28.01.2011 - Pedro Abrunhosa - Casa das Artes de Famalicão


--- Pedro Abrunhosa ---
Casa das Artes de Famalicão
28.01.2011

Fotografia: Filipa Oliveira
Texto: José Aguiar




Vila Nova de Famalicão rendeu-se ao talento do cantor Portuense para duas noites esgotadas na Casa das Artes da cidade. A forte agitação que se fazia sentir fazia prever uma noite com as músicas mais recentes mas sobretudo um regresso ao passado com os temas mais conhecidos do cantor.

O palco mostrava uma enorme simplicidade mas ao mesmo tempo enquadrava-se perfeitamente no conceito de espectáculo que se iria realizar.

Sem muitas demoras e com o público ainda a acabar de ocupar os seus lugares, as luzes apagam-se e a banda entra na sala. Um forte aplauso é sentido mas é quando Pedro Abrunhosa sobe ao palco que todos aplaudem efusivamente o cantor. Logo desde o início este sentiu-se acarinhado mostrando um completo à-vontade para com o público Famalicense.




"É Difícil” foi o tema escolhido para abrir o concerto. Música conhecida por entre o público, este começou logo a cantar os primeiros versos. Uma certa nostalgia pairava na sala. Cantava-se baixinho mas o suficiente para entoar e chegar ao palco.

Pedro agradece e apresenta a sua banda revelando uma total confiança mesmo destacando-se as diferenças de idade que ele próprio assumiu mais tarde durante o concerto.

“Não Desistas de Mim” foi o próximo tema escolhido. Um tema do seu mais recente trabalho “Longe” e bastante tocado nas rádios nacionais, acabou por ter essas consequências “soltando” a plateia que desta vez cantou alto e forte.

E o ciclo ainda mal tinha começado. “Pontes Entre Nós” foi o tema que se seguiu e mais uma vez do conhecido público que respondia aos apelos do cantor. A vontade de fazer aquilo que faz de melhor era tanta que por esta altura já pairava um completo à-vontade tanto pelo cantor como pelo público. Sempre brincalhão e completamente desinibido, “Entre a Espada e a Parede” e “Não Posso Mais” foram os temas que se seguiram, sendo que este último, mais conhecido do público, foi apresentado com algumas brincadeiras do cantor. Numa versão diferente mas igualmente boa da original, aproveitou o bom momento para puxar pela plateia que assim respondia de igual modo.

De volta a um registo mais calmo, “Pode o Céu Ser Tão Longe” foi o tema tocado “arrefecendo” a plateia desperta com os temas anteriores. Foi também a ponte para uma nova parte do concerto onde o cantor interpretou alguns sucessos e artistas internacionais nos quais se identificava. Com o seu jeito sempre brincalhão tocou “Bridge Over Trouble Water” e o não menos conhecido “Purple Rain” pedindo a quem soubesse que o acompanhasse. Continuando num tom mais pop/rock seguiu-se “Socorro” e “É Preciso Ter Calma”, temas conhecidos do público que mais uma vez respondia ao cantor. “Je T’aime Moi Non Plus” e a célebre “Take a Walk on the Wild Side” revelaram um Pedro seguro não apenas no seu idioma, o Português, mas noutros registos igualmente favoráveis.

E quando ninguém estava à espera o solo de piano faz a introdução ao tema “Se Eu Fosse Um Dia Ao Teu Olhar” imediatamente reconhecido pelo público que aplaudiu fortemente e cantou como se não houvesse amanhã. É um dos sucessos do cantor já tendo sido genérico de algum programas de televisão nos últimos anos em Portugal e todos sabiam a letra. A timidez já não era um obstáculo aqui e Pedro estava bem ciente disso demonstrando-o.

Com a plateia vestida a rigor para esta ocasião, eram visíveis alguns imitadores sobretudo mais pequenos que se identificavam com o seu ídolo. Pedro também o reconheceu e chamou membro do público para cantarem com ele “O Rei do Bairro Alto”. Certamente nunca irão esquecer esse momento em que ficaram a sós diante plateia com o microfone e com a banda a tocar. Todos se riam, não em tom de gozo mas sim em tom de divertimento que realmente se verificava por esta altura.

E o grande sucesso deste seu último álbum não faltou. “Fazer O Que Ainda Não Foi Feito” fez as delícias da noite. Por esta altura já todos estavam de pé e cantavam, saltavam, dançavam e rendiam-se ao magnífico espectáculo que ali estava a acontecer. A banda esforçava-se para contribuir e todos juntos contagiaram o recinto. Pedro despede-se de uma forma muito sentida mas ao mesmo tempo curta fazendo perceber que o concerto não acabara ali.

A plateia pede mais e mais e de facto as luzes não se acendem. Não demora muito até a banda subir novamente ao palco. O cantor visivelmente feliz e talvez um pouco emocionado agradece a todos os que saíram de suas casas num dia de frio para apreciarem música portuguesa.

Num registo mais calmo e triste, ouvem-se o temas “Momento” e “Capitão da Areia” onde o público também visivelmente emocionado interpreta os refrões. Mais nenhum som se fazia naquela sala, de repente todos tinham “paralisado” e nem uma palavra nem uma conversa para ao lado se ouvia. Um enorme contraste para grande parte do concerto que tinha acontecido até ali.

E ainda não tinha acabado, o tema “Ilumina-me” foi outro grande momento da noite. Ao som do piano, Pedro pedia luz da parte do público que respondeu levantando os telemóveis e até isqueiros protagonizando um momento que certamente ninguém irá esquecer. Sempre a dizer “continua luz a mais no palco” este pedia mais e mais da plateia e dizia “iluminem-me” e “iluminem-se”.

O cantor despede-se novamente e abandona o palco sob um grandioso aplauso, talvez o mais forte e sentido da noite e o público começa a abandonar a sala.

E mais uma vez as luzes não se acendem deixando adivinhar que o concerto ainda não terminara. E assim foi, o cantor regressa ao palco e a balada “Tudo O Que Eu Te Dou” aparece como o último tema da noite. Quem já tinha saído, rapidamente se apressa a entrar, junto à porta era visível. Chegou mesmo a dizer “agora eram vocês que não estavam à espera” e com um coro magnífico feito pelo público, todos cantaram em uníssono protagonizando uma experiência a não esquecer para todos os que ali estiveram e certamente para o cantor que viver uma noite intensa e ao mesmo tempo viu reconhecido o seu trabalho.


Agradecimentos:
Casa das Artes de Famalicão


POSTED BY Joana Vieira
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