24.01.2011 - Joanna Newsom - Casa da Música, Porto
--- Joanna Newsom ---
Casa da Música, Porto
24.01.2011
Fotografia: Filipa Oliveira
Texto: Ana de Almeida
Trocando entre piano e harpa, Joanna Newsom e a banda tocaram um conjunto de músicas, das mais antigas às mais recentes da sua obra. "Have One On Me" (triplo álbum, 2010) parece distanciar-se um pouco das influências demarcadamente arcaicas, sendo que trouxe para palco algumas das suas composições mais desafiantes, complexas e profundas (como, aliás, é incontornável em todo o trabalho de Joanna). Até as re-interpretações de Y’s (2006) surgem com menos tendências medievais, quiçá um pouco mais jazzy. Surge uma Joanna com uma voz mais domada, aveludada e suave, nunca se dissociando das suas muitas vezes referenciadas idiossincrasias elfas. Toda esta evolução no seu trabalho não nega a sua identidade, pelo contrário, afirma-a e acessibiliza-a (num bom sentido) enquanto artista. De uma maneira trasnversal, podem-se sublinhar do alinhamento "Easy" e "Solf" as "Chalk", que remetem para o rock-folk dos anos 60, e a experimental Cosmia que permitiu explorar uma muito diferente qualidade sonora, ritmos irregulares e diferentes possibilidades harmónicas. "Inflammatory Writ" e "Book of Right-On" tinham sido originalmente gravadas com pouquíssima instrumentação (uma vez que são anteriores à formação dos Y’s Street Band) sendo que nos foram apresentadas com arranjos sofisticados. Todas as músicas que se fizeram ouvir foram recebidas com grande reconhecimento por parte do público, especialmente a galopante "Peach Plum Pear", de tão inteligente instrumentação que nos fez a todos perder de nós próprios. Naquela que seria a primeira despedida, pois oferecer-nos-iam um belo encore, o público levanta-se para uma longa ovação. Somos presenteados com "On a Good Day" e o suave "Baby Birch" para encerrar a noite.
O concerto na Casa da Música foi algo bastante oficial e austero, sem que nunca deixasse de ser íntimo e maravilhoso. Os corpos sentados ao longo da plateia não tinham muito espaço de manobra para dançares desmedidos (que bem apeteciam a alguns), sendo que se fizeram sentir,
de quando em vez, uns abanares de pé e cabeça. A sua música é para ser ouvida com a acústica que nós tivemos o privilégio de ouvir naquela noite indizível. Quase se sentia o ressoar dos próprios instrumentos e isto aproximou-nos a todos da música de Newsom. Foi uma experiência verdadeiramente orgânica para todos os presentes.
Um concerto que assentou bem, à medida de Newsom e da sua obra. Na sua graciosidade, Joanna fez-se ouvir precisamente como seria esperado dela.
Fotografia: Filipa Oliveira
Texto: Ana de Almeida
Este concerto era muito esperado, sabia-se desde logo que estávamos prestes a assistir àquilo que seria uma visão estética grandiosa de uma artista com uma técnica sublime. Joanna Newsom regressa quatro anos depois a Portugal para algo absolutamente irrepetível.
A abrir a noite apresentou-se Alasdair Roberts. O escocês surgiu muito gracioso, único corpo iluminado na sala Suggia, fazendo-se acompanhar da sua guitarra acústica em dotes inegáveis. Esta abertura surgia numa linha coerente com aquilo que viria a ser o concerto seguinte.
Naquilo que pareceu ser uma interminável espera pela californiana de 28 anos, o público observava a harpa, colocada a centro do palco, majestosa e impressionante. Quando vista ao vivo é difícil imaginar tal instrumento ser tocado, não é algo a que estejamos habituados a ouvir integrado em música indie.
Para a satisfação geral do público, Joanna Newsom aparece em palco e rapidamente se começa o concerto, após um breve cumprimento em português. Senta-se e encontra uma posição confortável antes de oferecer ao público, para começar, "Book of Right-On". Rapidamente nos apercebemos que a harpa é um prolongamento do corpo da maravilhosa Newsom, tocando as suas 44 cordas com elegante pose e virtuismo raro de encontrar.
A abrir a noite apresentou-se Alasdair Roberts. O escocês surgiu muito gracioso, único corpo iluminado na sala Suggia, fazendo-se acompanhar da sua guitarra acústica em dotes inegáveis. Esta abertura surgia numa linha coerente com aquilo que viria a ser o concerto seguinte.
