José Saramago lança "Caim" em Outubro
"Saramago escreveu outro livro", anuncia Pilar del Río no blogue da fundação que ostenta o nome do autor. "Caim", romance não muito extenso, chega às livrarias portuguesas em Outubro e "não é um tratado de Teologia".
Em menos de um ano, é o terceiro livro dado à estampa por José Saramago. Depois de "A viagem do elefante", editado em Novembro de 2008, e de "O caderno", publicado em Abril último, "Caim" está prestes a chegar ao mercado nacional, sob a chancela da Editorial Caminho, que confirmou ao JN o lançamento da obra em Outubro.
Dirigindo-se aos leitores do Nobel português da Literatura como "Caros amigos", a companheira de Saramago anuncia o livro numa longa mensagem, em que começa por dizer que, além da personagem bíblica que dá título à obra, são protagonistas principais Deus e a Humanidade, "nas suas diferentes expressões". Este romance, pelas suas palavras, é "literatura em estado puro".
Sublinhando que o novo livro "não é um tratado de Teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas", Pilar afirma que se trata de uma ficção em que José Saramago "põe à prova" a sua capacidade narrativa. "Escreveu um livro que não nos vai deixar indiferentes, que provocará nos leitores desconcerto e talvez alguma angústia. Porém, amigos, a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga", pode ler-se na mensagem.
Pilar del Río prevê já muitas conversas em torno do romance. "Aposto que quando o terminardes (...), soltareis um 'uff' que vos sairá da alma, e então uma boa reflexão pessoal começará, a que mais tarde se seguirão conversas, discussões, posicionamentos e, em muitos casos, cartas dizendo que essas ideais andavam a pedir forma, que já era hora de que o escritor se pusesse ao trabalho, e graças lhe damos por fazê-lo com tão admiráveis resultados", diz.
Na mensagem deixada no blogue, é ainda referido que, tal como sucedeu em escritos anteriores - de que "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991) é exemplo -, "o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milénios, em todas as culturas e civilizações, foi considerado intocável e não nomeável". Pilar refere-se à divindade e às normas em torno dessa figura que os homens estabelecem para exigir "uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus".
A mulher de José Saramago diz ainda que o romance "Caim" não é muito extenso nem poderia sê- -lo, pois obrigaria o leitor a uma dose de fôlego superior à que já vai precisar de ter para lê-lo conforme está. Anuncia-se, assim, mais uma obra que prende da primeira à última página, escrita "sem medos nem respeitos excessivos". Desta vez, partindo daquele que, segundo o Antigo Testamento, foi o primeiro filho de Adão e Eva.
Desejando felicidades aos leitores, Pilar del Río fecha a mensagem desta forma: "Não podemos pedir mais, o nosso homem cumpriu, e de que maneira. A idade, amigos, aguça a inteligência e agiliza a capacidade de trabalho. Que sorte a nossa, leitores, de ter quem nos escreva".
Fonte: JN