Assange com liberdade condicionada


Julian Assange deverá continuar detido nas próximas 48 horas, depois de a acusação ter anunciado que iria apresentar recurso contra a decisão do juiz que determinou a libertação do fundador da WikiLeaks, sob caução.

Assange está detido no Reino Unido, ao abrigo de um mandado de captura internacional emitido a pedido da Suécia, onde duas mulheres o acusaram de crimes de natureza sexual. Há poucas horas, tinha-lhe sido concedida liberdade condicionada, sob uma caução de 240 mil libras (282.255 euros) e a exigência de usar pulseira eléctrónica.

Mas a advogada Gemma Lindfield, representante legal das autoridades suecas, anunciou a apresentação do recurso sem referir as razões, adiantou a Reuters. E enquanto o recurso é decidido, o que deverá acontecer nas próximas 48 horas, Assange continuará detido.

O juiz Howard Riddle, decidira dar liberdade condicionada a Assange, adiantou que a detenção irá manter-se enquanto decorre o recurso.

As condições sob as quais seria libertado incluíam a exigência de que Assange entregue o seu passaporte às autoridades britânicas, que tenha residência controlada com um horário limitado de saída (tem de estar em casa entre as 10h00 e as 14h00 e as 22h00 e as 2h00). Terá de se apresentar numa esquadra de polícia todos os dias às 18h00 e voltar a tribunal a 11 de Janeiro.

Várias figuras conhecidas, tinham prometido dinheiro para um fundo destinado a pagar a fiança de Assange, se lhe for concedida. Hoje, Ken Loach prometeu 20 mil libras (23,521 euros) e o realizador norte-americano Michael Moore 20 mil dólares (14.936 euros). Ao todo, mais de 200 mil libras foram oferecidas pela defesa como garantia de que Assange não fugirá, relata o jornalista do "Guardian" a partir da sala do tribunal.

Poucos minutos após ser conhecida a sentença, Michael Moore "tweetou" logo: "Vou enviar já hoje o dinheiro para pagar a fiança. Não vou ficar parado e ver um descarrilamento. @WikiLeaks [a fiada de conversa no Twitter que se transformou numa verdadeira campanha por Assange e e a favor do Wikileaks, contra a reacção norte-americana após a divulgação dos telegramas diplomáticos norte-americanos] salvou vidas".

A comparência de Assange perante o juiz em tribunal suscitou um interesse mediático enorme, digno de uma estrela de rock. Na sala de audiências estão Bianca Jagger, a “socialite” e angariadora de fundos para vária causas Jemima Khan, o realizador Ken Loach, o veterano jornalista australiano John Pilger, Fatima Bhutto, a sobrinha da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, Henry Porter, Tariq Ali, a jornalista Heather Brooke, que se tornou conhecida ao conseguir revelar as despesas cobradas pelos deputados britânicos ao erário público, que tanto escândalo causaram.

O juiz interditou que fossem gravadas imagens ou sons no interior do tribunal, mas emitiu uma autorização especial para que fossem enviados tweets – mensagens para o site de microblogging Twitter. Sinal dos tempos? Heather Brooke e Alexi Mostrous são dois dos jornalistas que estão a enviar tweets.

Durante a madrugada foi conhecida uma declaração de Assange, divulgada pela sua mãe, Christine Assange, em que o australiano garantia não ter arredado pé das suas convições. “Continuo fiel aos ideais que expressei. Estas circunstâncias não os abalarão. Este processo só aumentou a minha determinação em considerá-las verdadeiras e correctas”, diz Assange, no depoimento escrito que a mãe tornou público.´

Denunciou ainda as empresas que deixaram de trabalhar com a Wikileaks: "Agora sabemos que a Visa, a Mastercard e a PayPal são instrumetos da política de negócios estrangeiros americana. Era algo que não sabíamos até agora". O comunicado de Assange foi divulgado pela mãe no Channel 7 australiano.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
POSTED IN ,
DISCUSSION