta ganha para a Zynga, uma empresa americana fundada em 2007, que ronda actualmente os 760 funcionários (eram 27 aquando da fundação).

A Zynga produz perto de três dezenas de jogos. O FarmVille é o mais bem-sucedido. O número de agricultores deixa a léguas alguns dos mais conceituados e jogados títulos do mundo. Por exemplo, World of Warcraft é considerado um gigantesco sucesso e está até no Guinness pela imensa popularidade. Tem perto de 11 milhões de jogadores.

Vender dinheiro digital

Uma das grandes diferenças entre os dois jogos é que World of Warcraft é tudo menos casual. Exige horas de dedicação. E - factor importante - implica o pagamento mínimo de 11 euros por mês. Já no FarmVille não é preciso pagar um cêntimo. Mas nem por isso a Zynga deixa de facturar milhões.

A Zynga ganha dinheiro a vender dinheiro, um conceito que não é novo neste tipo de mundos digitais. Basicamente, o jogador pode gastar dinheiro real para comprar dinheiro virtual, com o qual pode então comprar sementes, ferramentas, edifícios e animais.

No FarmVille, há dois tipos de dinheiro digital. Um são as moedas, que o jogador recebe quando vende produtos no mercado ou até em "lotarias" ocasionais. É possível comprar estas moedas com um cartão de crédito ou outro sistema de pagamento on-line (cinco dólares compram 7500 moedas; um porco, por exemplo, custa mil moedas e sementes de morango custam apenas dez).

Porém, há ainda as notas. Estas são mais raras e dão acesso a itens que não se podem comprar de outra forma. Ao progredir no jogo, o agricultor vai recebendo algumas notas - mas muito poucas. O caminho mais fácil e rápido é comprá-las. Cinco dólares dão para 25 notas; uma galinha custa entre sete e 25 notas.




Fonte: Público

POSTED BY Mari
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