Portugal-Camarões: um teste a sério


Portugal tenta igualar recorde de oito encontros sem sofrer golos. Queiroz prometeu "aventuras" no jogo de hoje com os Camarões.

Um bom resultado, uma boa exibição e, acima de tudo, que nenhum jogador se lesione. É isto que Carlos Queiroz deseja para o jogo de hoje (19h30) frente aos Camarões, o teste mais a sério de Portugal antes do começo do Mundial e que marca o fim do estágio na Covilhã. O seleccionador promete fazer algumas experiências, porque o "produto final" será apresentado no dia 15, frente à Costa do Marfim, e não hoje ou no dia 8, contra Moçambique.

"O jogo de amanhã [hoje] serve para criar algumas aventuras, ver e experimentar. Temos de observar certas opções antes de começar a competição", disse, ontem, Queiroz, sem especificar que alterações serão essas. O jogo com os Camarões, no entanto, será importante para reactivar a ligação com os adeptos, depois do nulo frente a Cabo Verde. E será também um teste à defesa (que se tem destacado pela positiva) e ao ataque (que tem sido pouco produtivo).

Defesa

Eduardo é o titular da selecção portuguesa. Não se sabe se Queiroz vai hoje dar oportunidade a Beto ou Daniel Fernandes, mas é provável que não o faça, se tiver em conta que o guarda-redes do Sporting de Braga está perto de igualar um recorde. A selecção não sofre golos há sete jogos e pode igualar a série de oito encontros da equipa de Humberto Coelho entre 1998 e 1999. Vítor Baía (668 minutos), Pedro Espinha (58") e Quim (45") ficaram 771 minutos sem sofrer golos - entre o minuto 90 do Portugal-Roménia (0-1) e o minuto 50 Azerbaijão-Portugal (1-1).

Na série actual, a selecção soma 677 minutos sem sofrer golos, desde que Bentdner marcou a Eduardo no Dinamarca-Portugal (1-1), em Setembro do ano passado. Desde então o guarda-redes do Sp. Braga ficou 632 minutos sem sofrer golos nos encontros com a Hungria (duas vezes), Malta, Bósnia (duas vezes), China e Cabo Verde, ao que se juntam 45 minutos de Hilário, na segunda parte frente aos chineses. Ou seja, se Portugal não sofrer golos ante os Camarões, igualará a melhor série de jogos e ficará a cinco minutos de ultrapassar o melhor registo de minutos com as redes invioláveis.

A segurança defensiva, ainda que vá no Mundial ser posta à prova por equipas bem mais poderosas, tem sido uma das imagens de marca da equipa de Queiroz. Com Pepe destinado ao meio-campo (quando estiver recuperado), Ricardo Carvalho e Bruno Alves estão garantidos como defesas-centrais. Paulo Ferreira parte em vantagem à direita, embora Miguel possa hoje ter uma oportunidade. À esquerda, residirá a principal dúvida. Coentrão, em boa forma, destacou-se frente a Cabo Verde mas contra os Camarões deverá ser a vez de Duda mostrar serviço.

Meio-campo

Pepe e Tiago, por razões físicas, não entram hoje em campo, pelo que este é o sector em que Queiroz tem mais "baixas". Ainda assim, Pedro Mendes, Veloso e Meireles podem ser utilizados como "trincos", sendo os dois últimos também candidatos ao posto de médio-interior. Meireles foi o mais utilizado na fase de qualificação e partirá em vantagem. Deco é o titular na posição dez, embora hoje possa haver oportunidade de Danny ou Simão serem testados como alternativa ao luso-brasileiro, isto se o técnico mantiver o habitual 4x3x3.

Ataque

A responsabilidade pode não ser apenas dos avançados, mas eles têm sido a face mais visível da menor produção ofensiva. A equipa marcou apenas 19 golos em 12 jogos de qualificação. A média foi de 1,6 golos por jogo, subindo ligeiramente se somarmos os jogos particulares (1,7). Ainda assim, Queiroz fica aquém dos últimos três seleccionadores: Scolari (1,95), António Oliveira (2,32) e Humberto Coelho (2,33).

Cristiano Ronaldo é, talvez, o rosto desta relação menos conseguida com a baliza. O jogador do Real não marca pela selecção desde Fevereiro do ano passado, quando concretizou um penálti frente à Finlândia. Hoje, se jogar, Ronaldo pode dar início à promessa de fazer golos. Liedson, que tem dois apontados em oito jogos, e Hugo Almeida, com sete remates certeiros em 25 internacionalizações, também ainda não atingiram a velocidade de cruzeiro.




Fonte: Público

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