Como vai governar Angela Merkel?
O que acontecerá se a chanceler Angela Merkel se libertar da grande coligação que a agrilhoa? Irá mostrar-se uma reformadora liberal num governo com o FDP? Irá ainda assim manter-se mais no centro? Ou voltará a Alemanha a ter uma grande coligação com as chamadas políticas de denominador comum entre a CDU e o SPD?
Estas são as principais questões em cima da mesa quando os alemães votarem hoje. Apesar de desapontados com a campanha - queixam-se de que não houve debate de ideias - muitos têm consciência de que com a crise económica o voto tem importância.
A campanha está a ser feita entre os que são e não são a favor de uma coligação entre a União Democrata Cristã, CDU (e o seu partido gémeo da Baviera, a CSU) e os liberais do FDP.
Mas, a favor ou contra, ninguém sabe ainda o que a coligação poderia trazer: "os liberais vêem-se como os libertadores de Merkel", nota Constanze Stelzenmueller, do German Marshall Fund. "É difícil prever para onde isto vai. Algumas pessoas pensam que as convicções de Merkel são mais fortes do que as do líder liberal, Guido Westerwelle. Mas a questão é o que resta das convicções de Merkel depois de quatro anos a governar numa grande coligação".
"É difícil saber o que quer Merkel", concorda Jan Techau, analista do German Council on Foreign Relations. "Há quatro anos fez uma grande campanha pela reforma e isso quase lhe custou a vitória. E aprendeu a lição. As pessoas acham que então era a verdadeira Angela. Mas não sabemos."
Ao manter-se longe de debates, a chanceler protegeu-se, sublinha Constanze Stelzenmueller. "Com o seu estilo presidencial, fugiu de debates que iriam obrigá-la a escolher amigos e ganhar inimigos. Resultou no curto prazo, mas pode vir a revelar-se muito difícil a médio prazo." Um exemplo: "em relação ao Afeganistão, comentadores notaram que o debate depois do incidente de Kunduz foi o primeiro debate que este Governo fez".
Tudo é possível
"A chanceler tinha uma maioria muito confortável que foi sofrendo uma erosão", sublinha Stelzenmueller, "e agora tudo é possível: uma grande coligação, seria possível numericamente uma coligação a três, que todos excluíram [os liberais dizem que não se juntariam ao SPD e Verdes; o SPD diz que não se juntaria ao Die Linke] e é possível que haja negociações prolongadas sem resultado claro".
Independentemente de quem vença, "teremos um grande debate sobre que tipo de Segurança Social podemos manter - um terço do orçamento vai para transacções da Segurança Social, o que é totalmente espantoso e insustentável", sublinha Techau. "Portanto vai ser preciso cortar, e isso vai enfurecer os sindicatos, vai haver manifestações, talvez quem sabe até agitação social." Por isso, o analista diz que seria preferível uma grande coligação. "Há duas coisas que se perdoa à esquerda, e não à direita - ir para a guerra e cortar nas prestações sociais."
Depois das eleições o partido a observar é o SPD, no governo ou na oposição. "Mesmo que os sociais-democratas consigam ficar no Governo, Steinmeier não deverá aguentar quatro anos", diz Techau. "Vai ser interessante ver a nova geração." O partido terá, por outro lado, "de tentar reaproximar-se da ala esquerda, sem perder demasiados votos ao centro".
Enquanto os analistas debatem, os comentadores se queixam e os alemães decidem, os humoristas aproveitam - na Net já foi colocado o vídeo Steini Steini,em que uma jovem - uma espécie de Obamagirl- suspira por Steinmeier; na rádio, no programaSupermerkel, uma imitadora da chanceler cantava uma versão do êxito de Lady Gaga, Pokerface ("eu não faço nada, eu não digo nada/eu mostro a minha supercoolcara de póquer").
Fonte: Público
Estas são as principais questões em cima da mesa quando os alemães votarem hoje. Apesar de desapontados com a campanha - queixam-se de que não houve debate de ideias - muitos têm consciência de que com a crise económica o voto tem importância.
A campanha está a ser feita entre os que são e não são a favor de uma coligação entre a União Democrata Cristã, CDU (e o seu partido gémeo da Baviera, a CSU) e os liberais do FDP.
Mas, a favor ou contra, ninguém sabe ainda o que a coligação poderia trazer: "os liberais vêem-se como os libertadores de Merkel", nota Constanze Stelzenmueller, do German Marshall Fund. "É difícil prever para onde isto vai. Algumas pessoas pensam que as convicções de Merkel são mais fortes do que as do líder liberal, Guido Westerwelle. Mas a questão é o que resta das convicções de Merkel depois de quatro anos a governar numa grande coligação".
"É difícil saber o que quer Merkel", concorda Jan Techau, analista do German Council on Foreign Relations. "Há quatro anos fez uma grande campanha pela reforma e isso quase lhe custou a vitória. E aprendeu a lição. As pessoas acham que então era a verdadeira Angela. Mas não sabemos."
Ao manter-se longe de debates, a chanceler protegeu-se, sublinha Constanze Stelzenmueller. "Com o seu estilo presidencial, fugiu de debates que iriam obrigá-la a escolher amigos e ganhar inimigos. Resultou no curto prazo, mas pode vir a revelar-se muito difícil a médio prazo." Um exemplo: "em relação ao Afeganistão, comentadores notaram que o debate depois do incidente de Kunduz foi o primeiro debate que este Governo fez".
Tudo é possível
"A chanceler tinha uma maioria muito confortável que foi sofrendo uma erosão", sublinha Stelzenmueller, "e agora tudo é possível: uma grande coligação, seria possível numericamente uma coligação a três, que todos excluíram [os liberais dizem que não se juntariam ao SPD e Verdes; o SPD diz que não se juntaria ao Die Linke] e é possível que haja negociações prolongadas sem resultado claro".
Independentemente de quem vença, "teremos um grande debate sobre que tipo de Segurança Social podemos manter - um terço do orçamento vai para transacções da Segurança Social, o que é totalmente espantoso e insustentável", sublinha Techau. "Portanto vai ser preciso cortar, e isso vai enfurecer os sindicatos, vai haver manifestações, talvez quem sabe até agitação social." Por isso, o analista diz que seria preferível uma grande coligação. "Há duas coisas que se perdoa à esquerda, e não à direita - ir para a guerra e cortar nas prestações sociais."
Depois das eleições o partido a observar é o SPD, no governo ou na oposição. "Mesmo que os sociais-democratas consigam ficar no Governo, Steinmeier não deverá aguentar quatro anos", diz Techau. "Vai ser interessante ver a nova geração." O partido terá, por outro lado, "de tentar reaproximar-se da ala esquerda, sem perder demasiados votos ao centro".
Enquanto os analistas debatem, os comentadores se queixam e os alemães decidem, os humoristas aproveitam - na Net já foi colocado o vídeo Steini Steini,em que uma jovem - uma espécie de Obamagirl- suspira por Steinmeier; na rádio, no programaSupermerkel, uma imitadora da chanceler cantava uma versão do êxito de Lady Gaga, Pokerface ("eu não faço nada, eu não digo nada/eu mostro a minha supercoolcara de póquer").
Fonte: Público