09.10.2011 - Oneida - Passos Manuel, Porto


--- Oneida ---

Passos Manuel, Porto
09.10.2011
Fotografia: Ana Limão
Texto: Ariana Ferreira




De Brooklyn em Nova Iorque para o Brooklyn português, nome pela qual tem sido apelidada a prolífera cidade do Barreiro, os Oneida pisaram pela primeira vez os palcos lusitanos com a actuação no fecho do Out.Fest. A promulgarem as cobranças de ausência rumaram ao Porto, no dia seguinte, para gáudio e entusiasmo de seguidores ansiosos que os têm vindo a acompanhar ao longo de uma carreira de mais de uma década. O auditório do Passos Manuel foi o local privilegiado com este concerto imperdível, ao qual a Whisper Magazine não poderia ter faltado.

Uma discografia extensa de uma banda influenciada pelo rock mais íngreme dos anos 60 e 70, e onde essa mesma crueza se funde com elementos electrónicos acrescentados pelas teclas e sintetizadores, resultante num registo quase inqualificável onde todas as convenções de género são desafiadas, há muito deixava adivinhar uma performance intensa e desassossegada, onde todos esses elementos estivesses bem vincados. Exactamente o que se passou na noite de domingo, como pôde comprovar uma plateia supra atenta, na tentativa de absorver todo o pluralismo de informação musical passado em palco.

Durante aproximadamente hora e meia de actuação para uma inusitada plateia de gente sentada, com poucas mas ainda assim demasiadas e totalmente imerecidas cadeiras vazias, o concerto decorreu como reflexo evolutivo de uma banda que, com o passar dos anos, foi pondo de parte toda e qualquer réstia de convencionalismo melódico, a favor de uma vertente exploratória cada vez mais afincada. Não ficaram de parte as repetições e o improviso a conduzirem à instrumentalidade prolongada que lhes é característica, nem a guitarra nas ingressões psicadélicas ora decisivas ora mais discretas de Showtime. Do lado direito do palco reinava um caos maior, com a bateria de Kid Millions a marcar ritmo agressivamente, e a incorporar-se nos sons provindos do teclado de Bobby Matador que, inquieto, calcava as teclas de forma algo neurótica. Um pano de fundo de uma espécie de desconstrutivismo musical onde, desde início, as palavras, relegadas para segundo plano, foram emergindo furiosas. Tendo como desculpa a boa acústica da sala, como ressalvou Matador, surgiu a oportunidade para testar “Steep Formations”, Lp duplo ainda por finalizar. A julgar pela amostra, os Oneida deverão prosseguir pela tradição minimalista pela qual enveredaram em “Absolut II”, mais lenta e menos ritmada.

Para terminar, partindo da estranheza que terá causado à banda actuarem pela primeira vez para uma audiência sentada, e no mesmo tom de sarcasmo de que fez mote durante as intervenções ao longo do concerto, Bobby Matador anunciou Up With People, uma canção sobre “getting up”.

Assim quase foi fechada a actuação, à qual se seguiu um encore de difícil escolha, onde os Oneida prometeram e cumpriram mais um pouco de improviso.









Promotora:
Amplificasom

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