24 suicídios na France Telecom em 18 meses
Ontem suicidou-se mais um funcionário da France Telecom. Nos últimos 18 meses, houve 24 suicídios de funcionários da empresa em França.
Um funcionário da France Telecom atirou-se ontem de um viaduto, depois de escrever uma carta denunciando o clima profissional vivido no seio da gigante das telecomunicações francesa France Telecom. Esta morte aumenta para 24 o número de suicídios de empregados da empresa nos últimos 18 meses.
O empregado trabalhava numa central de chamadas da France Telecom em Annecy (centro-este de França). Casado e pai de dois filhos, o homem de 51 anos deixou dentro do carro uma carta dirigida à sua mulher, “evocando o sofrimento vivido no contexto profissional”, precisou à AFP o procurador Philippe Drouet.
A mulher do suicida explicou aos investigadores que “o seu marido se encontrava muito depressivo há vários meses”, acrescentou Drouet.
Desde Fevereiro de 2008 que tem havido uma vaga de suicídios na France Telecom, uma maré negra que provocou reacções emotivas na empresa e motivou a intervenção do Estado, accionista principal da empresa.
Os sindicatos reagiram com indignação ao mais recente suicídio de um quadro da empresa, denunciando as condições de trabalho na central telefónica de Annecy.
Segundo o sindicato SUD-Solidaires, o funcionário que se suicidou tinha sido transferido recentemente e “não se sentia bem” no seu novo serviço, “do qual se libertou”.
"É aterrorizante. Ele trabalhava numa secção conhecida há muito tempo por ser insuportável, havia uma verdadeira indiferença, nenhum calor humano, não se falava senão de números, os empregados eram carne para canhão”, reagiu Patrice Diochet, do sindicato CFTC.
O presidente da empresa, Didier Lombard, foi “imediatamente” ao local de trabalho do funcionário que se suicidou. O ministro do Trabalho, Xavier Darcos, pediu a Lombard que acelerasse as “negociações para a prevenção dos riscos psicossociais” no seio da empresa.
A meio de Setembro, pressionado pelo governo francês, o presidente da France Telecom tinha prometido mudar certos métodos de gestão, coordenado-se com os sindicatos para travar a “espiral infernal” de suicídios.
Fonte: DN