Controvérsia no Texas por execução de possível inocente


O governador do Texas destituiu três membros de um grupo de investigação que queria provar que, há cinco anos, aquele estado norte-americano aplicou a pena de morte a um homem inocente de ter morto as três filhas.


A comprovar-se a inocência de Todd Willingham, que foi executado em 2004 sob a acusação de, em 1991, ter incendiado a casa causando a morte das suas três filhas, este seria um duro golpe para o Estado norte-americano que aplica com maior inclemência a pena de morte, restabelecida no país em 1976.


De acordo com o Centro de Informação da Pena de Morte, desde então foram executados 1.175 condenados, 441 deles no Texas.


Segundo disse um dos destituídos da Comissão de Ciência Forense do Texas à cadeia televisiva CNN, o governador do Texas, Rick Perry, deu a ordem dois dias antes da data em que um dos membros do grupo devia apresentar um relatório sobre a execução de Todd Willingham.


Para detractores da pena de morte citados pela CNN, a revisão independente do caso poderia chegar à conclusão de que foi aplicada a pena capital a um inocente, até porque há três relatórios a dizer que o incêndio da casa pode não ter sido intencional.


Alan Levy, um dos membros da comissão, declarou à CNN que o grupo estava "num ponto crucial" da investigação quando soube da decisão do governador de destituir o grupo.


Também Craig Beyler, um dos peritos contratados pela comissão, afirmou que a conclusão de que Todd Willingham provocou o incêndio não tem sustentação à luz da ciência moderna.


Beyler acusou ainda o funcionário dos bombeiros que testemunhou contra o condenado de ter tido, em tribunal, uma atitude de "místico" e não de alguém que devia reger-se por normas científicas.


Por seu lado, Barry Scheck, fundador do "Projecto Inocência" que ajuda quem acredita ter sido injustamente condenado à pena máxima, a decisão do governador assemelha-se à do ex-presidente Richard Nixon, que tentou destituir a equipa que investigava o caso Watergate, que levaria à sua renúncia em 1974.


De acordo com Scott Bobb, presidente do grupo Moratória do Texas, que luta contra a aplicação daquela punição, o governador do Texas terá dito que a Comissão de Ciência Forense avançava numa direcção que não era aquela que ele desejava.


Vários detractores da pena de morte têm afirmado que aquela é aplicada de forma racista e, em muitos casos, a pessoas sem recursos para contar com uma defesa legal competente.


A pena capital é aplicada em 38 dos 50 estados dos Estados Unidos, tendo o Novo México sido o último a abolir este castigo, por o governador Bill Richardson ter dito que não poderia viver com a sua consciência, se um dia viesse a concluir-se que, sob a sua administração, havia sido executado um inocente.


Quando, em 1976, a pena de morte foi restaurada nos EUA, 80 por cento da população apoiava a medida mas, de acordo com sondagens mais recentes, esse apoio reduziu-se para 60 por cento.



Fonte: JN

POSTED BY Mari
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