Naquilo que pareceu ser uma interminável espera pela californiana de 28 anos, o público observava a harpa, colocada a centro do palco, majestosa e impressionante. Quando vista ao vivo é difícil imaginar tal instrumento ser tocado, não é algo a que estejamos habituados a ouvir integrado em música indie.
Para a satisfação geral do público, Joanna Newsom aparece em palco e rapidamente se começa o concerto, após um breve cumprimento em português. Senta-se e encontra uma posição confortável antes de oferecer ao público, para começar, "Book of Right-On". Rapidamente nos apercebemos que a harpa é um prolongamento do corpo da maravilhosa Newsom, tocando as suas 44 cordas com elegante pose e virtuismo raro de encontrar.
Acompanhada, como não podia deixar de ser, pelos Y’s Street Band, o ensemble composto por cinco elementos (dois violinos, trombone, percussão e um multi-instrumentalista que tocava, entre outros, guitarra e banjo) não deixaram de impressionar. Nada surgiu em pouca espectacularidade: todos os músicos se encontravam numa notória sintonia, rebentando por vezes em erupções de emoção, servindo tanto para reforçar grandemente as composições como para dar pequenos apontamentos às melodias.
Trocando entre piano e harpa, Joanna Newsom e a banda tocaram um conjunto de músicas, das mais antigas às mais recentes da sua obra. "Have One On Me" (triplo álbum, 2010) parece distanciar-se um pouco das influências demarcadamente arcaicas, sendo que trouxe para palco algumas das suas composições mais desafiantes, complexas e profundas (como, aliás, é incontornável em todo o trabalho de Joanna). Até as re-interpretações de Y’s (2006) surgem com menos tendências medievais, quiçá um pouco mais jazzy. Surge uma Joanna com uma voz mais domada, aveludada e suave, nunca se dissociando das suas muitas vezes referenciadas idiossincrasias elfas. Toda esta evolução no seu trabalho não nega a sua identidade, pelo contrário, afirma-a e acessibiliza-a (num bom sentido) enquanto artista. De uma maneira trasnversal, podem-se sublinhar do alinhamento "Easy" e "Solf" as "Chalk", que remetem para o rock-folk dos anos 60, e a experimental Cosmia que permitiu explorar uma muito diferente qualidade sonora, ritmos irregulares e diferentes possibilidades harmónicas. "Inflammatory Writ" e "Book of Right-On" tinham sido originalmente gravadas com pouquíssima instrumentação (uma vez que são anteriores à formação dos Y’s Street Band) sendo que nos foram apresentadas com arranjos sofisticados. Todas as músicas que se fizeram ouvir foram recebidas com grande reconhecimento por parte do público, especialmente a galopante "Peach Plum Pear", de tão inteligente instrumentação que nos fez a todos perder de nós próprios. Naquela que seria a primeira despedida, pois oferecer-nos-iam um belo encore, o público levanta-se para uma longa ovação. Somos presenteados com "On a Good Day" e o suave "Baby Birch" para encerrar a noite.
O concerto na Casa da Música foi algo bastante oficial e austero, sem que nunca deixasse de ser íntimo e maravilhoso. Os corpos sentados ao longo da plateia não tinham muito espaço de manobra para dançares desmedidos (que bem apeteciam a alguns), sendo que se fizeram sentir,
de quando em vez, uns abanares de pé e cabeça. A sua música é para ser ouvida com a acústica que nós tivemos o privilégio de ouvir naquela noite indizível. Quase se sentia o ressoar dos próprios instrumentos e isto aproximou-nos a todos da música de Newsom. Foi uma experiência verdadeiramente orgânica para todos os presentes.
Um concerto que assentou bem, à medida de Newsom e da sua obra. Na sua graciosidade, Joanna fez-se ouvir precisamente como seria esperado dela.
--- Setlist de Joanna Newsom ---
Book of Right-On
Have One On Me
Easy
Colleen
Inflammatory Writ
Soft as Chalk
Cosmia
Good Intentions
Peach Plum Pear
Encore
On a Good Day
Baby Birch
Book of Right-On
Have One On Me
Easy
Colleen
Inflammatory Writ
Soft as Chalk
Cosmia
Good Intentions
Peach Plum Pear
Encore
On a Good Day
Baby Birch
Promotora:
Everything is New