Argentina de Maradona vitoriosa
Um mergulho de Heinze deu forma à vitória da Argentina frente à Nigéria. “El Pibe” voltou a respirar o ar de um Campeonato do Mundo.
Maradona despedira-se dos Mundiais em 1994 com peso a mais, com um cocktail de drogas no sangue e com uma ameaça. “Quero a minha vingança”, disse “El Pibe”, depois de ter sido compulsivamente afastado da competição. O seu último jogo num Mundial foi um Argentina-Nigéria. Ontem regressou. Outro Argentina-Nigéria. Outro Armando Diego Maradona.
Aconteceu há 5832 dias. Maradona pela porta minúscula. Os testes assim o ditaram durante o Mundial dos Estados Unidos, que seria o da sua redenção, depois de anos de consumo e de controvérsia. “Estou farto daqueles que me chamam gordo e que dizem que já não sou o grande Maradona. Verão o verdadeiro Diego no Mundial”.
Quem não o viu em 1994, viu-o hoje, no Ellis Park, o estádio mais próximo do coração de Joanesburgo. Limpo. Fato impecável, gravata, barba aparada.
Maradona parece ter saudades da bola. Segue-a, distribui-a entre os jogadores e os apanha-bolas e, sempre que pode, mancha os sapatos de sola. Parece ter um magnetismo. Quando Heinze viu que o seu mergulho resultara num belo golo, “El Pibe” chegou a pensar juntar-se aos jogadores na festa. Mas pensou duas vezes. O Mundial ainda agora começou.
Primeira etapa cumprida: ganhar (1-0), somar três pontos e não deixar escapar a Coreia do Sul no Grupo B. Era essa a prioridade da Argentina, longe da Argentina do grande Maradona, mas suficiente para encostar às cordas a Nigéria, uma selecção com bom toque, com piques furiosos e hoje com ordens para defender primeiro e atacar depois.
O seleccionador argentino dissera na véspera que colocar Tévez na equipa era quase uma questão de vida ou morte. E também cumpriu essa promessa, deixando Higuaín com três guarda-costas: Di María, Messi e o jogador do Manchester City. Maradona abandonou o 4x4x2, mas festejou apenas o golo de Heinze, logo aos 6’. “Se reservarmos os golos para a próxima, está tudo bem”, disse no final, referindo-se à ineficácia dos seus matadores e à inspiração do guarda-redes nigeriano, Vincent Enyeama, o único a conseguir roubar o natural protagonismo de Messi (47 golos em 53 jogos pelo Barcelona na última temporada, apenas quatro na fase de qualificação para o Mundial).
O jogo de hoje começou cedo a cheirar a Campeonato do Mundo de futebol, cheio de lances corridinhos, pés talentosos e um golo capaz de envergonhar uma boa percentagem de vuvuzelas (os adeptos argentinos ainda não estão viciados). Aos 6’, a simplicidade de Messi (e a estirada de Enyeama) ganhou um canto, aproveitado por Heinze. Mas a Argentina deixou molhar o seu rastilho muito cedo. Foi uma constante. Pé esquerdo de Messi a apontar ao poste direito da baliza de Enyeama, que ainda deteve as investidas de Higuaín (21’, após bela abertura de Tévez; 66’, após passe de Messi) e que acompanhou os cabeceamentos de Samuel (23’ e 52’), ligeiramente fora do alvo. Até ao intervalo, os argentinos tinham acertado na baliza contrária cinco vezes. Os nigerianos nem uma.
O sueco Lars Lagerback mudou de plano aos 52’, altura em que colocou um número 9 (Obafemi Martins) ao lado de um número 8 (Ayegbeni), passando a alinhar em 4x4x2. Odemwingie entrou pouco depois e a Nigéria ganhou amplitude. Podia ter ganho mais do que isso. Mas é inofensivo o remate rasteiro de Taiwo (71’), que sai do lance (e do jogo) lesionado. Uche (82’) também desperdiçou um golo à mão de semear e o remate repentino de Yakubu (87’) não estava destinado a entrar. “Graças a Deus”, desabafou no final Maradona – que nessa altura já lançara Milito, já encostara Di María, que hoje parecia um espectador, já reforçara a defesa.
