Holanda vence Dinamarca por 2-0
E agora para algo completamente diferente: o dinamarquês Simon Poulsen podia ter sido herói, mas marcou na própria baliza. A Holanda agradece.
Este Mundial já tinha tido um pouco de quase tudo: empates cautelosos, vitórias escanzeladas, uma equipa demolidora, um argelino expulso, um ou outro grande golo, super guarda-redes... O Holanda-Dinamarca, 2-0, juntou mais alguns ingredientes a este caldo: 45 minutos que podiam muito bem não ter existido, um auto-golo e um lance globetrotter.
E agora para algo completamente diferente – e um Holanda-Dinamarca é por si só algo completamente diferente porque nunca se tinha realizado num Mundial. O jogo começou aos 46 minutos, com um lance que certamente fará parte das próximas compilações de apanhados da competição. Há uma bola que pinga na área, Simon Poulsen fecha os olhos e, entre dois desvios no corpo de Agger, o jogador do AZ Alkmaar sacode a Jabulani para dentro da sua própria baliza. Começava aí o calvário da Dinamarca e a aventura da Holanda, que durante o aquecimento (a primeira parte) conseguira ter a bola nos pés durante 61 por cento do tempo (19 minutos).
Foi tudo menos um jogo de tempo útil. Não foi pelo menos para os 83.465 adeptos que passaram mais tempo com os dedos nos ouvidos do que com os braços no ar. Foi preciso Poulsen agitar as águas. “Acontece, já me aconteceu a mim”. Morten Olsen repetiu na conferência de imprensa o que dissera instantes antes ao seu jogador, o mesmo que no minuto 88 tirou o pão da boca a Ibrahim Afellay. Kuyt, incansável, tratou de tudo, o jogador do PSV esticou o pé, antecipando-se a Stekelenburg, mas não a Simon Poulsen, que num movimento redentor salva sobre a linha (os ecrãs gigantes da FIFA tiraram imediatamente qualquer dúvida).
Este segundo momento de pouco serviu. Certamente Poulsen não terá à sua espera na Dinamarca um adepto justiceiro como aquele que puniu Andrés Escobar com a pena de morte por um auto-golo do colombiano no Mundial de 1994. Mas o certo é que a primeira distribuição de pontos no Grupo E foi feita e não contemplou a selecção que tantas dores de cabeça deu a Portugal na fase de qualificação (Estádio da Luz, balde de água fria, recordam-se?).
A Holanda, por seu lado, cumpriu aquilo a que se propusera: ganhar (tem ganho o seu primeiro jogo em fases finais desde o Mundial de 1938). Depois, com o andar da carruagem, como se tem repetido nos bastidores do Mundial, surgirão mais golos, boas exibições e jogos mais soltos.
Se Bendtner (e Morten Olsen) conseguiu alimentar um bluff durante os últimos dias (a lesão que o impedia de jogar mais ou menos desde o mês de Maio), no Soccer City a Dinamarca foi um zero à esquerda. Com o correr dos minutos e com uma ajuda de Poulsen, os holandeses (com Robben no banco, impotente, agarrado à perna) foram-se apoderando do terreno como num jogo de Risco, espalhando as suas tropas (Van Persie, Sneijder, Kuyt...) e forçando mais erros do adversário, hoje com azar nos dados.
O pior inimigo do guarda-redes Maarten Stekelenburg foi mesmo a sua equipa, incapaz de resolver problemas de dificuldade média – e mesmo que nos créditos finais Morten Olsen tenha falado de “muitos problemas com a bola”. “O nível não tem sido tão bom como esperávamos”, concluiu.
Na bancada do Soccer City, o presidente da UEFA, Michel Platini (vidros à prova de vuvuzela, esperto...), parecia confidenciar o mesmo a Zinédine Zidane, espectador fiel. Tiveram poucas razões para entusiasmo. Talvez aquele toque em habilidade de Van der Vaart (59’), o remate de Sneijder desviado para a trave (82’) ou o estilo gingão de Elia, que aos 85’ conduziu parte do segundo golo que nasceu numa bela troca de bola. O jovem do Hamburgo desviou de Stekelenburg, a bola bateu no poste e Kuyt concluiu. É o que há.
