Obama garante que BP vai pagar
O Presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou ontem que uma equipa liderada pelo secretário da Marinha, Ray Mabus, vai desenvolver um plano de longo prazo para a recuperação do Golfo do México, que terá de ser pago pela BP, a companhia petrolífera responsável pela maior maré negra de sempre nos Estados Unidos.
Numa comunicação oficial ao país desde a Sala Oval, Obama definiu como “uma epidemia” o derrame de mais de 100 milhões de galões de petróleo desde a explosão do poço Deepwater Horizon ao largo do estado do Luisiana, a 20 de Abril. “Vamos ter de lutar contra esta epidemia por muitos meses e talvez anos”, reconheceu o Presidente.
“Vamos combater este derrame com tudo o que temos, pelo tempo que for preciso. Vamos fazer a BP pagar pelos danos que causou. E vamos fazer tudo o que for necessário para ajudar as populações do golfo a recuperar desta tragédia”, prometeu.
Grande parte do discurso de Obama destinou-se a tranquilizar as ansiosas populações do golfo, cuja economia, assente na exploração pesqueira e petrolífera, está em risco de colapso. Não só a pesca está vedada em mais de 40 por cento das águas do golfo, como o governo estabeleceu uma moratória de seis meses na actividade das plataformas de petróleo de grande profundidade – enquanto decorre um inquérito ao acidente do Deepwater Horizon e uma revisão das normas e regulamentos que abrangem a indústria.
“Compreendo que [a moratória] cria dificuldades às pessoas que trabalham nestas plataformas, mas em nome da sua segurança e da segurança da região temos de estar na posse de todos os factos antes de voltarmos a autorizar a exploração”, referiu Obama.
Aliás, o Presidente antecipou mudanças futuras no licenciamento, regulação e supervisão da indústria petrolífera. Criticando a “filosofia falhada que aceita que as empresas escrevam as regras do jogo e sirvam como árbitro”, Obama disse ter nomeado o antigo inspector e procurador federal Michael Bromwich para dirigir o Minerals Management Service do Departamento do Interior. “Ele será um vigilante da indústria, não um parceiro”, sublinhou.
Depois, seguindo a máxima celebrizada pelo seu “chief of staff” de que “uma boa crise não deve ser desperdiçada”, Obama argumentou que a crise no golfo afecta todos os americanos e apelou a uma mudança de comportamento que permita ao país ultrapassar a sua dependência pelos combustíveis fósseis e avançar para uma economia assente em energias alternativas, limpas e renováveis.
Na prática, o Presidente reabriu o debate político em torno da nova lei de energia e alterações climáticas que o Congresso parece estar disposto a adiar ou mesmo enterrar em função do calculismo eleitoral. “A tragédia em curso na nossa costa é o mais doloroso e poderoso aviso de que chegou o tempo de abraçar um futuro com energias limpas”, observou o Presidente, dizendo que essa devia ser uma nova “missão nacional”.
“À medida que recuperamos da recessão [económica], a transição para as energias alternativas tem o potencial de assegurar ainda mais postos de trabalho”, acrescentou. Pressionando os legisladores do Senado, Obama disse estar disponível para “discutir as ideias e propostas dos dois partidos. A única coisa que não aceitarei é a inacção”, frisou.
As primeiras reacções às palavras do Presidente foram positivas. Obama, precisava urgentemente de recuperar a credibilidade e garantir a transparência da sua Administração perante uma opinião pública alarmada e desconfiada da reacção titubeante do governo no início da crise.
A maior parte dos comentadores consideraram que o Presidente foi seguro, claro e projectou compreensão, confiança e liderança. Mas não deixaram de assinalar que muito do sucesso na resolução desta crise não repousa nas suas mãos, o que deixa Obama numa posição vulnerável.
Obama reúne-se hoje na Casa Branca com os responsáveis máximos da BP – que há uma semana atrás o Presidente confessava querer poder sovar. Ninguém espera um confronto entre as duas partes à volta da mesa, mas (apesar das garantias de cooperação) a tensão é evidente.
Ontem, mais uma vez, o painel de cientistas a trabalhar para o governo reviu as suas estimativas relativas à dimensão do derrame: em vez de 25 mil barris de petróleo por dia, o poço do Deepwater Horizon estará a debitar 60 mil barris para as águas do golfo do México a cada 24 horas (qualquer coisa como doze vezes mais do que a estimativa inicial da BP). Com a instalação de uma cúpula de confinamento no canal do poço, a BP está a conseguir recuperar uma média de 15 mil barris por dia.
A petrolífera britânica já gastou mais de 1,5 mil milhões de dólares nas operações de protecção e limpeza de costa e em indemnizações. A Administração quer que a companhia deposite um montante de 20 mil milhões de dólares numa conta caucionada que funcionará como fundo de compensação para as vítimas do derrame.
