Marcelo volta a ser hipótese
A Comissão Política Nacional reúne hoje, terça-feira, para discutir a derrota de domingo. Ferreira Leite mantém-se no cargo, Passos Coelho aguarda pelo Conselho Nacional pós-autárquicas e Rebelo de Sousa já começou a ser pressionado para avançar.
Isto escrito assim parece já ter sido dito várias vezes, mas Marcelo Rebelo de Sousa pode avançar com uma candidatura a líder do PSD. "Há um ano que eu andava a dizer que a senhora ia perder as eleições. Se o professor Rebelo de Sousa tivesse sido candidato no lugar dela, o PSD teria ganho e hoje ele estaria a ser indigitado primeiro-ministro", afirma Mira Amaral ao JN.
O antigo ministro do cavaquismo acredita que o regresso do ex-líder pode ser uma solução, mas acrescenta mais dois nomes: Rui Rio e Pedro Passos Coelho. Manuela Ferreira Leite "é que nem pensar: conseguiu o milagre de dar a vitória ao PS", conclui.
Para que possa voltar a escrever-se que Marcelo Rebelo de Sousa pode ser candidato a líder do PSD, é preciso que Manuela Ferreira Leite tome a decisão de abandonar o cargo voluntariamente. "A líder do partido estava absolutamente convicta de que o PSD venceria. É preciso digerir esta derrota significativa e só depois pensar no ciclo pós-eleições autárquicas", afirma um dirigente nacional social-democrata. "É claro que o professor Rebelo de Sousa será sempre um nome a ter em conta, caso haja uma demissão", acrescenta. "Temos é de esperar pelo fim de ciclo".
As duas maiores distritais do PSD coincidem na interpretação de que a derrota pode constituir uma oportunidade de renovação. Marco António Costa deixou claro na noite eleitoral que "o PSD deve fazer um corte geracional nas suas elites dirigentes e fechar a página do cavaquismo". Segundo o líder da distrital do Porto, é necessário que o partido se "liberte de todas as suas reminiscências e influências". Não cita nomes, mas já confessou o desejo de ser ele próprio protagonismo de uma "ruptura geracional".
Carlos Carreiras concorda com o diagnóstico, mas diverge nessa terapia unipessoal. O líder do PSD de Lisboa apoia Passos Coelho, mas, adverte, "em primeiro lugar é urgente fazer uma reflexão e só depois tomar decisões sobre a liderança".
Pedro Passos Coelho esteve no final da tarde de ontem na inauguração da sede de candidatura de Celso Ferreira, em Paredes. Recusou discutir a liderança, alegando que nunca pediu a demissão de nenhum líder e, sobretudo, neste momento, "a última coisa que o PSD precisa é de abrir uma crise interna durante um período eleitoral". No entanto, advertiu que "não se poder fazer de conta" que não houve uma derrota eleitoral.
Passos Coelho acrescentou que os eleitores e militantes do PSD esperam "uma esperança nova", concluindo: "Todos nos sentimos derrotados com esta eleição e o PSD vai tirar consequências no futuro, mas com elevação e respeito por todas as pessoas que estiveram envolvidas nestas eleições", assegurou.
Fonte: JN