17.03.12 - Wraygunn - Lux, Lisboa

-- Wraygunn --
Lux, Lisboa (17.03.2012)
Fotografia: Rodrigo Vargas | Texto: Filipa Leite Rosa



O disco chama-se L’Art Brut, mas bruta mesmo é a festa que, sem falha, os Wraygunn proporcionam em cada concerto. E após 5 anos de espera, 5 anos de seca, no último dia 17 à noite, deu-se a catarse, numa tempestade de fumo no Lux Frágil.

O concerto marcou a estreia do novo trabalho que ainda passou por poucos ouvidos. E há-de ter sido esse o motivo pelo qual o Paulo Furtado se queixou da vergonha do público. Não era vergonha, Paulo, era atenção, muita atenção para absorver estas novas sonoridades que os Wraygunn criaram para nós.

L’Art Brut é um disco menos explosivo, mais soturno e duro que os anteriores, no entanto, não há dúvida que é um trabalho de Wraygunn, numa versão literalmente mais bruta. E para não fugir ao adjectivo, foi à bruta que este novo trabalho nos foi dado a conhecer, tocado a eito nessa noite. E o espectáculo iniciou-se precisamente com o tema que abre o disco, “Tales of Love”, contadas e cantadas por um Paulo Furtado completamente entregue àquele momento de partilha.

Um dos motivos pelos quais o silêncio durou 5 anos foi o sucesso do último trabalho a solo de Furtado, que condicionou tanto a criação como a gravação deste novo L’Art Brut. No entanto, há que reconhecer, e com muito agrado, que este músico não descuida nenhum projecto e o envolvimento é sempre total. Mas o mesmo se pode dizer dos outros membros da banda. Não é demais repetir: se há coisa que os Wraygunn sabem fazer, para além de criar música, é dar espectáculo. São de facto incansáveis em palco e a energia que pareceu (e nem tudo o que parece é) ter faltado ao público, estava toda ali concentrada, num grupo de sete músicos mais um, já que a Selma trazia na sua gigante barriga um ouvinte que não pagou entrada.

O segundo tema foi o single “Don’t You Wanna Dance?” mas apesar de ser, por isso mesmo, a canção mais conhecida, a força surpreendente de “I Bet All On You” e “I’m For Real” corresponderam (pelo menos até ao primeiro encore) aos momentos mais intensos da noite, como os há sempre. Terminado o novo reportório dá-se a falsa e também usual despedida. Claro que os Wraygunn iriam retornar ao palco para presentear os fãs com alguns temas mais velhinhos, para matar saudades. “Soul City” e “Drunk Or Stoned” destronaram os anteriores temas como os “momentos altos da noite”, mas também foram só os aperitivos para o grande final com “All Night Long”. Os concertos de Wraygunn são sempre uma explosão em crescendo e o último sábado não foi diferente. Depois de uma noite longa como aquela (passo o trocadilho), Furtado, já sem casaco e sem camisa, junta-se ao seu público (como não podia deixar de ser) e leva-lhe um microfone para juntos e lado a lado repetirem e repetirem e repetirem “Love that Woman!!!”

O concerto termina assim, com aquela ordem cantada em conjunto, mas que terá sido difícil de cumprir, uma vez que a mente de todos o que deixaram o Lux naquela noite estava completamente ocupada pela música de Wraygunn, não havia espaço para amar mais nada.

- Alinhamento -
Tales of Love
Don’t You Wanna Dance?
Kerosene Honey
Strolling Round My hometown
That Cigarette Keeps Burning
I Bet it All on You
My Secret Love
I Fear What’s In Here
Track You Down
I Wanna Go (Where the Grass is Green)
I’m For Real
Cheree

POSTED BY Whisper
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