“Esse fundo não será controlado pela BP, será administrado por uma comissão independente que se certificará que todas as queixas legítimas são atendidas de forma justa e expedita”, explicou ontem o Presidente.
Fonte: Público
Numa comunicação oficial ao país desde a Sala Oval, Obama definiu como “uma epidemia” o derrame de mais de 100 milhões de galões de petróleo desde a explosão do poço Deepwater Horizon ao largo do estado do Luisiana, a 20 de Abril. “Vamos ter de lutar contra esta epidemia por muitos meses e talvez anos”, reconheceu o Presidente.
“Vamos combater este derrame com tudo o que temos, pelo tempo que for preciso. Vamos fazer a BP pagar pelos danos que causou. E vamos fazer tudo o que for necessário para ajudar as populações do golfo a recuperar desta tragédia”, prometeu.
Grande parte do discurso de Obama destinou-se a tranquilizar as ansiosas populações do golfo, cuja economia, assente na exploração pesqueira e petrolífera, está em risco de colapso. Não só a pesca está vedada em mais de 40 por cento das águas do golfo, como o governo estabeleceu uma moratória de seis meses na actividade das plataformas de petróleo de grande profundidade – enquanto decorre um inquérito ao acidente do Deepwater Horizon e uma revisão das normas e regulamentos que abrangem a indústria.
“Compreendo que [a moratória] cria dificuldades às pessoas que trabalham nestas plataformas, mas em nome da sua segurança e da segurança da região temos de estar na posse de todos os factos antes de voltarmos a autorizar a exploração”, referiu Obama.
Aliás, o Presidente antecipou mudanças futuras no licenciamento, regulação e supervisão da indústria petrolífera. Criticando a “filosofia falhada que aceita que as empresas escrevam as regras do jogo e sirvam como árbitro”, Obama disse ter nomeado o antigo inspector e procurador federal Michael Bromwich para dirigir o Minerals Management Service do Departamento do Interior. “Ele será um vigilante da indústria, não um parceiro”, sublinhou.
Depois, seguindo a máxima celebrizada pelo seu “chief of staff” de que “uma boa crise não deve ser desperdiçada”, Obama argumentou que a crise no golfo afecta todos os americanos e apelou a uma mudança de comportamento que permita ao país ultrapassar a sua dependência pelos combustíveis fósseis e avançar para uma economia assente em energias alternativas, limpas e renováveis.
Na prática, o Presidente reabriu o debate político em torno da nova lei de energia e alterações climáticas que o Congresso parece estar disposto a adiar ou mesmo enterrar em função do calculismo eleitoral. “A tragédia em curso na nossa costa é o mais doloroso e poderoso aviso de que chegou o tempo de abraçar um futuro com energias limpas”, observou o Presidente, dizendo que essa devia ser uma nova “missão nacional”.
“À medida que recuperamos da recessão [económica], a transição para as energias alternativas tem o potencial de assegurar ainda mais postos de trabalho”, acrescentou. Pressionando os legisladores do Senado, Obama disse estar disponível para “discutir as ideias e propostas dos dois partidos. A única coisa que não aceitarei é a inacção”, frisou.
As primeiras reacções às palavras do Presidente foram positivas. Obama, precisava urgentemente de recuperar a credibilidade e garantir a transparência da sua Administração perante uma opinião pública alarmada e desconfiada da reacção titubeante do governo no início da crise.
A maior parte dos comentadores consideraram que o Presidente foi seguro, claro e projectou compreensão, confiança e liderança. Mas não deixaram de assinalar que muito do sucesso na resolução desta crise não repousa nas suas mãos, o que deixa Obama numa posição vulnerável.
Obama reúne-se hoje na Casa Branca com os responsáveis máximos da BP – que há uma semana atrás o Presidente confessava querer poder sovar. Ninguém espera um confronto entre as duas partes à volta da mesa, mas (apesar das garantias de cooperação) a tensão é evidente.
Ontem, mais uma vez, o painel de cientistas a trabalhar para o governo reviu as suas estimativas relativas à dimensão do derrame: em vez de 25 mil barris de petróleo por dia, o poço do Deepwater Horizon estará a debitar 60 mil barris para as águas do golfo do México a cada 24 horas (qualquer coisa como doze vezes mais do que a estimativa inicial da BP). Com a instalação de uma cúpula de confinamento no canal do poço, a BP está a conseguir recuperar uma média de 15 mil barris por dia.
A petrolífera britânica já gastou mais de 1,5 mil milhões de dólares nas operações de protecção e limpeza de costa e em indemnizações. A Administração quer que a companhia deposite um montante de 20 mil milhões de dólares numa conta caucionada que funcionará como fundo de compensação para as vítimas do derrame.
“Esse fundo não será controlado pela BP, será administrado por uma comissão independente que se certificará que todas as queixas legítimas são atendidas de forma justa e expedita”, explicou ontem o Presidente.
Fonte: Público