FC Porto conquista Supertaça


“A confiança está toda do nosso lado e continuaremos a rir da desconfiança.” A frase de André Villas-Boas na antevisão da final da Supertaça chegou a soar a arrogância, mas hoje em Aveiro ganhou uma validade inquestionável. Na estreia oficial como treinador portista, Villas-Boas ganhou em toda a linha e o FC Porto manteve a tradição de dominar a prova. Derrotou de forma clara um irreconhecível Benfica, por 2-0, e venceu pela 17.ª vez a competição.

Na ficha de jogo surgiu a primeira surpresa da noite. Jorge Jesus, depois de ter andado na pré-época a testar um Benfica em 4x3x3 com Jara em destaque, deu um passo atrás e regressou ao esquema privilegiado na última temporada (4x4x2). Mas as peças agora são outras. Com Maxi de fora e Di María e Ramires noutros campeonatos, Jesus surpreendeu ao colocar Peixoto na esquerda da defesa. Coentrão deu meia dúzia de passos à frente e tentou fazer de Di María. Amorim ficava a controlar Varela na direita e, no meio-campo, apareceu Airton no lugar de Javi García. A aposta do treinador benfiquista revelou-se um flop.

Com as opções de Jesus, o Benfica acabou por perder em toda a linha: Peixoto nunca foi um obstáculo às investidas de Hulk e pareceu sempre perdido em campo à espera das indicações dos colegas — quase sempre em versão raspanete; Airton perdeu a luta com Moutinho e Belluschi; Coentrão raramente recebeu a bola em condições; Martins não consegue estar em todo o lado como Ramires. Se não bastasse, acrescente-se um David Luiz irreconhecível, um Roberto inseguro como tem sido habitual e um Cardozo a jogar em super-slow motion. Deste cocktail saiu uma presa fácil para os portistas.

De tudo isto se aproveitou Villas-Boas. O treinador do FC Porto não inventou, colocou em campo a equipa esperada e apostou na velha máxima: a melhor defesa é o ataque. Após as falhas do quarteto defensivo em Paris, Villas-Boas jogou pelo seguro. O FC Porto entrou a toda velocidade, com o trio Fernando-Moutinho-Belluschi a colocar pressão sobre o portador da bola e a partir com rápidos ataques pelas alas, por Hulk e Varela. A fórmula parecia simples: se o adversário é bom de bola, há que lha tirar.

O jogo começou com os portistas autoritários, a mandarem e a marcarem, num lance que reflecte bem o que se passou durante toda a partida. Logo aos 3’, David Luiz saiu da marcação para tentar interceptar um passe, perdeu a bola para Moutinho e o ex-sportinguista colocou de imediato em Hulk na direita. O brasileiro aproveitou o buraco na defesa “encarnada” e assistiu Varela. O português, no entanto, demorou a reagir e o remate foi interceptado. Do canto, surgiu o golo: Moutinho coloca na área e Rolando, sem marcação, atira de cabeça para a baliza.

Sem reacção benfiquista, os portistas partiram para 30 minutos de bom futebol e a primeira oportunidade dos lisboetas surgiu apenas aos 20’, com um remate de fora da área de Carlos Martins. Quem mandava, no entanto, era a equipa de Villas-Boas e Sapunaru (23’) e Moutinho (erro de Roberto, aos 44’) estiveram perto do 2-0.

Na segunda parte esperava-se que Jesus corrigisse o erro inicial, mas manteve-se tudo na mesma. Os “encarnados” continuavam a ser inofensivos e o FC Porto limitava-se a gerir o jogo a seu bel-prazer. Aos 59’, Jesus colocou Jara em campo (risco zero com a saída de Aimar) e a partida ficou definitivamente decidida oito minutos depois. Varela colocou o turbo na esquerda, deixou Luisão (em inferioridade física) e Amorim para trás e serviu Falcao. Com a classe habitual, o colombiano colocou a bola no ângulo e marcou pela primeira vez ao Benfica. Game over. Inesperadamente simples para o FC Porto.



Fonte: Público

POSTED BY Mari
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