FCP banaliza campeão na maior goleada
Nunca tal se tinha visto, tanto no Dragão como nas Antas ou noutro lado qualquer em que o FC Porto serviu de anfitrião ao Benfica em jogos do campeonato. Na época 1953/54, ano da nascença de Jorge Jesus, os portistas também marcaram cinco golos, mas, então, a equipa da Luz respondeu com três. Neste domingo, o resultado acabou num monólogo indigesto para o Benfica, que ficou a dez pontos do líder e pode ser hoje ultrapassado pelo V. Guimarães ou pelo Sporting no segundo lugar. O título passou a ser uma miragem e o FC Porto já reclama, imagine-se, ao fim de um terço da prova, o seu estatuto de campeão.
O FC Porto jogou a primeira meia-hora à velocidade máxima, com a precisão máxima e um vigor impressionante. Ao invés, o Benfica pareceu sempre obcecado em entrar por onde não devia, numa sucessão de corridas trapalhonas. Não era um problema de quantidade de jogo, antes de diferença de voltagem. Sempre que o FC Porto metia o turbo, o seu futebol frenético e revigorante impunha-se, como um ciclone, em todas as facetas. Ao fim de pouco tempo, o Benfica estava reduzido a uma equipa de trapos.
A verdade é que o FC Porto não precisou sequer de pressionar insistentemente a baliza adversária para cedo garantir uma vantagem gorda. Limitou-se a aproveitar bem as penúrias de um adversário que se enredou em vícios antigos, fazendo recordar os piores tempos de Quique Flores: no desenho táctico (Carlos Martins surgiu mais próximo de Javi García, entrando Salvio para a ala direita), na colocação de Aimar (começou nas costas de Kardec) e no desvio de David Luiz para o lado esquerdo da defesa (Fábio Coentrão subiu no terreno, enquanto César Peixoto ficou no “banco”, tal como Saviola). Falta acrescentar que Sidnei, tal como nos tempos do técnico espanhol, também foi titular, ele que na época passada tinha jogado apenas cinco jogos e dois na presente.
A mudança para o 4x4x2 clássico não trouxe nada de bom, mas a tentativa de “amarrar” Hulk resultou verdadeiramente desastrosa. Ao fim de 11 minutos rotineiros, Hulk acelerou em poucos metros, deixou David Luiz nas covas e centrou para Varela marcar o seu sexto golo no campeonato. Quatro minutos depois, Varela centrou, surgindo Belluschi nas costas do improvisado defesa esquerdo a quase marcar com o peito. Aos 19’, Hulk ladeou os caracóis do adversário, deu e recebeu de João Moutinho, mas errou por pouco o alvo. O segundo golo, aos 25’, também surgiu na sequência de um mau corte de David Luiz. Hulk olhou então para o benfiquista, mas soltou para Belluschi, que fez mais uma maldade a David Luiz, antes de centrar para o primeiro golo de Falcao, marcado de calcanhar e com o corpo todo no ar. Um detalhe cirúrgico de um predador de área. Jesus já via o jogo de mãos atrás das costas quando, aos 29’, Belluschi, que até nem é rápido, pareceu um foguete a passar por Sidnei, centrando para Falcao elevar a contagem e também apontar o seu sexto golo na Liga. David Luiz, que não tinha recuperado a posição, olhava desolado lá de longe.
Pelo meio, o Benfica teve apenas um remate fraco de Carlos Martins (1-0) e outro de Javi García, de que resultou um dos seis cantos a favor do Benfica (contra nenhum do FC Porto), sem que daí resultasse qualquer perigo para a baliza de Helton.
O Benfica só conseguia uns arabescos inconsequentes, nunca saindo do atoleiro, sem alma nem chama e pagando o rendimento medíocre de alguns jogadores. Coentrão, que não escolheu a posição, moveu-se sempre sem fé, indolente, quase uma múmia. De facto, só daria nas vistas no último quarto de hora, quando derrubou na área Hulk, que aproveitou o penálti para se estrear a marcar golos ao Benfica. O brasileiro aproveitaria ainda as penúrias do campeão para fixar o resultado final, com um remate cruzado, seguindo à frente da lista de melhores marcadores com uma média que pede meças com Jardel...