“Não podemos perdoar mais”.
Fonte: Público
Maradona despedira-se dos Mundiais em 1994 com peso a mais, com um cocktail de drogas no sangue e com uma ameaça. “Quero a minha vingança”, disse “El Pibe”, depois de ter sido compulsivamente afastado da competição. O seu último jogo num Mundial foi um Argentina-Nigéria. Ontem regressou. Outro Argentina-Nigéria. Outro Armando Diego Maradona.
Aconteceu há 5832 dias. Maradona pela porta minúscula. Os testes assim o ditaram durante o Mundial dos Estados Unidos, que seria o da sua redenção, depois de anos de consumo e de controvérsia. “Estou farto daqueles que me chamam gordo e que dizem que já não sou o grande Maradona. Verão o verdadeiro Diego no Mundial”.
Quem não o viu em 1994, viu-o hoje, no Ellis Park, o estádio mais próximo do coração de Joanesburgo. Limpo. Fato impecável, gravata, barba aparada.
Maradona parece ter saudades da bola. Segue-a, distribui-a entre os jogadores e os apanha-bolas e, sempre que pode, mancha os sapatos de sola. Parece ter um magnetismo. Quando Heinze viu que o seu mergulho resultara num belo golo, “El Pibe” chegou a pensar juntar-se aos jogadores na festa. Mas pensou duas vezes. O Mundial ainda agora começou.
Primeira etapa cumprida: ganhar (1-0), somar três pontos e não deixar escapar a Coreia do Sul no Grupo B. Era essa a prioridade da Argentina, longe da Argentina do grande Maradona, mas suficiente para encostar às cordas a Nigéria, uma selecção com bom toque, com piques furiosos e hoje com ordens para defender primeiro e atacar depois.
O seleccionador argentino dissera na véspera que colocar Tévez na equipa era quase uma questão de vida ou morte. E também cumpriu essa promessa, deixando Higuaín com três guarda-costas: Di María, Messi e o jogador do Manchester City. Maradona abandonou o 4x4x2, mas festejou apenas o golo de Heinze, logo aos 6’. “Se reservarmos os golos para a próxima, está tudo bem”, disse no final, referindo-se à ineficácia dos seus matadores e à inspiração do guarda-redes nigeriano, Vincent Enyeama, o único a conseguir roubar o natural protagonismo de Messi (47 golos em 53 jogos pelo Barcelona na última temporada, apenas quatro na fase de qualificação para o Mundial).
O jogo de hoje começou cedo a cheirar a Campeonato do Mundo de futebol, cheio de lances corridinhos, pés talentosos e um golo capaz de envergonhar uma boa percentagem de vuvuzelas (os adeptos argentinos ainda não estão viciados). Aos 6’, a simplicidade de Messi (e a estirada de Enyeama) ganhou um canto, aproveitado por Heinze. Mas a Argentina deixou molhar o seu rastilho muito cedo. Foi uma constante. Pé esquerdo de Messi a apontar ao poste direito da baliza de Enyeama, que ainda deteve as investidas de Higuaín (21’, após bela abertura de Tévez; 66’, após passe de Messi) e que acompanhou os cabeceamentos de Samuel (23’ e 52’), ligeiramente fora do alvo. Até ao intervalo, os argentinos tinham acertado na baliza contrária cinco vezes. Os nigerianos nem uma.
O sueco Lars Lagerback mudou de plano aos 52’, altura em que colocou um número 9 (Obafemi Martins) ao lado de um número 8 (Ayegbeni), passando a alinhar em 4x4x2. Odemwingie entrou pouco depois e a Nigéria ganhou amplitude. Podia ter ganho mais do que isso. Mas é inofensivo o remate rasteiro de Taiwo (71’), que sai do lance (e do jogo) lesionado. Uche (82’) também desperdiçou um golo à mão de semear e o remate repentino de Yakubu (87’) não estava destinado a entrar. “Graças a Deus”, desabafou no final Maradona – que nessa altura já lançara Milito, já encostara Di María, que hoje parecia um espectador, já reforçara a defesa.
“Não podemos perdoar mais”.
Fonte: Público