Fonte: Público
Este Mundial já tinha tido um pouco de quase tudo: empates cautelosos, vitórias escanzeladas, uma equipa demolidora, um argelino expulso, um ou outro grande golo, super guarda-redes... O Holanda-Dinamarca, 2-0, juntou mais alguns ingredientes a este caldo: 45 minutos que podiam muito bem não ter existido, um auto-golo e um lance globetrotter.
E agora para algo completamente diferente – e um Holanda-Dinamarca é por si só algo completamente diferente porque nunca se tinha realizado num Mundial. O jogo começou aos 46 minutos, com um lance que certamente fará parte das próximas compilações de apanhados da competição. Há uma bola que pinga na área, Simon Poulsen fecha os olhos e, entre dois desvios no corpo de Agger, o jogador do AZ Alkmaar sacode a Jabulani para dentro da sua própria baliza. Começava aí o calvário da Dinamarca e a aventura da Holanda, que durante o aquecimento (a primeira parte) conseguira ter a bola nos pés durante 61 por cento do tempo (19 minutos).
Foi tudo menos um jogo de tempo útil. Não foi pelo menos para os 83.465 adeptos que passaram mais tempo com os dedos nos ouvidos do que com os braços no ar. Foi preciso Poulsen agitar as águas. “Acontece, já me aconteceu a mim”. Morten Olsen repetiu na conferência de imprensa o que dissera instantes antes ao seu jogador, o mesmo que no minuto 88 tirou o pão da boca a Ibrahim Afellay. Kuyt, incansável, tratou de tudo, o jogador do PSV esticou o pé, antecipando-se a Stekelenburg, mas não a Simon Poulsen, que num movimento redentor salva sobre a linha (os ecrãs gigantes da FIFA tiraram imediatamente qualquer dúvida).
Este segundo momento de pouco serviu. Certamente Poulsen não terá à sua espera na Dinamarca um adepto justiceiro como aquele que puniu Andrés Escobar com a pena de morte por um auto-golo do colombiano no Mundial de 1994. Mas o certo é que a primeira distribuição de pontos no Grupo E foi feita e não contemplou a selecção que tantas dores de cabeça deu a Portugal na fase de qualificação (Estádio da Luz, balde de água fria, recordam-se?).
A Holanda, por seu lado, cumpriu aquilo a que se propusera: ganhar (tem ganho o seu primeiro jogo em fases finais desde o Mundial de 1938). Depois, com o andar da carruagem, como se tem repetido nos bastidores do Mundial, surgirão mais golos, boas exibições e jogos mais soltos.
Se Bendtner (e Morten Olsen) conseguiu alimentar um bluff durante os últimos dias (a lesão que o impedia de jogar mais ou menos desde o mês de Maio), no Soccer City a Dinamarca foi um zero à esquerda. Com o correr dos minutos e com uma ajuda de Poulsen, os holandeses (com Robben no banco, impotente, agarrado à perna) foram-se apoderando do terreno como num jogo de Risco, espalhando as suas tropas (Van Persie, Sneijder, Kuyt...) e forçando mais erros do adversário, hoje com azar nos dados.
O pior inimigo do guarda-redes Maarten Stekelenburg foi mesmo a sua equipa, incapaz de resolver problemas de dificuldade média – e mesmo que nos créditos finais Morten Olsen tenha falado de “muitos problemas com a bola”. “O nível não tem sido tão bom como esperávamos”, concluiu.
Na bancada do Soccer City, o presidente da UEFA, Michel Platini (vidros à prova de vuvuzela, esperto...), parecia confidenciar o mesmo a Zinédine Zidane, espectador fiel. Tiveram poucas razões para entusiasmo. Talvez aquele toque em habilidade de Van der Vaart (59’), o remate de Sneijder desviado para a trave (82’) ou o estilo gingão de Elia, que aos 85’ conduziu parte do segundo golo que nasceu numa bela troca de bola. O jovem do Hamburgo desviou de Stekelenburg, a bola bateu no poste e Kuyt concluiu. É o que há.
Fonte: Público