Irlanda assume vitória do "sim" ao Tratado de Lisboa


Os boletins só começaram a ser separados e contados às 9h00, mas os resultados provisórios de todas as regiões da Irlanda não parecem deixar margem para dúvidas: o “sim” ao Tratado de Lisboa, chumbado pelos irlandeses num primeiro referendo, o ano passado, lidera com clara vantagem. O Governo já assumiu a vitória e alguns dos principais rostos da campanha do “não” já reconheceram a derrota.

O primeiro-ministro, Brian Cowen, que descreveu este voto como ““um dos mais importantes da história recente da Irlanda”, ainda não comentou os resultados provisórios, mas o seu ministro dos Negócios Estrangeiros já o fez. “Estou encantando pelo país. Parece uma vitória convincente do lado do ‘sim’ desta vez”, disse à rádio nacional Michael Martin.

A rádio pública RTE já tinha anunciado que as primeiras indicações dos centros de contagem davam vantagem ao “sim”. Em seis círculos de Dublin - e é aí que se concentram os eleitores e tudo se decide - essa vantagem é “decisiva”, avança o site do diário “Irish Times”. E a liderança será ainda maior em cidades como Galway, onde terá chegado aos 63 por cento.

O mesmo acontece em Cork, onde em alguns círculos o “não” de 12 de Junho de 2008 foi de 64 por cento: a nível nacional, o Tratado de Lisboa foi então rejeitado por 53,4 por cento dos eleitores. No voto de ontem, cerca de 50 por cento dos 3,1 milhões de irlandeses foram às urnas.

“Esta é uma vitória muito convincente”, reconheceu Declan Ganley, o empresário fundador do partido Libertas que se opõe ao Tratado Europeu e cuja campanha os analistas consideraram fundamental no chumbo de há 16 meses. Ganley acusa o Governo e o resto da campanha do “sim” - todos os partidos da oposição com excepção do Sinn Fein, mas também movimentos pró-vida como o Coir e algumas das maiores empresas do país - de ter jogado com os medos dos eleitores, afirmando que só o “sim” trataria empregos e recuperação a um país mergulhado na recessão.

“Parece um voto no ‘sim’. Estamos muito desapontados pela voz do povo não ter sido ouvida da primeira vez”, disse também Richard Greene, o porta-voz do movimento Coir (Justiça, em inglês), que defendeu o “não” em nome da protecção do salário mínimo irlandês, da Constituição do país ou sustentando que a Irlanda poderia ter de aprovar o aborto no futuro se Lisboa entrar em vigor.

Greene, tal como Ganley, tem estado a acompanhar a contagem na Royal Dublin Society, onde habitualmente se reúnem e contam os boletins de todos os eleitores da capital. Daí e do resto do país, os resultados seguem para o castelo da cidade, onde serão oficialmente anunciados às 17h30.



Fonte: Público

POSTED BY Joana Vieira
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