Confrontos entre manifestantes no Egito


A polícia egípcia entrou novamente em cena na Praça Tahrir, epicentro no Cairo da contestação ao Presidente, ao mesmo tempo que são registadas muitas escaramuças violentas entre os manifestantes que exigem o fim do regime e apoiantes de Hosni Mubarak.

O correspondente da BBC em Tahrir avança: "não é claro quanta violência está a acontecer, mas estão a ser atiradas coisas. Há um enorme potencial de conflito". Ao mesmo tempo, a agência noticiosa britânica Reuters relata que os manifestantes envolvidos nestas escaramuças lançam paus e pedras uns contra os outros, com os objectos a ressaltarem nos veículos armados militares estacionados no local.

Pelo menos dez pessoas ficaram feridas e foram disparadas cargas de gás lacrimogéneo durante os confrontos entre manifestantes. "São brutamontes do Partido Nacional Democrático [no poder]. Eu estava com outros num muro humano e então apareceu um grupo de gente que começou a empurrar-nos e atirar pedras contra nós", descreveu à Reuters um manifestante anti-Mubarak, com a cabeça ensanguentada dos ferimentos sofridos.

Até hoje, os militares tinham conseguido manter os apoiantes de Mubarak fora da praça central, mantendo-os longe daqueles que exigem o fim do regime, mas as linhas parecem ter quebrado esta manhã, com muitas pessoas a passarem pelos militares montados a cavalo e em camelos e empunhando paus e chicotes. A Al-Jazira está a transmitir imagens em directos de várias batalhas de rua em Tahrir.

Testemunhas relatam que milhares de pessoas irromperam pela praça central da capital egípcia, desmontando as barricadas montadas nestes últimos nove dias de protestos contra o chefe de Estado e onde umas 1.500 a 2.000 pessoas tinham permanecido durante a noite. Entre estas multidões estão agentes da polícia sem o uniforme habitual, denunciou a oposição.

Muitos entoavam slogans a favor da continuação de Mubarak no poder – que exerce há 30 anos – e entrando em confronto físico directo com os manifestantes do campo oposto. As agências noticiosas relatavam que o momento era de elevadíssima tensão no terreno.

Esta situação segue-se ao apelo feito pouco antes pelo Exército egípcio para que os manifestantes regressassem a casa, abandonassem os acampamentos improvisados no centro do Cairo e não voltassem a reunir-se em Tahrir, antes regressassem à vida normal – após Mubarak ter ontem prometido que não se recandidata às eleições de Setembro próximo, mas garantido que não se demitirá até lá.

A oposição, avaliando estas concessões “insuficientes”, convocou desde já uma nova marcha para amanhã, o “Dia da partida”, em que os organizadores pretendem repetir a participação de ontem de milhões de pessoas às ruas do Cairo e outras cidades.




Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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