A segunda parte foi um calvário para o Benfica, que ainda viu Luisão ser expulso por agressão a Guarín. Jesus ainda tentou, com as mudanças e as substituições, retomar a essência do futebol benfiquista. Mas o FC Porto continuou a ser notável na sua estabilidade. Foi sempre uma equipa sem freno e capaz de imprimir um ritmo torturador. Nem nos seus piores momentos pareceu sobressaltado pelos acontecimentos. Fez os deveres a tempo e depois divertiu-se...
Fonte: Público
O FC Porto jogou a primeira meia-hora à velocidade máxima, com a precisão máxima e um vigor impressionante. Ao invés, o Benfica pareceu sempre obcecado em entrar por onde não devia, numa sucessão de corridas trapalhonas. Não era um problema de quantidade de jogo, antes de diferença de voltagem. Sempre que o FC Porto metia o turbo, o seu futebol frenético e revigorante impunha-se, como um ciclone, em todas as facetas. Ao fim de pouco tempo, o Benfica estava reduzido a uma equipa de trapos.
A verdade é que o FC Porto não precisou sequer de pressionar insistentemente a baliza adversária para cedo garantir uma vantagem gorda. Limitou-se a aproveitar bem as penúrias de um adversário que se enredou em vícios antigos, fazendo recordar os piores tempos de Quique Flores: no desenho táctico (Carlos Martins surgiu mais próximo de Javi García, entrando Salvio para a ala direita), na colocação de Aimar (começou nas costas de Kardec) e no desvio de David Luiz para o lado esquerdo da defesa (Fábio Coentrão subiu no terreno, enquanto César Peixoto ficou no “banco”, tal como Saviola). Falta acrescentar que Sidnei, tal como nos tempos do técnico espanhol, também foi titular, ele que na época passada tinha jogado apenas cinco jogos e dois na presente.
A mudança para o 4x4x2 clássico não trouxe nada de bom, mas a tentativa de “amarrar” Hulk resultou verdadeiramente desastrosa. Ao fim de 11 minutos rotineiros, Hulk acelerou em poucos metros, deixou David Luiz nas covas e centrou para Varela marcar o seu sexto golo no campeonato. Quatro minutos depois, Varela centrou, surgindo Belluschi nas costas do improvisado defesa esquerdo a quase marcar com o peito. Aos 19’, Hulk ladeou os caracóis do adversário, deu e recebeu de João Moutinho, mas errou por pouco o alvo. O segundo golo, aos 25’, também surgiu na sequência de um mau corte de David Luiz. Hulk olhou então para o benfiquista, mas soltou para Belluschi, que fez mais uma maldade a David Luiz, antes de centrar para o primeiro golo de Falcao, marcado de calcanhar e com o corpo todo no ar. Um detalhe cirúrgico de um predador de área. Jesus já via o jogo de mãos atrás das costas quando, aos 29’, Belluschi, que até nem é rápido, pareceu um foguete a passar por Sidnei, centrando para Falcao elevar a contagem e também apontar o seu sexto golo na Liga. David Luiz, que não tinha recuperado a posição, olhava desolado lá de longe.
Pelo meio, o Benfica teve apenas um remate fraco de Carlos Martins (1-0) e outro de Javi García, de que resultou um dos seis cantos a favor do Benfica (contra nenhum do FC Porto), sem que daí resultasse qualquer perigo para a baliza de Helton.
O Benfica só conseguia uns arabescos inconsequentes, nunca saindo do atoleiro, sem alma nem chama e pagando o rendimento medíocre de alguns jogadores. Coentrão, que não escolheu a posição, moveu-se sempre sem fé, indolente, quase uma múmia. De facto, só daria nas vistas no último quarto de hora, quando derrubou na área Hulk, que aproveitou o penálti para se estrear a marcar golos ao Benfica. O brasileiro aproveitaria ainda as penúrias do campeão para fixar o resultado final, com um remate cruzado, seguindo à frente da lista de melhores marcadores com uma média que pede meças com Jardel...
A segunda parte foi um calvário para o Benfica, que ainda viu Luisão ser expulso por agressão a Guarín. Jesus ainda tentou, com as mudanças e as substituições, retomar a essência do futebol benfiquista. Mas o FC Porto continuou a ser notável na sua estabilidade. Foi sempre uma equipa sem freno e capaz de imprimir um ritmo torturador. Nem nos seus piores momentos pareceu sobressaltado pelos acontecimentos. Fez os deveres a tempo e depois divertiu-se...
Fonte: Público