Muñoz Rojas morreu aos 99 anos
José Antonio Muñoz Rojas, um dos poetas espanhóis da chamada "geração de 36", morreu ontem na sua cidade natal de Antequera, na província de Málaga, a poucos dias de celebrar o seu centésimo aniversário, a 9 de Outubro. Pela atenção que, em verso e prosa, sempre deu às coisas pequenas e simples da vida, ficou conhecido como "poeta do quotidiano", um rótulo que pode ser enganador, já que pouco aproxima Muñoz Rojas dessa poesia espanhola contemporânea muito centrada em vivências do quotidiano citadino, a que os espanhóis chamam "poesia da experiência".
Na sua longa vida, o poeta acompanhou as sucessivas correntes da poesia espanhola do século XX, que foram influenciando a sua própria evolução, mas sem comprometer uma voz que se manteve sempre fiel às suas raízes andaluzas. O seu percurso como poeta, iniciado em 1929 comVersos del Retorno, talvez possa ser aproximado do do português Eugénio de Andrade: pela fortíssima presença do mundo natural, pelo investimento na musicalidade e na perfeição formal, e até pelo modo como, em ambos, o tempo vai trazendo sombras e amarguras a uma lírica essencialmente solar.
Muñoz Rojas foi também um excelente prosador, e há mesmo quem defenda que as suas obras maiores são os livros dos anos 50 em que evoca a Antequera da sua infância, como Las Cosas del CampoouLas Musarañas.
Amigo de poetas como Leopoldo Panero, com quem fundou aNueva Revista, Miguel Hernández, Vicente Aleixandre ou Luís Cernuda, Muñoz Rojas estudou Direito, mas foi durante alguns anos leitor de Espanhol na Universidade de Cambridge, onde apresentou uma tese em Literatura Comparada. Regressado ao país em 1947, foi vivendo entre Madrid - onde se empregou no Banco Urquijo - e Antequera, onde ontem morreu.
Apesar da sua idade avançada, Muñoz Rojas surpreendera os meios literários espanhóis com um regresso em força nos anos 90, publicando, entre outros, os livros de memóriasLa Gran MusarañaeAmigos y Maestros, e ainda um novo livro de poemas,Los Objectos Perdidos- fecho da trilogia iniciada comArdiente Ginete(1934) eCantos a la Rosa(1955) -, que lhe valeu, em 1998, o Prémio Nacional de Poesia atribuído pelo Ministério da Cultura Espanhol.
Fonte: Público
Na sua longa vida, o poeta acompanhou as sucessivas correntes da poesia espanhola do século XX, que foram influenciando a sua própria evolução, mas sem comprometer uma voz que se manteve sempre fiel às suas raízes andaluzas. O seu percurso como poeta, iniciado em 1929 comVersos del Retorno, talvez possa ser aproximado do do português Eugénio de Andrade: pela fortíssima presença do mundo natural, pelo investimento na musicalidade e na perfeição formal, e até pelo modo como, em ambos, o tempo vai trazendo sombras e amarguras a uma lírica essencialmente solar.
Muñoz Rojas foi também um excelente prosador, e há mesmo quem defenda que as suas obras maiores são os livros dos anos 50 em que evoca a Antequera da sua infância, como Las Cosas del CampoouLas Musarañas.
Amigo de poetas como Leopoldo Panero, com quem fundou aNueva Revista, Miguel Hernández, Vicente Aleixandre ou Luís Cernuda, Muñoz Rojas estudou Direito, mas foi durante alguns anos leitor de Espanhol na Universidade de Cambridge, onde apresentou uma tese em Literatura Comparada. Regressado ao país em 1947, foi vivendo entre Madrid - onde se empregou no Banco Urquijo - e Antequera, onde ontem morreu.
Apesar da sua idade avançada, Muñoz Rojas surpreendera os meios literários espanhóis com um regresso em força nos anos 90, publicando, entre outros, os livros de memóriasLa Gran MusarañaeAmigos y Maestros, e ainda um novo livro de poemas,Los Objectos Perdidos- fecho da trilogia iniciada comArdiente Ginete(1934) eCantos a la Rosa(1955) -, que lhe valeu, em 1998, o Prémio Nacional de Poesia atribuído pelo Ministério da Cultura Espanhol.
Fonte: Público