Dívida dos hospitais disparou quase 100%


A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) revelou hoje que as dívidas dos hospitais à indústria farmacêutica já ultrapassaram os 788 milhões de euros, o que considera ser um “número recorde” e que corresponde a um crescimento de 94 por cento desde Dezembro de 2008.

Em conferência de imprensa, o presidente da Apifarma criticou uma vez mais os atrasos por parte do Estado nos pagamentos, e informou que “o tempo médio de pagamento por parte das entidades hospitalares é de um ano”. Para João Almeida Lopes este é mais um argumento que justifica o facto de se oporem a políticas de restrição de custos na área da Saúde que passem por penalizar a indústria farmacêutica. “Raramente este valor sofre recuperação”, insistiu.

O responsável lembrou, ainda, que entre 2006 e 2008 contribuíram para “o equilíbrio das contas públicas com baixas de preços de seis por cento por duas vezes” e com cortes nos recursos humanos que estimam totalizar 550 milhões de euros. Mais recentemente com o aumento das margens de lucro das farmácias, João Almeida Lopes assegura que a indústria voltou a contribuir com 85 milhões de euros, mas que “foram para a cadeira de distribuição” em vez de beneficiarem as contas públicas.

Sobre as dez medidas para melhorar a gestão do Serviço Nacional de Saúde apresentadas na segunda-feira pela ministra da Saúde, Ana Jorge, a Apifarma congratulou o facto de estarem dirigidas a várias áreas e não apenas ao sector do medicamento. Ainda assim, João Almeida Lopes lamentou a descida de dez por cento nas tiras de controlo de glicemia para os diabéticos, por considerar que tem um impacto “muito significativo” nestas empresas que têm contribuído para o “sucesso” no tratamento desta patologia que afecta cerca de 600.000 portugueses.

A este propósito, o representante da indústria farmacêutica defendeu que em saúde não se pode olhar apenas para os gastos e que se deve estar atento aos benefícios que os investimentos trazem, nomeadamente em termos de qualidade de vida e em redução de internamentos hospitalares. E criticou as comparticipações de determinados genéricos a 100 por cento, por considerar que o Ministério da Saúde está, desta forma, a tratar de forma diferente as várias empresas e a contradizer a vontade de fazer uma gestão mais “eficiente” do orçamento.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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